A revista britânica The Economist promoveu sua editora de business affairs, Zanny Minton Beddoes, para o cargo mais alto da publicação: editora-chefe. Aos 47 anos, a jornalista é a primeira mulher a ocupar a posição nos quase 172 anos de existência da publicação. A nova chefe tem entre os seus desafios aumentar o número de leitores da revista, que em 2014 teve queda nas vendas pela primeira vez em 15 anos, de acordo com reportagem do Financial Times.
Formada pela Universidade de Oxford, com Bacharelado em Política, Filosofia e Economia, e com mestrado pela Universidade de Harvard, Zanny já foi conselheira do Ministro de Finanças da Polônia e passou dois anos como economista no Fundo Monetário Internacional (FMI) antes de se juntar à equipe da The Economist, em 1994. No órgão internacional, ela trabalhou em programas de ajustes macroeconômicos na África e nas economias em transição no Leste Europeu.
“Acho que Finanças Internacionais continua sendo uma área dominada por homens de ternos, mais ainda que qualquer outra parte da economia internacional”, disse ela durante uma conferência de liderança feminina organizado pela própria The Economist. “Há muito tempo atrás eu comecei minha carreira como uma economista solitária na base do Fundo Monetário Internacional, e me lembro de que não havia nenhuma mulher em cargos de gerência”, ela completa. Vale lembrar que hoje o órgão é liderado pela francesa Christine Lagarde.
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Questões internacionais De qualquer forma, foi por meio da expertise adquirida nessa época que ela fez a transição para a indústria da mídia, tornando-se correspondente para mercados emergentes na revista britânica – cargo que envolvia viajens frequentes para América Latina, Europa Oriental e Ásia. Dois anos depois de ter sido contratada, já era editora. Por causa do trabalho, mudou-se para Whashington DC, nos Estados Unidos, e depois de volta para Londres, na Inglaterra, onde vive atualmente.
“Estou muito contente por ter a oportunidade de editar The Economist”, comentou Zanny, em comunicado oficial para a imprensa sobre sua promoção. “Trata-se de uma das grandes instituições do jornalismo, com uma equipe extremamente talentosa”, ela completa. Com uma circulação semanal de 1,6 milhões de exemplares ao redor do mundo, cerca de ¼ dessa “equipe talentosa” é formada por mulheres, enquanto elas constituem apenas 13% dos leitores.
Desde que iniciou a carreira como jornalista, Zanny escreveu diversos artigos sobre questões financeiras internacionais, com destaque para o processo de alargamento da União Europeia, o futuro do FMI e as reformas econômicas nos países emergentes. A cobertura da crise financeira do final de 2009, que ficou conhecida como crise da dívida pública da Zona Euro, lhe rendeu o prêmio Geral Loeb, um dos mais importantes do jornalismo econômico.
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Sozinhas no topo Em sua função, Zanny passa a figurar entre entre as mulheres mais influentes da mídia impressa internacional, grupo em que também estão incluídas Ariana Huffington, editora-chefe do Huffington Post, Anna Wintour, editora-chefe da edição norte-americana da revista Vogue, Gillian Tett, managing editor do Financial Times nos Estados Unidos, e a chinesa Hu Shuli, editora-chefe do grupo Caixin Media.
Mas, como lembra o jornalista Gideon Lichfield, em texto postado no portal Quartz, esse continua sendo um ambiente dominado por homens – assim como o FMI no início da carreira de Zanny. “Você pode pensar que já estava em tempo [da revista The Economist nomear uma editora-chefe mulher], mas ela não deixa de ser praticamente uma pioneira”, escreve. Segundo ele, publicações de prestígio sobre negócios, como Financial Times, The Wall Street Journal, Washington Post, Times e Telegraph, também nunca foram chefiadas por mulheres. O americano The New York Times teve sua primeira editora em 2011, e o francês Le Monde em 2013 (ambas já deixaram suas posições).
Gideon trabalhou 16 anos para a The Economist e, esse ano, estava entre os 13 candidatos cogitados para o cargo de editor-chefe da revista. Zanny era a única mulher entre eles.