Nascida no interior de Minas Gerais, Inaê Leandro descobriu sua vocação na escrita. Aos 19 anos, ela já tem três livros no currículo — os dois primeiros formam uma sequência entitulada Eu Construtor de Mim, e o terceiro ainda não foi divulgado.
Ele também é membro do Núcleo, a comunidade alumni dos programas presenciais do Na Prática. A seguir, deixa o seu relato sobre as importância de se tornar protagonista de sua trajetória e correr atrás de seus sonhos:
Eu sou mineira, do interior de Minas Gerais. Assim como muitos nesse país, vim de uma família simples, de um bairro pobre, de uma cidade do interior.
Perdi minha mãe quando eu tinha 12 anos, e isso acabou determinando muito quem eu sou agora. Meu pai é um pedreiro que, apesar da idade avançada, até hoje exerce a profissão. Sempre pude contar com o apoio dele e de minha irmã mais velha, que para mim é como uma segunda mãe. Na minha casa, sou a primeira universitária.
A perda de minha mãe me deixou uma lacuna imensa, e a forma que encontrei de aliviar tudo isso foi continuar a escrever. Aos 10 anos, já tinha ganhado meu primeiro concurso de redação. Aos 16 veio o segundo concurso, dessa vez de crônicas. Aos 17 conquistei o Prêmio Jovem Senador, do Senado Federal, ficando em terceiro lugar no meu estado.
Quanto aos estudos, apesar de ter passado em algumas faculdades federais, não optei por nenhum delas, e hoje curso Administração em uma universidade com sistema semipresencial. As aulas presenciais ocorrem uma vez por semana, e o restante é por minha conta. Fiz essa opção para poder estar mais em casa, ajudar minha irmã com as tarefas e a cuidar da família, que é grande e com três crianças.
Inaê recorreu à rede para produzir o livro [AcervoPessoal]
Ano passado, muito por acaso, encontrei a Fundação Estudar. Fiquei sabendo do LabX, programa que é multiplicado pelo Brasil todo formando jovens lideranças, e fiz minha inscrição. Tive que mobilizar um batalhão para ter condições, principalmente financeiras, para chegar até Ouro Preto, onde seria o encontro. A viagem de onde eu moro, Campo Belo, até lá leva mais ou menos seis horas de ônibus, e não há qualquer linha que faça o trajeto direto entre as duas cidades. Custou muito, mas foi o início desse mundo incrível que vivo hoje.
Com o LabX aprendi a maior lição de minha vida até agora: o protagonismo. Vi que eu não era a coitadinha e que não adiantava nada só me lamentar das circunstâncias; muito pelo contrário, eu poderia assumir as rédeas e o controle da minha trajetória.
No LabX, me deram o desafio de dar um salto rumo ao meu sonho grande. O que eu queria era escrever, queria ajudar as pessoas e queria que elas soubessem o que eu tinha aprendido ali: que nós somos construtores de nós mesmos! O prazo, no entanto, era curto. Esse ‘salto’ deveria ser cumprido no tempo entre o primeiro e o segundo módulo do programa, um intervalo de pouco mais de vinte dias.
Achei que não era possível fazer um livro nesse meio tempo, mas aproveitei a longa viagem de volta para casa e escrevi os primeiros capítulos no trajeto. O salto ia tomando forma.
Não tinha dinheiro para pagar alguém para fazer edições de imagens, montagens ou corrigir os erros do texto. Para contornar esse problema, ativei minha rede de contatos, chamei uma antiga professora para fazer a correção e um amigo para fazer as artes. O projeto teria que ser 0800, mas mesmo assim eu coloquei prazos para todo mundo! Quanta ousadia!
O livro ficou pronto a tempo do segundo módulo do LabX e, desde então, não parei mais de escrever. Impulsionada pelo falecimento de uma bebê em minha família, escrevo anonimamente para um site destinado a pessoas que passaram por situações semelhantes. Também fui convidada para escrever periodicamente para o Nova Liberdade.
Em 2015 dei uma “fugida” para São Paulo e participei do Laboratório, versão mais aprofundada do que é apresentado no LabX. Novamente tinha um salto para cumprir e, dessa vez, repeti o desafio: escrever mais um livro. Esse segundo livro eu escrevi em um pouco mais de tempo, com uma meta definida para 30 dias. Depois disso, bater metas se tornou meu sobrenome.
Sei que ter metas não é fácil, mas sem elas as coisas não acontecem. Conquistar sonhos não é simples. São os objetivos que você estabelece que te impulsionam a ir além, a trazer esses sonhos mais para perto.
No final das contas, não há um único caminho para o sucesso pessoal. Nem todo mundo precisa ser engenheiro ou médico ou arquiteto. Nem todos precisam ter uma experiência internacional e falar inglês com muita facilidade. Felicidade pode ser algo muito diferente para mim e para você.
O importante é sempre ousar se questionar: “Se eu continuar vivendo como estou vivendo, meus sonhos vão se realizar?” Nunca se esqueça, você é construtor de si mesmo!
O Núcleo é a maior comunidade de jovens transformadores do Brasil, formada por ex-participantes dos programas presenciais do Na Prática. Os membros do Núcleo também têm essa coluna quinzenal no portal Na Prática, espaço exclusivo para contar suas histórias e inspirar mais jovens brasileiros! Saiba mais aqui.