As dicas de lideranças para construir uma carreira em Operações e Supply Chain

Dois homens e duas mulheres, todos brancos, lideranças da área de operações supply chain em suas respectivas empresas, estão sentados em cadeiras olhando atentamente uns aos outros durante um painel do evento Na Prática Gestão e Inovação.

Você já parou para pensar no que acontece desde o momento em que você clica em “comprar” até o produto chegar à sua casa? Ou como as empresas conseguem entregar comida, roupas e medicamentos diariamente na porta de milhões de pessoas? Por trás dessa complexa operação, existem diversas “engrenagens” essenciais: as áreas de Operações, Supply Chain, Business Development e Indústria.

No painel “Como construir uma carreiras em Operações, Supply Chain e Indústria da Conferência Gestão e Inovação do Na Prática, três especialistas – Gustavo Queiroz, Head de Ops Marketplace & Novos Negócios do iFood; Leila Carcagnoli, Líder de Categoria-Fashion da Shopee; e Leonardo Carvalho, Gerente Executivo de Planejamento de Produção e Demanda, da Nestlé – compartilharam suas trajetórias e dividiram insights valiosos sobre como construir uma carreira de sucesso nessas áreas.

Diversidade de trajetórias

As jornadas profissionais de Leila, Gustavo e Leonardo são bem diferentes, mas têm um ponto em comum na busca por impacto e dinamismo.

Leila, formada em medicina veterinária, viu na ascensão do e-commerce uma chance de trabalhar com inovação real. Depois de passar ser vendedora de medicamentos e rações para pets, percebeu que gostava do desenvolvimento de negócios, independentemente da área.

Depois de alguns anos na indústria veterinária, buscou algo mais disruptivo e inovador em outros mercados, o que a levou ao e-commerce, área em que está trabalhando há cerca de 15 anos. “Ver e poder colocar uma ideia disruptiva ser colocada em prática e dar certo é o que me motiva até hoje”, contou.

Já Gustavo começou no mercado financeiro, mas logo percebeu que seu desejo era ver o impacto do trabalho na vida cotidiana das pessoas. Encontrou essa conexão ao ingressar no varejo e, depois, no iFood. “Na área de operações, a gente garante que o produto que o cliente comprou nas categorias de farmácia, mercado e pet shops, que são as áreas que eu cuido, vai chegar na casa dele”, explicou.

Leonardo, engenheiro de produção, vê sua área na Nestlé como um “maestro” que organiza toda a produção, sem estar em contato com os outros setores diretamente. “Somos uma área que nunca vai ser vista pelo consumidor final, ninguém nunca nem vai lembrar da gente. Ou eles podem pensar na gente quando tiver faltando um produto na prateleira do mercado”, ele disse.

Para Leonardo, a área de planejamento da Nestlé, que está inserida dentro da estrutura de Supply Chain, tem a missão de “orquestrar todo o planejamento, distribuição e demanda”, definindo o que deve ser feito e acompanhar para garantir a execução perfeita, assegurando que o produto esteja disponível para o consumidor final.

Saiba mais: Linha de produção x Cadeia de suprimentos: a rotina em operações

Criação de hábitos e planejamento de demandas 

A rotina desses profissionais é marcada por desafios constantes e a necessidade de tomadas de decisão rápidas. No iFood, o objetivo é criar hábitos de consumo. “Acho que a gente criou muito bem um hábito de pedir comida pelo pelo aplicativo e hoje a área de operações se concentra na criação de hábito de pedir produtos do supermercado, farmácia, petshop e todas as outras áreas que estão disponíveis no aplicativo”, comentou Gustavo.

O economista enfrenta o dilema de prever o sortimento, ou seja, a seleção dos produtos oferecidos no aplicativo, para garantir a experiência do cliente e decidir o tamanho do risco a tomar para evitar, por exemplo, a falta de um ingrediente crucial em uma compra. A área de operações é um “fio condutor único” com a logística, buscando sempre reduzir o tempo de cada etapa para impactar o tempo prometido ao cliente.

Na Nestlé, Leonardo compartilhou o quão antecipado é o planejamento — a próxima Páscoa já começa a ser pensada assim que a atual termina. Mas imprevistos surgem, como a viralização do bombom Caribe, que exigiu rápida mobilização para atender a nova demanda. “Planejamento é importante, mas flexibilidade é vital. Se eu tiver R$ 1, invisto na flexibilidade, porque sei que o planejamento eu vou errar em algum momento”, disse.

Já na Shopee, Leila e sua equipe interagem com mais de 3 milhões de vendedores. O desafio é gerenciar os maiores vendedores, oferecendo insights de mercado (tendências), auxiliando na operação (estoque, separação de pedidos) e na negociação comercial. “Olhamos para um vendedor da área de moda e auxiliamos nas tendências da temporada, quais os tipos de produto, cores, se ele vai fabricar, revender ou importar, por exemplo”, comentou ela, durante o painel.

Leia também: Saiba qual é o perfil esperado de um profissional de operações

Tendências, habilidades e conselhos para o futuro

Ao abordar o futuro da área, os painelistas foram unânimes: tendências como ESG e Inteligência Artificial já fazem parte da operação. O iFood, por exemplo, tem uma vice-presidência dedicada a impacto social e já investe em eletrificação da frota e possui entregadores formados pelo EJA (Educação de Jovens e Adultos). A Nestlé também tem uma estrutura dedicada ao ESG, com objetivos que incluem o custo monetário, trabalhando na evolução de suas frotas para veículos com menos emissão de CO2. Leila reforçou que ter uma área específica para ESG com metas em conjunto é crucial e que o espaço para a sustentabilidade só vai aumentar.

A inteligência artificial também marca presença. O iFood opera com mais de 150 modelos ativos de IA — para prevenir fraudes e prever demanda — e desenvolveu uma tecnologia própria para uso interno. Na Shopee, a IA ajuda a sintetizar dados de mercado para os gerentes de relacionamento com vendedores. E mesmo a Nestlé, com uma estrutura mais robusta, investe em transformação digital com autonomia para times locais.

Por fim, os conselhos aos jovens que desejam construir carreira no setor foram claros. Gustavo defendeu a curiosidade e o espírito de resolver problemas. Leila reforçou a importância de pensamento estratégico, resiliência e relacionamento interpessoal. “Comunicação é essencial. E lembre-se: a carreira é uma maratona, não uma corrida de cem metros. Não terceirize sua trajetória. Tenha clareza sobre o que você quer e onde pode contribuir”, destacou Leonardo.

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