Resolver a desigualdade de gênero em todas as suas dimensões não é só uma questão de justiça básica: é também essencial para o desenvolvimento econômico.
De acordo com um novo relatório do McKinsey Global Institute, um cenário de participação plena das mulheres adicionaria 28 trilhões do dólares ao PIB global em 2025.
É praticamente a soma das duas maiores economias do mundo hoje (Estados Unidos e China) e 26% a mais do que se tudo ficar como está.
Em um cenário de ganhos mais modestos, em que todo mundo atinge pelo menos o nível do melhor país de sua respectiva região, o ganho global é de 12 trilhões de dólares no período. A América Latina poderia aumentar seu PIB entre 14% e 34% (ou entre 1,1 trilhão e 2,6 trilhões de dólares), dependendo do cenário.
Leia também: O que foi falado sobre liderança feminina no Fórum Econômico Mundial
Força de trabalho De acordo com um estudo recente do FMI, se as mulheres estivessem trabalhando na mesma proporção que os homens, o PIB seria 34% maior no Egito, 27% maior na Índia e 5% maior nos Estados Unidos.
Aumentar a participação feminina na força de trabalho é ainda mais importante em países com população em declínio ou que envelhecem rapidamente. É o caso do Japão, onde esse virou um dos centros da política econômica do primeiro-ministro Shinzo Abe.
As estimativas da McKinsey são cerca de duas vezes maiores do que outras anteriores porque consideram uma perspectiva mais ampla de igualdade, dentro e fora do ambiente do trabalho: uma não existe sem a outra.
O relatório analisou 15 indicadores de gênero em 95 países. 40 deles tem níveis altos ou extremamente altos de desigualdade de gênero em pelo menos metade dos indicadores.
Mecanismos A relação entre desigualdade de gênero e desenvolvimento econômico tem ganhado cada vez mais destaque e conta com o apoio de gente como Christine Lagarde, primeira mulher da história a dirigir o Fundo Monetário Internacional (FMI).
As mulheres são metade da população mas geram apenas 37% do PIB global. Esse número varia radicalmente – de 17% na Índia (país que tem mais a ganhar com a igualdade) até 40% na China e na América do Norte.
Isso ocorre por vários mecanismos. As mulheres fazem 75% do trabalho não pago (como cozinhar e cuidar dos idosos, não medidos pelas métricas clássicas) e estão desproporcionalmente representadas em empregos de meio período e setores de baixa produtividade.
Elas também ainda estão longe da igualdade plena em várias outras dimensões medidas pela McKinsey, como inclusão financeira e digital, participação política, proteção legal e contra a violência.
O relatório cita a nossa Lei Maria da Penha e o fato do Bolsa Família depositar o benefício para a mulher como exemplos positivos de formas do estado apoiar a inclusão feminina atráves de legislação e políticas sociais.
Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com