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Programa identifica desafios de jovens periféricos e traça estratégias para gerar oportunidades

Jovens do programa Goyn - Reprodução United Way Brasil
Jovens do programa Goyn - Reprodução United Way Brasil

Foto: Reprodução United Way Brasil

 

De um lado, jovens da periferia com enorme potencial produtivo e criativo – porém, travando batalhas constantes contra o racismo, a evasão escolar e com problemas de acesso à internet. Do outro, o mercado de trabalho formal, altamente competitivo e, por consequência, exigindo cada vez mais qualificação. Para mapear o abismo que separa essas duas pontas, o programa Global Opportunity Youth Network (Goyn) – liderado pelo Instituto Aspen, em parceria com a Accenture Brasil – lançou recentemente um estudo que permite identificar lacunas e traçar estratégias para vencê-las. 

Divulgada pelo jornal O Estado de S.Paulo, a iniciativa foi articulada pela organização de governança participativa United Way. O levantamento tem como alvo os chamados jovens-potência: pessoas de 15 a 29 anos que estão em situação de vulnerabilidade social e sem oportunidade de formação acadêmica e/ou emprego formal na cidade de São Paulo. 

Conheça os resultados da pesquisa e as recomendações para estimular o protagonismo da juventude periférica.

Privilégio branco na educação

Os números falam por si: de acordo com o levantamento do Goyn conforme dados do IBGE, apenas 34,3% dos jovens negros na faixa etária dos 18 aos 20 anos completam o Ensino Médio na capital paulista, contra 53,7% dos homens brancos com o mesmo recorte por idade. Entre as mulheres dos 18 aos 20, foram 44,1% das negras ante 62,6% das jovens brancas. 

A pesquisa revelou, ainda, que, das 500 maiores empresas do Brasil, apenas 35% afirmaram diversificar as formas de anunciar as vagas para atingir públicos que são usualmente discriminados no mercado de trabalho. Com relação aos cargos de liderança, apenas 4,7% dos executivos das companhias brasileiras são negros. As mulheres negras, em particular, são as mais excluídas produtivamente: estudam menos tempo, participam menos do mercado de trabalho e têm rendimento médio 3,3 vezes menor que o de homens brancos.

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Todo esse cenário leva a uma sensação de que jovens negros e negras não estão aptos a conquistar espaço tanto por via acadêmica quanto profissional – e a uma ideia de que há um “privilégio branco” na educação. 

Evasão escolar agravada pela crise sanitária versus exclusão digital

De acordo com a pesquisa, 26% dos jovens entre 15 e 29 anos da capital paulista não têm instrução ou não completaram o Ensino Fundamental, 24% saíram antes do fim do Ensino Médio e 13% cursaram o Ensino Superior. Os dados contemplam jovens em geral, independentemente da classe social. Entretanto, a situação é particularmente crítica para os periféricos, especialmente das regiões leste e sul da cidade de São Paulo, entre os quais menos de 35% concluíram o Ensino Fundamental e só 4% cursaram o Superior.

O afastamento da sala de aula foi agravado pelo distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19. Enquanto, para muitos jovens em geral, o ensino remoto não necessariamente foi um grande desafio, para aqueles que vivem em regiões periféricas a conectividade foi um obstáculo dos grandes. O estudo do Goyn identificou que 42% dos lares paulistanos em situação de alta vulnerabilidade não têm banda larga fixa, enquanto 39% dos alunos das escolas públicas não têm equipamento que propicie o ensino online, como tablet, notebook ou computador.

Crise laboral e o risco de permanecer na informalidade

Ainda segundo a pesquisa, além dos problemas de ordem econômica, que dificultam a permanência do jovem na escola, o modelo de ensino atual pode parecer pouco dinâmico e desconectado do que é exigido pelo mercado de trabalho.

Por falar no mercado, o estudo identificou também que, ao longo de sua vida escolar, é possível que os jovens não cheguem a adquirir competências que os tornarão trabalhadores competitivos, ou que não tenham contato com informações sobre como encaixar suas ambições pessoais ao ambiente profissional do futuro.

Os jovens são os primeiros a perderem emprego e renda, e também os que mais têm dificuldade em encontrar novas oportunidades, seguindo desempregados ou na informalidade por mais tempo. A consequência é terem uma remuneração inferior quando adultos.

Propostas para a inclusão produtiva dos jovens

Uma vez que apontou as principais barreiras a serem ultrapassadas pelo que chamou de jovens-potência, o programa Goyn também foi atrás de iniciativas que apoiam empreendedores periféricos, implementam melhorias no ensino e contribuem para melhorar a conectividade nos territórios defasados. Alguns exemplos são a ONG Gerando Falcões, o projeto de transformação tecnológica Meu Futuro Digital e a Agência Mural de Jornalismo nas Periferias.

A força-tarefa também reuniu 70 organizações e trouxe o público-alvo para o centro da discussão, criando o “Núcleo Jovem” do projeto – formado por 20 entre 200 candidatos de diversas regiões periféricas da cidade de São Paulo. O resultado foi uma série de recomendações para apoiar a inclusão produtiva de mais de 700 mil desses jovens até 2030. 

Veja as 12 soluções sugeridas pelo programa Global Opportunity Youth Network para jovens-potência

#1 Fortalecer negócios sociais que promovam a sustentabilidade financeira da periferia

#2 Apoiar a formação de empreendedores periféricos

#3 Estimular a articulação e aceleração de negócios periféricos que gerem impacto social nos territórios 

#4 Somar esforços a organizações engajadas na melhoria da qualidade da educação e na promoção deste debate para a construção de políticas públicas

#5 Atuar em rede para alavancar recursos internacionais e privados disponíveis para educação e acelerar a transformação do ensino profissionalizante 

#6 Apoiar modelos acessíveis de ensino técnico e profissionalizante na preparação dos Jovens-Potência para o mercado de trabalho

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#7 Preparar os Jovens-Potência para as carreiras digitais e promover oportunidades adequadas de emprego para seu ingresso no mercado de trabalho

#8 Incentivar mudanças no recrutamento e nas políticas de promoção que suportem maior inclusão e diversidade, desde o primeiro emprego até os cargos de liderança nas empresas 

#9 Flexibilizar as jornadas de ensino e trabalho, considerando os novos modelos de aprendizagem e trabalho remoto

#10 Potencializar iniciativas que descentralizem a produção e o acesso à informação, reduzindo a lacuna entre as áreas centrais e as periferias

#11 Fomentar o trabalho remoto estruturado como um ativo para ganhos em relação à mobilidade

#12 Impulsionar acesso digital e a utilização de dados para cocriar soluções socialmente mais relevantes com os Jovens-Potência

Veja o estudo completo aqui.

 

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