Para alguém que assume gostar de trabalhar com pessoas, atuar como vice-presidente de Recursos Humanos de um banco grande como o Santander parece cair como uma luva. Mas a inclinação de Vanessa Lobato não vem do atual cargo, e sim do varejo, com o que trabalhou até se tornar head de RH.
Vanessa começou a trabalhar em banco com Marketing, em 1990. Por causa de uma fusão entre instituições, teve a oportunidade de assumir uma agência do Santander de varejo – ou seja, direcionada ao consumidor final. Foi então que descobriu gostar de lidar com os clientes. “Brinco que a mosquinha do varejo me picou”, diz.
“Adoro essa coisa de saber que todos os dias temos milhares de clientes para atender. Todos os dias são milhares de histórias que passam pelas agências e nossos canais.”
Há quatro anos, depois de passar pelos cargos de gerente, superintendente regional e superintendente de rede, Vanessa foi convidada para ser a diretora de recursos humanos do banco. Na época, esta diretoria ainda era ligada a outra vice-presidência, mais ampla. Só dois anos depois o RH do Santander teve uma vice-presidência, cargo que Vanessa foi a primeira a ocupar e no qual está desde então.
Ela diz que a posição de autoridade fez com que saísse da zona de conforto e, em consequência, crescesse. “Quando cheguei, de cada 10 perguntas, 9 eu não sabia responder e na décima eu tinha dúvida”, brinca. Ainda que participasse de projetos do RH e sentisse uma “ligação” com a área, “foi uma aposta do banco e minha”, explica Vanessa.
O Na Prática também conversou com a vice-presidente de RH sobre transformações da tecnologia no mundo financeiro, o que o Santander busca nos candidatos e outros assuntos.
Papel como liderança feminina
“Minha responsabilidade é dobrada, como mulher – de dar exemplo, construir referências femininas de liderança – e como RH”, diz Vanessa. Apesar da forte resolução, a vice-presidente afirma que só foi se dar conta da relevância de exercer um papel específico por ser uma mulher líder, há pouco tempo.
“Isso foi muito importante na minha vida porque, de alguma forma, lidava com o fato de ser minoria – muitas vezes era a única mulher em uma mesa ou em um grupo de trabalho – ao longo da carreira. Mas não estava consciente daquilo, nunca realizando a importância que aquilo tinha e como eu deveria lutar e trabalhar para não ser a única.”
Agora, Vanessa, que é mãe, procura mostrar às outras mulheres que não devem abdicar da carreira. “Não é preciso escolher entre ser mãe e executiva, é possível ser os dois, ou ser muito mais que os dois, é possível fazer vários papéis”, diz ela.
“Muitas mulheres precisam de um empurrão, porque não somos acostumadas a ouvir que somos capazes.”
Segundo Vanessa, estudos mostram que se nada for feito, a representabilidade da mulher no mercado só será comparável com a dos homens em 80 anos. Como uma medida de inclusão bem sucedida do Santander, ela menciona a regra de que todos os processos seletivos – internos e externos – devem ter mulheres candidatas. “Foi tão gratificante me conscientizar desse papel e poder ajudar, que seja uma mulher, ou duas”, conta.