

Redação Na Prática
Publicado em 20 de novembro de 2025 às 09:00h.
Nos últimos tempos, o mundo corporativo ganhou mais um termo para o vocabulário do engajamento: Quiet Cracking. O nome é novo, mas o fenômeno é bem conhecido por quem já se sentiu “presente, mas ausente” no trabalho. É aquele estado em que você continua entregando resultados, mas sem entusiasmo, conexão ou vontade de crescer. Parece inofensivo no início, mas esse afastamento silencioso pode abrir rachaduras sérias na sua carreira.
Vamos entender o que é o Quiet Cracking, como ele se manifesta e, principalmente, o que fazer para evitar cair nessa armadilha moderna do desengajamento.
O Quiet Cracking é um tipo de desengajamento silencioso em que o profissional não abandona o trabalho nem reduz drasticamente sua entrega, mas se desconecta emocionalmente do ambiente e das pessoas. É uma espécie de fadiga emocional corporativa: você segue comparecendo, participa de reuniões e cumpre metas — porém, sem o brilho nos olhos.
Enquanto o Quiet Quitting (ou “demissão silenciosa”) se caracteriza por fazer apenas o mínimo necessário, o Quiet Cracking é mais sutil e interno. É o momento em que o profissional ainda tenta se manter envolvido, mas começa a se “rachar” por dentro, perdendo o senso de propósito, energia e entusiasmo pelo que faz.
Entre os sintomas mais comuns estão:
Falta de motivação mesmo em projetos importantes
Evitar interações ou conversas significativas com colegas e líderes
Redução do interesse por aprendizado ou novos desafios
Sensação constante de estar “desligado” do time, mesmo estando ali
O perigo do Quiet Cracking está justamente na discreta deterioração da relação entre o profissional e seu trabalho. Esse processo costuma ser gradual — e, quando percebido, já está em um estágio que por vezes afeta a produtividade, a saúde mental e até a reputação interna.
A longo prazo, o afastamento emocional pode gerar:
Estagnação profissional, pela falta de visibilidade e inovação
Pré-turnover, com risco de saída ou demissão não planejada
Burnout emocional, resultado de permanecer em um ciclo de apatia e exaustão
Queda de performance, mesmo mantendo a rotina aparentemente intacta
De acordo com uma pesquisa da TalentLMS, mais de 54% dos colaboradores relatam experimentar algum nível do fenômeno que chamam de Quiet Cracking, enquanto aproximadamente 20% dizem vivenciá-lo de forma frequente ou constante.
Outro achado importante do estudo é que a falta de reconhecimento e de escuta ativa por parte da liderança aparece entre os principais gatilhos do Quiet Cracking. Mais de 63% dos profissionais afirmam não se sentir ouvidos quando compartilham ideias ou preocupações, e 58% dizem que raramente recebem reconhecimento genuíno por seus esforços.
Além disso, equipes que contam com gestores acessíveis e empáticos apresentam 35% menos casos de desengajamento silencioso, reforçando a importância de uma liderança que pratica feedback frequente e valorização autêntica.
Perceber o início dessa rachadura é essencial. Alguns sinais de alerta:
Você sente que trabalha “no automático”;
O feedback do time já não gera impacto emocional;
Projetos que antes empolgavam agora parecem só mais uma tarefa;
Você evita conversas sobre carreira ou desenvolvimento;
E o pior: começa a pensar que “tanto faz” o que acontece.
Identificar esses sinais não é motivo de culpa, é o primeiro passo para a mudança. Todo profissional passa por fases de desmotivação, mas o segredo está em não deixar que isso se torne permanente.
Se você se reconheceu nos sintomas, respira fundo — dá pra reverter. Aqui vão algumas estratégias práticas:
Reconecte-se com seu propósito. Relembre o que te trouxe até a função atual e quais aspectos do trabalho ainda despertam interesse.
Busque desafios reais. Ficar na zona de conforto alimenta o Quiet Cracking. Proponha novas ideias ou assuma um projeto lateral.
Converse com seu líder. Uma conversa franca sobre motivação pode abrir portas para mudanças ou novos horizontes dentro da empresa.
Cuide da sua saúde mental. O distanciamento emocional costuma ser um sintoma de sobrecarga. Procure pausas, terapia ou apoio psicológico.
Crie pequenas metas pessoais. Mesmo que o ambiente não mude de imediato, ter objetivos próprios ajuda a resgatar o senso de direção.
Essas ações não apenas reduzem o risco de afastamento, como também fortalecem sua inteligência emocional — um diferencial de carreira em qualquer setor.
Líderes e RHs também têm papel crucial nesse cenário. A prevenção do Quiet Cracking começa por uma cultura organizacional saudável, que valoriza o diálogo e o pertencimento.
Algumas práticas recomendadas:
Feedback contínuo e humanizado, para que o colaborador sinta que é ouvido.
Gestão transparente, com clareza sobre metas e impacto do trabalho.
Reconhecimento autêntico, não apenas financeiro, mas emocional e simbólico.
Programas de bem-estar e desenvolvimento, que ajudem o profissional a evoluir de forma sustentável.
Ferramentas de clima e engajamento, que monitorem sinais de desmotivação em tempo real.
Empresas que cultivam essas iniciativas não apenas evitam o Quiet Cracking, mas também aumentam o engajamento, a produtividade e a retenção de talentos.
Para líderes que querem agir agora, aqui vão algumas referências úteis:
Pesquisas de clima pulse, que captam o humor do time de forma contínua.
Plataformas de reconhecimento, como Bonusly ou Kudos, que incentivam o elogio público e o sentimento de pertencimento.
Programas de mentoria interna, aproximando profissionais em diferentes níveis da organização.
Treinamentos de comunicação empática, fortalecendo a escuta ativa e o apoio emocional no trabalho.
Essas ferramentas são simples, mas poderosas para evitar que o desengajamento vire uma rachadura irreversível.
1. O que é Quiet Cracking?
É o afastamento emocional e gradual do profissional em relação ao trabalho, que reduz sua motivação e engajamento sem que ele perceba imediatamente.
2. Como o Quiet Cracking afeta minha carreira?
Ele pode levar à estagnação, à perda de oportunidades e ao esgotamento mental, prejudicando seu crescimento e bem-estar.
3. Quais são os sinais do Quiet Cracking?
Sensação de desconexão, apatia, evitar desafios, e falta de feedback ou de propósito no trabalho.
4. Como evitar o Quiet Cracking?
Mantenha comunicação aberta, busque novos desafios, cuide da saúde mental e peça apoio profissional se necessário.
5. O que líderes podem fazer para evitar o Quiet Cracking nas equipes?
Promover uma cultura de feedback, reconhecer conquistas e criar um ambiente de pertencimento genuíno.