Vitor Soares
Publicado em 12 de abril de 2022 às 15:59h.
Nos últimos anos, a discussão sobre a inclusão de pessoas transexuais ganhou ainda mais espaço nas grandes corporações, com o aumento de palestras, processos seletivos direcionados e discursos promovendo a diversidade. No entanto, apesar dos avanços institucionais, o cenário real permanece bastante desafiador para pessoas trans.
Segundo uma pesquisa de 2021 da consultoria internacional McKinsey, pessoas trans recebem salários 32% menores do que pessoas cisgênero nos Estados Unidos, evidenciando que a desigualdade salarial persiste.
No Brasil, uma pesquisa realizada pela #VoteLGBT, organização que busca aumentar a representatividade de pessoas LGBTQIA+, evidenciou que 56% das pessoas trans viviam em domicílios com insegurança alimentar em 2021.
A saúde mental segue como um dos principais desafios. Estudo publicado em 2023 nos Estados Unidos apontou que cerca de 33% das pessoas transgênero apresentaram sinais de depressão, uma taxa significativamente superior à média da população geral (8,3%).
No Brasil, pesquisas indicam que pessoas LGBTI+ têm até três vezes mais chances de desenvolver transtornos mentais, como depressão e ansiedade, em comparação com a população geral. Entre pessoas trans, o estigma, a discriminação e a exclusão social agravam ainda mais os índices de sofrimento psíquico e dificultam o acesso ao tratamento adequado
David Baboolall (elu/delu) e Julie Zucker (ela/dela), profissionais que lideraram estudos da consultoria McKinsey sobre pessoas trans, afirmam que esses são os principais desafios para empregadores no atual momento.
“As pessoas trans não se sentem confortáveis para serem elas mesmas”, disse Zucker. “E quando isso acontece é muito difícil que elas possam performar da melhor forma possível.”
Baboolall explicou que existe uma barreira inicial para solucionar a questão da inclusão relacionada ao vocabulário geral, já que a própria comunidade trans discorda sobre a utilização de alguns termos utilizados para se referir a pessoas trans e até para defini-las.
“Muitas vezes as pessoas não falam da questão trans por não terem acesso ao vocabulário correto, e temerem ofender os colegas”, explica elu.
Zucker e Babolall apontaram, com base em seus estudos, quais são os quatro passos para criar ambientes profissionais mais inclusivos para pessoas trans.
Confira a seguir.
É preciso, sim, criar processos seletivos que tenham como objetivo contratar pessoas trans ou que considerem suas particularidades.
Para isso, algumas ações importantes a serem realizadas pela equipe para se preparar para esse público são:
Empresas que desejam ser mais inclusivas precisam pensar nas necessidades de seus empregados também de modo inclusivo. No caso de pessoas trans isso passaria por:
Essas ações, segundo David, ajudam a reduzir o estigma de se mostrar como pessoa trans e dá mais segurança às pessoas para se mostrarem como elas são.
Algumas ações, aponta a pesquisa, são meramente comportamentais e não demandam mudanças estruturais em nenhuma organização. Algumas delas são:
Colocar a diversidade e o respeito às diferenças como parte da cultura das empresas, não se limitando somente a questões de gênero, podem ser uma saída interessante. Para pessoas trans, porém, algumas ações interessantes podem ser:
“É preciso dar os passos pequenos primeiro, porque eles já fazem uma grande diferença para inclusão”, resume Zucker.