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“Pare de tentar facilitar o trabalho difícil”, diz designer comportamental

pessoa à meia luz trabalhando em computador

Para Nir Eyal, as pessoas gastam muito tempo tentando facilitar o trabalho que, por sua natureza, é difícil.

Nir é especialista em design comportamental (“o que significa que eu uso a psicologia do consumidor e o design comportamental para ajudar empresas a criar o tipo de produtos que desenvolvem bons hábitos”) e autor de dois best-sellers: Hooked, sobre produtos que formam hábitos, e Indistractable, sobre quebrar hábitos ruins.

“Quando a maioria das pessoas fala sobre hábitos, o que elas estão dizendo é: ‘Quero que algo difícil se torne algo sem esforço. Quero os benefícios, mas não quero que seja difícil”, disse Nir em uma entrevista ao site Super Organizers. “Bem, tenho novidades para você: algumas coisas são difíceis. Não há como contornar isso.”

Na conversa, o autor discorre sobre como as pessoas buscam transformar tarefas em hábitos (para facilitar) para evitar a sensação de “incerteza”, que, muitas vezes, fomenta a procrastinação e distração. Confira as principais observações que Nir compartilha sobre esses temas, conforme tardução do Na Prática (o original você confere no Super Organizers).

“A maioria dos momentos de distração é causada por gatilhos internos”

“O que tem mais probabilidade de roubar nossa atenção são os gatilhos internos.

Gatilhos internos são o que está acontecendo dentro de nós.

Acontece que a distração e a procrastinação são, na verdade, nossas respostas padrão a sentimentos desconfortáveis. Eles não são falhas de caráter, são problemas de regulação emocional.

Quando procrastinamos ou nos distraímos, é porque queremos escapar de sensações desconfortáveis, como: tédio, solidão, fadiga, incerteza. Às vezes, escapamos através de notícias, bebidas, futebol ou Facebook. Todo mundo tem sua droga de escolha. Mas todos estamos tentando fazer o mesmo com essas distrações: tentando aliviar o desconforto emocional.

Portanto, se você deseja lidar com a distração, a primeira coisa a fazer é lidar com os gatilhos emocionais negativos que levam a isso.”

Como lidar com os gatilhos internos 

“Um dos lugares da minha vida em que tenho que lidar com muitos gatilhos internos está na minha rotina de escrita.

Escrevo todos os dias de manhã durante duas horas, cinco dias por semana. Sem exceções.

Agora, as pessoas podem pensar que, porque eu escrevo todos os dias, é fácil.

Isso não é verdade.

Quando me sento para escrever, algumas coisas surgem regularmente. Tédio. Fadiga. Ansiedade. Incerteza.

Há muita incerteza ao escrever. Nunca sei se uma linha específica de pesquisa será uma perda de tempo. A maioria das coisas sobre as quais escrevo não é publicada.

Uma maneira de lidar com isso é aceitar em vez de tentar fugir. Se você aceita a incerteza, pode começar a encontrar beleza no desconhecido.

Por exemplo, você pode procurar a variabilidade que existe nesse trabalho – como a maneira como você se sente, esse sentimento de incerteza, está mudando ao longo do tempo. Você também pode se concentrar mais nos detalhes do trabalho – nos mínimos detalhes que o fazem ser o que é. É assim que as pessoas aprendem a amar todos os tipos de coisas.

Assim, um trabalho de pesquisa não é mais algo assustador e sombrio, começa a se desenrolar como uma flor. Você começa a ver a beleza na tarefa. Para mim, é isso que é a incerteza. Na verdade, é o que me leva de volta à pesquisa agora, em vez de me distrair – porque não sei o que vai acontecer. E isso é emocionante.

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Mas existem outras maneiras de lidar com os gatilhos que surgem também. Por exemplo, outro gatilho para mim é o desejo de procurar algo na internet. Escrevo e sinto essa loucura de procurar algo no Google – o que eu sei que me levará a uma espiral de distração.

Eu tenho algo que eu chamo de regra dos 10 minutos para isso.

Em vez de pesquisar no Google, o que geralmente faço é escrever em um pedaço de papel o que eu acho que preciso procurar. E, então, me dou 10 minutos. E se for tão importante depois de dez minutos, talvez eu procure. Geralmente isso funciona, e eu posso voltar ao trabalho.

Quando os dez minutos terminam, o que eu senti que precisava procurar não parece mais tão importante.

Às vezes, porém, o desejo não desaparece. É o mesmo tipo de desejo que você pode sentir quando quer comer um pedaço de bolo de chocolate.

Se isso acontecer, eu faço o que chamo de ‘surfar o desejo’. Você basicamente senta com a sensação e a examina. Você descobrirá que, se puder fazer isso, ela não vai durar para sempre – mesmo que pareça.”

“A chave é não esperar sempre que as coisas sejam fáceis”

“Mas a chave aqui, o ponto que realmente quero levar para casa, é que, às vezes, essas coisas não são fáceis.

Quando as pessoas dizem: ‘Quero começar um hábito‘, o que elas realmente estão dizendo é: ‘Quero que algo difícil se torne fácil’.

É por isso que existe esse mito de hábitos, porque as pessoas sabem que a definição de hábito é um comportamento feito com pouco ou nenhum pensamento consciente. Mas tenho novidade para você: escrever, como muitos outros comportamentos, é difícil, requer muito pensamento consciente, pelo menos é assim para mim.

É a mesma coisa com flow. Você já ouviu falar, tenho certeza, sobre todas as pesquisas sobre flow e, na verdade, não é um conselho muito bom para a maioria das pessoas. Porque, novamente, isso faz você pensar que pode fazer qualquer coisa sem esforço. Você sabe, jogadores profissionais de basquete estão no flow. Mas como você entra no flow quando está pagando seus impostos?

O mesmo com a escrita. Eu escrevi dois livros e centenas de artigos. Escrever nunca é fácil. É entediante. É frustrante. É difícil. É produzir ansiedade.

Há todos esses gatilhos internos quando escrevo. E, se eu não tiver as técnicas para desarmar esse desconforto, para que eu possa continuar na tarefa, vou me distrair. E é por isso que não devemos adorar em um altar os hábitos ou flow.

Temos que nos sentir confortáveis ​​com o desconforto.”

 

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