De vendedor de doces a empreendedor de sucesso (com direito a integrar a lista da Forbes Under 30), na trajetória de Wellington Vitorino, 26, se teve algo que nunca faltou, foi iniciativa. A característica foi necessária ainda na infância, quando o potencial para vendas foi estimulada pelo pai. Na pré-adolescência, quando comercializava picolés em um batalhão no Rio de Janeiro, queria ser Comandante Geral da PM do Rio e chegar a Secretário de Segurança Pública – e só não deu andamento porque, como havia descolado o fêmur da bacia quando criança, não seria aprovado no teste de aptidão física. Mas foi no contato com os agentes que ele teve certeza de que queria fazer algo em prol da sociedade.
O fundador do programa ProLíder e Líder Estudar da turma de 2015 foi o segundo entrevistado da Super Week, uma semana de encontros exclusiva para participantes dos cursos da Fundação Estudar (organização da qual o Na Prática também é uma das iniciativas). Durante o bate-papo com Felipe Sena, membro do comitê de voluntariado da instituição, Wellington falou sobre a iniciativa como um superpoder e deu dicas para jovens líderes sobre como exercê-la.
Perenidade é a chave
A primeira dica já vem com uma provocação: não adianta ter iniciativa, se não tiver “acabativa”, ou seja, a capacidade de ir até o final, de efetivamente deixar um legado por onde passa. Como CEO do Instituto Four (que se dedica a pensar em maneiras de solucionar os maiores problemas do Brasil e ocupar espaços de tomada de decisão do país), ele precisou fazer escolhas e algumas renúncias, como abrir mão de salários maiores, para se dedicar a seus objetivos à frente da instituição que lidera. Por isso, não vê com bons olhos o comportamento de “pular de galho em galho”.
Na visão do executivo, é fundamental “começar alguma coisa e mantê-la até chegar a um nível de consolidação”, o que significa ter perenidade – outra característica importante para uma jornada de impacto. Na prática, trata-se de analisar bem todas as possibilidades antes de abraçar uma oportunidade que pareça interessante em um primeiro momento, para não correr o risco de trocá-la, em curto espaço de tempo, por uma melhor. “Dificuldades sempre vão existir, mas você precisa acreditar que tomou a melhor decisão, porque a pior coisa que tem é estar em um lugar querendo estar em outro”, aconselha.
Muita reclamação, pouca ação
Ao falar sobre os comportamentos de sua própria trajetória que ressaltam o superpoder da iniciativa, Wellington é enfático: não ficar se queixando diante de situações que ele mesmo pode modificar. O empreendedor lembra o próprio tema do ProLíder: “reclamar não muda. Entre para o time dos que fazem”. Uma situação simples do cotidiano serve para reforçar o que não fazer: “você vê alguém derrubar uma garrafa no chão, reclama de quem derrubou, mas passa pela garrafa e não a joga fora”, exemplifica. Para o CEO, esse tipo de atitude é diferente de ser crítico “Às vezes a pessoa se esconde atrás de um comportamento que diz ser crítico, mas, na verdade, ela só é negativa, mesmo.”
Já a autenticidade e o protagonismo são outros dois traços importantes para desenvolver iniciativa. A primeira está ligada a ter foco e maturidade para se adaptar a diferentes espaços sem perder a personalidade, enquanto a segunda se trata de ser responsável pelos erros que cometeu. “Não tem problema você falhar e errar. O problema é você não assumir.”
O crescimento não é exponencial e vem com o tempo
Ainda sobre tomar as rédeas da própria vida, Wellington pontua que o autoconhecimento é imprescindível para gerenciar emoções, aprendendo a lidar com as frustrações tão naturais de todo o processo. De acordo com o empreendedor, na vida não há crescimento exponencial, mas momentos de expansão. “O importante é que, depois de fazer um balanço de 5 ou 10 anos, você perceber que cresceu”, orienta.
Para auxiliar nos percalços, há o que ele chama de “dica de prevenção”, que é se manter próximo de pessoas mais experientes para garantir boas orientações – desde pai e mãe, até uma figura de destaque em determinada hierarquia.
Liderar é inovar e assumir riscos
Pensando mais especificamente no perfil de um líder, o CEO afirma que todos aqueles que admira têm em comum, além de muita iniciativa, o fato de terem se arriscado. “Não obteremos diferentes resultados fazendo as mesmas coisas e isso passa por tomar riscos”, diz. O interesse por inovação também é um componente essencial, sendo que Wellington a divide entre disruptiva (de criar algo totalmente novo) e incremental (relacionada a melhorar o que já existe). Uma não é mais importante que a outra – e o contexto em que se está inserido faz toda diferença. “O mundo normalmente é norteado pelas inovações incrementais, mas muitas pessoas pensam que têm que puxar algumas coisas do zero. Em países como o Brasil, tem muita oportunidade de inovar em coisas muito tradicionais”, afirma. “O importante é sempre tentar estar passos à frente.”
Confira as outras masterclasses da Super Week da Fundação Estudar: