Fundada em 2012 por meio de uma parceria entre as universidades americanas de Harvard e do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a plataforma edX tem adotado uma série de novas funcionalidades para estimular a aprendizagem social e valorizar os certificados. Em entrevista ao Porvir, o professor do MIT e presidente-executivo da edX, Anant Argawal, detalhou as iniciativas do que classifica como MOOC 2.0.
“Quando os MOOCs começaram, eu gosto de chamá-los de MOOC 1.0, os estudantes faziam os cursos isoladamente, mesmo se houvesse 100.000 matriculados. Hoje, no MOOC 2.0, foram adicionados muitos recursos na plataforma para permitir o aprendizado social. Agora, posso criar um grupo de estudantes que decidiu fazer o curso de maneira conjunta. Eles terão acesso a um fórum de discussão personalizado, seus integrantes podem conversar entre si e o professor pode fornecer conteúdos especiais e específicos”, explica Argawal, que participou em 2013 do Transformar, evento promovido pelo Porvir/Inspirare, em parceria com a Fundação Lemann e o Instituto Península.
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Para ampliar o alcance dos cursos e transformá-los em programas (XSeries) de temas como programação em HTML5, fundamentos de administração de empresas ou China, o edX teve que adotar novos mecanismos contra fraude, que incluem envio de fotografia e de documentos de identificação do usuário. Na parte prática, a programação por trás do site consegue enviar perguntas diferentes a cada participante. “Em muitos dos cursos, é enviada uma questão completamente diferente daquela de um usuário localizado perto de você. Isso é muito difícil de fazer em uma aula dentro de uma universidade”, exemplifica.
A opção por certificados verificados (que atestam que o usuário matriculado é comprovadamente o autor das respostas) também ajudou a dar relevância aos cursos online, permitindo acrescentar a nova habilidade ao currículo em redes sociais como o LinkedIn. De quebra, ainda resolveu um velho problema dos MOOCs: a alta taxa de abandono. “Para cursos normais, o índice de aprovação era de 6 a 7%. Para pessoas que se inscrevem [e pagam] para ter um certificado com verificação, esse índice sobe para mais de 60%, mesmo se custar 25 ou 50 dólares”, diz Argawal.
Mas é na conexão com o ensino formal que o edX direciona sua estratégia. Em uma parceria pioneira com a Universidade do Arizona, é possível cursar o primeiro ano totalmente online e continuar o curso de maneira presencial, no campus da universidade. “Jovens brasileiros podem fazer um ano inteiro do curso direto de seu país e receber crédito por isso”.
A fusão entre vida online e presencial, aliás, é um dos temas levantados no último relatório do New Media Consortium, uma comunidade que reúne especialistas em educação no mundo todo. Para Argawal, a função do edX passa a ser de tornar a educação contínua. “Hoje, você aprende em um curso de graduação. Mas a partir do momento que entra no mercado de trabalho, interrompe esse processo. O que garantimos aos estudantes é a possibilidade de continuar aprendendo mesmo após a conquista de um diploma universitário e conectar a educação com o resto de suas vidas”, diz.
edX no Brasil Com 220 mil usuários, o Brasil é o quarto mercado para o edX, atrás de Estados Unidos, Índia e Reino Unido. Mais recentemente, a plataforma que soma 7 milhões de cadastrados no mundo todo lançou em português dois cursos criados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). O primeiro trata de alianças público-privadas e o próximo, que inicia em março, tem como tema o desenvolvimento sustentável de cidades.
Este artigo foi originalmente publicado em Porvir