Nas formaturas das grandes universidades norte-americanas, é comum que alguns dos maiores líderes da atualidade – ex-alunos dessas instituições – sejam escolhidos para deixar suas mensagens aos estudantes prestes a se de formar. Inspiradores, irreverentes ou reveladores, esses discursos são sempre fonte de boas lições para todos que estão entrando no mercado de trabalho e começando suas carreiras.
Neste final de ano, o Na Prática buscou reunir alguns dos melhores discursos de formatura dos últimos anos para inspirar os seus leitores a sonhar grande e perseguir uma carreira de alto impacto.
A seguir, veja os melhores trechos em português da mensagem de Sheryl Sandberg, COO do Facebook, para a classe de 2012 da famosa escola de negócios de Harvard:
Antigamente, se você quisesse atingir um número maior de pessoas do que aquelas com quem você podia falar diretamente durante o dia, você tinha que ser rico, famoso e poderoso. Você tinha que ser uma celebridade, um político, um CEO. Mas isso não é verdade hoje. Agora as pessoas comuns têm voz, e não apenas aqueles de nós com a sorte de estudar em Harvard, mas qualquer pessoa com acesso ao Facebook, Twitter, ou a um telefone celular.
Isso significa que as tradicionais estruturas de poder e nivelamento hierárquico foram rompidas. Controle e poder estão passando das instituições para os próprios indivíduos. Dos historicamente poderosos para aqueles historicamente impotentes. E tudo isso está acontecendo muito mais rápido do que eu poderia ter imaginado quando eu estava na faculdade, e Mark Zuckerberg tinha apenas 11 anos.
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À medida que o mundo se torna mais conectado e menos hierárquico, os planos de carreira tradicionais também passam por mudanças. Em 2001, depois de trabalhar no governo, eu me mudei para o Vale do Silício para tentar encontrar um emprego. Não era exatamente o timing ideal… A “bolha” do Vale do Silício tinha acabado de estourar. Pequenas empresas estavam fechando. As grandes empresas estavam despedindo pessoas. Um CEO olhou para mim e admitiu: “Nós nem sequer pensaríamos em contratar alguém como você”.
Depois de um tempo, eu havia conseguido algumas ofertas de emprego e tinha que tomar essa decisão. O que eu fiz? Segui o que me ensinaram no MBA, e fiz uma planilha… Listei os possíveis trabalhos nas colunas e meus critérios nas linhas. Uma dessas propostas na planilha era para ser a primeira gerente geral da unidade de negócios do Google, o que hoje parece ótimo, mas na época ninguém imaginava que esse tipo de empresa de internet pudesse gerar algum lucro.
Eu não tinha nem a certeza de que esse era um trabalho real, já que o Google de fato não possuía unidades de negócio. No final das contas, o que mesmo havia lá para ser gerenciado? Além do mais, o trabalho era diversos níveis abaixo das posições que haviam me oferecido em outras empresas.
Então eu sentei com Eric Schmidt, que tinha acabado de se tornar CEO, mostrei a ele minha planilha e disse que o trabalho no Google não atendia a nenhum dos meus critérios. Ele colocou a mão na minha planilha, olhou para mim e disse: “Não seja um idiota”. Esse foi um excelente conselho de carreira.
E então ele continuou: “Entre em um foguete. Quando a empresa está crescendo rapidamente e conseguindo um grande impacto, as carreiras andam pelas próprias pernas. E quando as empresas não estão crescendo rapidamente ou têm uma missão que não é muito importante, é aí que a estagnação passa a ser uma ameaça. Se te oferecem um assento em um foguete, não pergunte qual é o assento. Apenas entre no foguete!”
Cerca de seis anos e meio mais tarde, quando eu estava saindo Google, eu levei esse conselho em meu coração. Diversas empresas me ofereceram cargos de CEO, mas fui para o Facebook como COO, chefe de operações. Na época as pessoas questionavam: “Por que você está indo trabalhar para um garoto de 23 anos?”.
A metáfora tradicional para carreira é uma escada, mas eu não acho que ela vale hoje em dia. Ele simplesmente não faz sentido em um mundo menos hierárquico. No meu começo no Facebook, uma mulher chamada Lori Goler, da turma de 1997 de Harvard, estava trabalhando com marketing no eBay e já tínhamos nos conhecido em eventos sociais.
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Ela me ligou e disse: “Eu queria falar sobre ir trabalhar com você no Facebook. Então pensei em te ligar e dizer todas as coisas em que sou boa todas as coisas que eu gosto de fazer. Mas eu percebi que todo mundo deve estar fazendo isso. Então, ao invés disso, quero saber qual é o seu maior problema e como posso resolver isso?”
Meu queixo ficou no chão. Eu já tinha contratado milhares de pessoas ao longo da minha carreira, mas nunca ninguém tinha me dito nada parecido. Eu mesma nunca tinha dito nada parecido. As buscas por um emprego costumam ser sempre sobre quem está buscando o emprego, mas não no caso de Lori. Eu disse: “Você está contratada. O meu maior problema é recrutamento e você pode resolvê-lo”. Então Lori mudou para uma área em que ela nunca imaginou que estaria, e desceu um nível na carreira para iniciar nesse novo campo. Desde então, ela já foi promovida diversas vezes e tem feito um trabalho extraordinário cuidando de todos os processes relacionados à recursos humanos no Facebook.
Lori tem uma grande metáfora para carreira. Ela diz que não se trata de uma escada, e sim de um trepa-trepa.
Quando você começar sua carreira após a faculdade, procure oportunidades, procure crescimento, procure impacto, procure uma missão. Mova-se para os lados, para baixo, para frente e para fora. Construa suas habilidades e não o seu currículo. Avalie o que você pode fazer, e não o cargo que vão te dar. Fazer trabalho de verdade. Pegue um meta de vendas, uma linha de produção ou um trabalho de operações. Não planeje muito, e não espere uma subida direta. Se eu tivesse traçado um plano para a minha carreira quando sai da faculdade, eu teria perdido a minha carreira.