O medo de falar em público é uma realidade para muitas pessoas. A atividade pode ser tão estressante que é utilizada com frequência como manipulador em estudos psicológicos, segundo Art Markman, PhD e autor de diversos estudos sobre raciocínio, tomada de decisão e motivação. “Diga aos graduandos que eles têm 10 minutos para preparar um discurso que será avaliado por especialistas, e seus níveis de cortisol, o hormônio do estresse, dispara pelo telhado”, brinca o especialista em artigo na Harvard Business Review.
Ainda assim, falar em público é um requisito em diversas situações e funções. Markman, por exemplo, conta que além de dar aulas, dá aproximadamente uma palestra por semana. “As pessoas me perguntam se isso me deixa nervoso. Não deixa. E dou muito crédito ao meu fascínio pela comédia stand-up“, diz. Confira suas dicas, inspiradas no stand-up comedy.
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Como acabar com o medo de falar em público
#1 Entenda que as consequências são menores do que parecem
Por que exatamente falar em público é tão estressante? Um dos principais motivos: é um risco social. Se você der uma péssima palestra (ou tropeçar até o palco), sua reputação pode sofrer com as consequências por muito tempo.
“A morte é uma metáfora frequente para os comediantes. Quando eles têm um ótimo set, eles ‘mataram’. Quando eles têm um set terrível, eles ‘morreram’ no palco. Todo comediante que eu já conheci ou li sobre ‘morreu’. Frequentemente. E eles viveram para contar a história. E muitos ainda tiveram carreiras de sucesso.”
Você está muito mais preocupado com as conseqüências de uma apresentação do que qualquer outra pessoa, destaca o especialista. Os outros estão simplesmente muito menos preocupados (e notam muito menos) do que pensamos.
Quando você percebe que as desvantagens de falar em público não são tão ruins, fica mais fácil. Além disso, o estresse diminui a capacidade de “memória de trabalho” – a quantidade de memória disponível para o pensamento crítico momentâneo. Quando você está menos tenso em se apresentar, também pensa com mais clareza, o que ajuda a ser mais espontâneo e a responder às perguntas com mais eficiência.
#2 Melhore a apresentação ao longo do caminho
Quem fala bastante em público, muito provavelmente fala sobre a mesma coisa – como acontece com os comediantes de stand-up. Eles pensam no roteiro e o testam com o público. Nas performances seguintes, enfatizam e embelezam as partes que deram certo e tiram as que não deram. Depois de terem realizado uma rotina várias vezes, eles têm um bom senso de onde e quais reações vão aparecer.
Você pode fazer o mesmo. Aproveite as oportunidades para falar diversas vezes sobre o assunto. Preste bastante atenção no público e tente conseguir feedback das pessoas que te ouviram.
Em seguida, faça algumas anotações – não confie apenas na sua memória. Realce os elementos que as pessoas parecem gostar. Reorganize seções da palestra que pareceram ser desinteressantes para o público.
Plano de ação para realizar os seus objetivos
#3 Lembre da “regra de três”
“Em meu livro Smart Thinking, falo sobre a observação de que as pessoas lembram aproximadamente três coisas sobre qualquer experiência que tenham. Essa ideia tem um paralelo direto na comédia.”
Existe uma estrutura de piada comum, com base nisso. Basicamente, você conta uma história, repete e, na terceira vez, muda ela de forma “memorável”. Para Markman, isso funciona bem por dois motivos: a combinação do primeiro elemento com o segundo cria expectativas. “Quando você quebra essa expectativa pela terceira vez, você cria algo memorável, surpreendente e (às vezes) bem-humorado”, completa ele.
Quando preparar suas apresentações, descubra as três coisas que você quer que as pessoas se lembrem e concentre-se nelas. Encontre maneiras de fazer comparações entre os elementos para que o público crie expectativas. “Resista à tentação de adicionar mais conteúdo. Menos é mais”, destaca o especialista.
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Por fim, o PhD dá uma lição “bônus”: “Os comediantes costumam usar callbacks para gerar humor. Em um callback, eles se referem a uma piada que contaram anteriormente no set. Callbacks podem ser engraçados, mas também incentivam a memorização.”
O cérebro esquece a maior parte das coisas, mas uma das coisas que o faz lembrar é julgar se você precisará dessa informação mais tarde. Ao tocar novamente em um ponto do início da apresentação, você está dando ao seu público pistas sobre as informações que devem se lembrar depois.