Chefes da Geração Z: o que muda quando o líder tem 25 anos?

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Redação Na Prática

Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 12:00h.

A entrada da geração Z no mercado de trabalho já nem é mais novidade. Agora, precisamos falar sobre ascensão deste grupo, cujo ingresso marcou o início de uma transformação profunda na forma como as organizações entendem liderança, carreira e propósito.

Nascidos em um mundo hiperconectado e impactado por rápidas mudanças sociais, econômicas e tecnológicas, esses jovens profissionais começam a ocupar posições estratégicas e a influenciar diretamente a cultura corporativa.

O crescimento deste segmento revela novos valores, expectativas e modelos de gestão que desafiam estruturas tradicionais e direcionam claramente para o futuro do trabalho. Afinal, o que caracteriza um chefe da geração Z (além da idade, pé claro)? Entenda a seguir!

Quem são os chefes da Geração Z?

Já inseridos no mercado de trabalho, os jovens nascidos entre 1997 e 2010 agora começam a ascender na carreira — e com ambição. Segundo o Índice de Confiança do Trabalhador do LinkedIn, 58% dos profissionais da geração Z brasileira afirmam querer se tornar líderes nos próximos anos.

Esse número revela um movimento de maturidade: após anos sendo vistos como aprendizes digitais ou profissionais em formação, os “Zs” estão assumindo posições estratégicas. Eles chegam com novas prioridades, novas ferramentas e uma visão de mundo moldada por crises, tecnologia e propósito.

Em abril de 2025, a geração Z alcançou um marco global: 1 em cada 10 gestores no mundo já pertence a essa geração, segundo o relatório Glassdoor Worklife Trends 2025 . Ou seja, a cada dez líderes, um nasceu depois de 1997.

Esse avanço era esperado demograficamente, mas o modo como ele ocorre é o que chama atenção: em vez de romper totalmente com o passado, a Geração Z está redefinindo o conceito de liderança com foco em empatia, flexibilidade e bem-estar.

O que define o líder da Geração Z

A Geração Z cresceu em um contexto de hiperconectividade, mudanças climáticas, economia instável e transformações sociais profundas. Por isso, seus valores profissionais estão diretamente ligados à autenticidade, propósito e impacto real.

Os chefes dessa geração costumam valorizar:

  • Transparência radical: comunicação aberta, feedbacks constantes e confiança mútua.

  • Diversidade e inclusão: enxergam a pluralidade como motor de inovação.

  • Equilíbrio entre vida e trabalho: produtividade sustentável e foco em saúde mental.

  • Aprendizado contínuo: priorizam o “lifelong learning” em vez da autoridade estática.

  • Tecnologia como extensão natural: IA, automação e dados são ferramentas, não ameaças.

No Brasil, empresas como Nubank, Hotmart, Enjoei e Méliuz já contam com líderes da Geração Z em cargos de gestão. Em comum, todos compartilham a mesma característica: liderar com propósito e fluidez, em estruturas horizontais e colaborativas.

Leia também: Por que a conexão social é tão difícil para a Geração Z? 

Estilos de gestão e diferenciais dos chefes da Geração Z

O estilo de gestão dos chefes da Geração Z é profundamente diferente do modelo tradicional. Ele combina agilidade tecnológica com uma abordagem humana e empática, uma resposta direta ao cenário de incerteza e transformação que moldou suas trajetórias.

  1. Gestão digital-first:
    Esses líderes nasceram na era da nuvem e do trabalho remoto. Eles gerenciam via plataformas colaborativas, automatizam processos e usam dados para embasar decisões. A tecnologia é parte do DNA da liderança.

  2. Foco em propósito e bem-estar:
    A Geração Z entende que times engajados não se movem apenas por metas, mas por sentido. Isso se traduz em políticas de flexibilidade, horários híbridos e preocupação genuína com saúde mental.

  3. Liderança inclusiva:
    A diversidade é tratada não como meta, mas como valor. Essa geração exige coerência e representatividade tanto nas equipes quanto na alta liderança.

  4. Tom de voz colaborativo:
    A hierarquia perde espaço para a horizontalidade. Chefes Z preferem “coordenar” a “mandar”. Feedbacks são constantes e bidirecionais, com espaço para vulnerabilidade e diálogo.

O estudo da Glassdoor reforça essa percepção: para muitos profissionais, o maior diferencial dos líderes da Geração Z não é a habilidade digital, mas a capacidade de cuidar das pessoas. A liderança Z é marcada por empatia e inteligência emocional, traços cada vez mais valorizados em um ambiente de trabalho automatizado.

Comparativo: o que muda na liderança

AspectoGeração X e YGeração Z
Estilo de gestãoHierárquico e baseado em processosColaborativo e ágil
ComunicaçãoFormal e estruturadaTransparente e digital
MotivaçãoEstabilidade e reconhecimentoPropósito e aprendizado
Relação com tecnologiaAdaptaçãoNativos digitais
Foco de liderançaControleCocriação e escuta ativa

Desafios dos chefes da Geração Z

Apesar da visão moderna e conectada, os jovens líderes enfrentam barreiras reais dentro das organizações.

1. Gap de experiência

Muitos gestores Z têm menos de 30 anos e ainda estão construindo repertório prático. Isso pode gerar insegurança diante de decisões complexas ou resistência de subordinados mais experientes.

2. Choque geracional

Liderar equipes multigeracionais é um dos maiores desafios. A comunicação entre gerações X, Y e Z exige empatia, clareza e disposição para aprender e ensinar ao mesmo tempo.

3. Pressão por resultados rápidos

A busca por crescimento e reconhecimento pode levar a sobrecarga emocional. A linha entre ambição e burnout é tênue — especialmente em culturas empresariais ainda pautadas pelo “trabalhar até cair”.

4. Equilíbrio entre autonomia e autoridade

Muitos líderes Z preferem relações horizontais, mas precisam desenvolver a capacidade de tomar decisões firmes e impopulares quando necessário.

Como as empresas podem apoiar essa nova geração de chefes

Para aproveitar o potencial dos jovens líderes, as organizações precisam ir além da formação técnica e investir em desenvolvimento emocional, mentoring e autonomia responsável.

Boas práticas incluem:

  • Programas de mentoring reverso, nos quais líderes experientes aprendem sobre novas tecnologias e comportamentos com os mais jovens, e vice-versa.

  • Treinamentos em comunicação e inteligência emocional, fundamentais para lidar com diferentes perfis e expectativas.

  • Cultura de feedback contínuo, que substitui avaliações anuais por conversas abertas e construtivas.

  • Ambientes de inovação, que estimulem a experimentação sem medo do erro.

Empresas que adotam esse modelo relatam aumento no engajamento e na retenção de talentos, especialmente entre profissionais de 20 a 30 anos. A mensagem é clara: dar espaço para os chefes Z não é apenas uma questão geracional, é uma estratégia de competitividade.

Impacto dos chefes da Geração Z na cultura organizacional

O impacto da Geração Z na liderança vai muito além da forma como se trabalha. Muda por que e para quem se trabalha.

  • Mais horizontalidade: hierarquias cedem lugar à colaboração e autonomia.

  • Mais agilidade: decisões baseadas em dados e ciclos curtos de execução.

  • Mais empatia: cuidado genuíno com o bem-estar do time e com as diferenças individuais.

  • Mais propósito: o lucro deixa de ser o único indicador de sucesso; impacto social e sustentabilidade entram na equação.

De startups a corporações tradicionais, há uma clara tendência: as empresas lideradas por jovens Z atraem mais talentos e engajam melhor suas equipes. A geração que cresceu em meio à incerteza aprendeu a navegar no caos — e está usando isso para reinventar o trabalho.

Leia também: Geração Z: O que é, comportamentos e preferências profissionais 

Conclusão: liderar aos 25 é mais sobre escutar do que mandar

Chefes da Geração Z não querem ser chefes no sentido tradicional. Eles querem inspirar, facilitar e conectar. O poder, para eles, não vem do cargo, mas da confiança e do propósito coletivo.

Essa mudança de mentalidade está redefinindo o que significa ser líder — e também o que significa trabalhar. No fim, liderar aos 25 é mais sobre escutar do que mandar, mais sobre colaborar do que competir.

Para as empresas e profissionais de RH, compreender e apoiar esse movimento é essencial para construir organizações mais humanas, diversas e preparadas para o futuro do trabalho.

FAQ

Quem são os chefes geração Z?
Líderes nascidos entre meados dos anos 1990 e início dos 2010, que trazem novas perspectivas digitais e colaborativas para a gestão.

Quais os principais desafios dos chefes geração Z?
Experiência limitada, gestão de equipes multigeracionais e adaptação a estruturas tradicionais.

Como a liderança da geração Z influencia o ambiente de trabalho?
Introduz flexibilidade, diversidade, propósito e inovação contínua.

Qual a diferença entre chefes geração Z e millennials?
A Geração Z é mais pragmática, nativa digital e orientada a resultados imediatos.

Como as empresas podem apoiar esses líderes?
Por meio de mentoring, treinamentos de soft skills e políticas de cultura inclusiva e flexível.

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