O CEO do Facebook Mark Zuckerberg, o diretor Steven Spielberg, o escritor Dr. Seuss e o CEO da Tesla Motors Elon Musk são exemplos de profissionais de sucesso tímidos. A timidez costuma ser considerada indesejada dentro do ambiente profissional, por conta da grande valorização das habilidades sociais, mas esse perfil comportamental tem sido cada vez mais buscado por recrutadores. O poder dos tímidos está em sua grande habilidade analítica e alto nível de foco, que diminui a propensão a erros.
A escritora norte-americana Susan Cain, autora do livro O Poder dos Quietos: como os tímidos e introvertidos podem mudar um mundo que não para de falar, acredita que os tímidos serão os protagonistas de uma grande transformação no mercado de trabalho nos ´próximos anos. Ela estima que metade da população mundial seja tímida e que as empresas precisam se preparar e desenvolver ferramentas para alavancar as capacidades e competências dos tímidos.
Mas afinal, o que significa ser uma pessoa tímida? A especialista explica em seu blog que a timidez é composta pelo medo de um julgamento negativo e uma grande preocupação com a opinião dos pares. Contudo, pelas mesmas razões, os tímidos são profissionais extremamente observadores e analíticos, perfil desejado por representar pessoas meticulosas, sistêmicas, disciplinadas que avaliam pontos positivos e negativos para tomar decisões baseadas em fatos.
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Despertando o poder dos tímidos
Analista comportamental e coach empresarial da Febracis, Fábio Veloso pondera que ninguém é tímido por natureza e que geralmente a característica está ligada a experiências anteriores de cunho negativo. “Por não sentirem tanta necessidade de estar se conectando com os outros, os introvertidos tem mais tendência a serem tímidos. Porém, a timidez pode também aparecer em pessoas extrovertidas”, aponta.
Fábio também analisa que, no últimos anos, se popularizou uma noção de que o trabalho colaborativo era sempre bom. “Mas existem atividades, de planejamento por exemplo, que funcionam melhor quando são executadas por uma única pessoa. Com essa tendência generalizada à colaboração, tanto as pessoas que preferem trabalhar sozinhas (traço típico dos introvertidos e tímidos) sofreram, como houve um impacto negativo na performance dessas atividades”, avalia.
Ele aponta que, para que uma organização gere resultados, é preciso mesclar planejamento e execução. “Quando ficar claro a ideia de que é preciso abrir espaço para que os tímidos possam fazer esse trabalho nos bastidores, por meio do planejamento, as empresas que tomarem consciência disso antes vão sair na frente porque o resultado vai vir”, prevê. Para isso, Fábio afirma que é fundamental que as organizações e seus colaboradores conheçam os perfis comportamentais.
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Os perfis psicológicos de estabilidade e conformidade possuem mais propensão à timidez. “São pessoas que gostam de fazer as coisas no tempo delas, muito planejadoras, não gostam de trabalhar sobre pressão, prezam pelas regras e procedimentos, têm facilidade de identificar problemas e lidar com planilhas. São traços muito ligados a imagem recorrente da pessoa tímida”, afirma Fábio. Já quem tende mais para as características de influência e dominância não costuma ser tímido.
A partir desse entendimento, as empresas precisam tomar medidas para oferecer ambientes propícios que correspondam a esses perfis. “Só assim cada um consegue fazer o que faz bem. Os tímidos estão mais vulneráveis a se subvalorizarem e não ter consciência de suas características positivas. Isso é perceptível, por exemplo, quando ficam calados em uma reunião sabendo a resposta do que é questiona. Fazer uma lista de conquistas ajuda nessa tomada de consciência. Os tímidos precisam buscar situações em que eles possam se colocar e focar a energia nelas, não em tentar mudar”, sugere.
Líderes extrovertidos também precisam entender que a timidez é uma característica pessoal, não um demérito. “Porque se for considerada uma falha, todas as ações vão estar voltadas em mudar a pessoa e isso é um mau caminho porque os tímidos quando são confrontados tendem a travar e buscar outros trabalhos. Desenvolver habilidades como assertividade e inteligência emocional ajudam a aumentar o potencial dos tímidos, que perdem oportunidades por não saberem dizer não ou o que querem. Também é importante conhecer a si mesmo e aos outros para entender a forma como as variantes se relacionam”, finaliza.