Os conselhos para ser um bom gestor em um mundo em transformação

Foto mostra trio de painelistas no palco da Conferência Gestão e Inovação do Na Prática. Anamaíra Spaggiari é uma mulher branca, de cabelo castanho e longo, que veste calças pretas e blusa social colorida. Lorice Scalise, sentada em cadeira ao lado de Anamaíra, é uma mulher magra, de cabelos curtos e pretos, que veste camisa social branca e calça social preta, e Líbano Barroso, sentado ao lado de Scalise, é um homem branco de cabelos curtos que veste terno cinza, sem gravata.

A Conferência Gestão e Inovação do Na Prática foi aberta com a mensagem de que a empatia nas relações, aliados à valorização da experiência do outro, são essenciais para carreiras na área de gestão de pessoas.

É o que trouxeram os dois líderes de trajetórias marcantes que participaram do painel de abertura do evento: Lorice Scalise, CEO da Roche Farmacêutica no Brasil, e Libano Barroso, conselheiro independente em empresas como o GPA e ex-CEO da Latam Airlines. Mediados por Anamaíra Spaggiari, CEO do Na Prática, ambos compartilharam os desafios, aprendizados e decisões que moldaram suas carreiras, oferecendo perspectivas sobre liderança, inovação e propósito.

Valores e diversidade

Em um ambiente marcado pelas conexões entre jovens talentos e empresas, o painel fez um convite aos jovens para uma reflexão sobre seus próprios valores e princípios. Tanto Scalise quanto Barroso enfatizaram que a escolha de uma empresa vai além do prestígio da marca: é essencial buscar alinhamento com os próprios valores.

“A gente nunca trabalhou para uma empresa, mas sim para os nossos valores”, destacou Scalise, primeira mulher e primeira latino-americana a ocupar o cargo de CEO da Roche no Brasil.

Com uma trajetória construída a partir de esforço e clareza de propósito, Scalise destacou que chegou à liderança não apenas por representar a diversidade, mas por estar preparada para quando a oportunidade surgiu. “Não foi só a cota, foi o meu esforço e a minha competência”, afirmou, relembrando sua formação em escola pública e o ingresso na universidade antes das políticas afirmativas.

Líbano Barroso, por sua vez, reforçou a importância de reconhecer as próprias raízes para avançar com propósito e autenticidade. “É preciso ter clareza do que vocês querem, de modo a gerar valor para a sociedade e para a empresa. Como você se aproxima da necessidade do outro?”, questionou.

Leia mais: Ela participou da Conferência Na Prática há 10 anos – e hoje trabalha aqui!

Iniciativas que transformam

Exemplo disso foi o programa de diversidade de gênero implantado por Líbano Barroso durante sua gestão nas Casas Bahia. À época, ele criou uma iniciativa pioneira para selecionar exclusivamente mulheres como gerentes em 20 lojas da rede. A expectativa era de que a performance fosse superior à dos homens, mas o resultado mostrou algo ainda mais valioso. “O desempenho foi igual — e é isso que importa: igualdade”, refletiu.

O episódio serviu, na visão do conselheiro do GPA,  para mostrar que inovar também é ter coragem de questionar modelos estabelecidos e abrir espaço para o novo. Segundo Barroso, programas de diversidade são instrumentos poderosos para que as empresas reflitam a sociedade, compreendam melhor seus clientes e sejam mais bem-sucedidas em suas entregas.

A conversa deixou claro que liderar em um mundo em transformação exige muito mais do que técnica. Exige coerência entre discurso e prática, escuta ativa, coragem para aprender e, acima de tudo, conexão genuína com as pessoas. Valores que atravessaram toda a trajetória dos dois painelistas — da primeira oportunidade até o topo.

Coragem para escolher e inovar

Os dois convidados também reforçaram a importância de fazer escolhas conscientes, ainda que difíceis, desde o início da carreira. Lorice Scalise, que assumiu o posto de CEO da Roche após 25 anos na empresa, lembrou sua decisão de trocar um futuro promissor na Danone por uma vaga de vendedora na área de saúde. “Foi ali, no contato direto com os pacientes, que tudo começou a fazer sentido”, afirmou.

Essa vivência na ponta da operação, segundo ela, moldou sua visão estratégica e empática, qualidades indispensáveis para liderar em um setor tão sensível.

Já Barroso destacou que sua ascensão em diferentes setores da economia — de infraestrutura ao varejo — veio da coragem de assumir riscos calculados e da disposição para aprender com quem tinha mais experiência. “Você não precisa saber tudo, mas precisa estar disposto a ouvir, a pedir ajuda e a se associar a quem sabe”, disse. Ao lembrar da construção do Grupo CCR do zero, Barroso frisou a importância da curiosidade e do respeito pelas relações humanas como motores da inovação.

Líbano Barroso, homem branco, com barba grisalha e terno sem gravata, fala no palco da Conferência Na Prática.

Os palestrantes concordaram que inovação nasce da inquietação com modelos prontos e da abertura para construir algo novo com propósito. Scalise reforçou que o sucesso, especialmente para quem vem de trajetórias fora do padrão, é fruto de esforço, disciplina e alinhamento com um propósito maior. “Nada é definitivo. Quem define o que vai ser de cada um de vocês amanhã é só e puramente vocês”, declarou.

Liderança com propósito e empatia

Os líderes também compartilharam momentos em que a empatia foi essencial para exercer sua função. Um dos relatos mais marcantes veio de Barroso, ao relembrar o período em que esteve à frente da TAM durante o maior acidente aéreo da história do Brasil. Mesmo sendo CFO na época, ele se voluntariou para estar próximo das famílias das vítimas. “Empatia é isso: estar presente na dor do outro, assumir responsabilidades e garantir direitos”, contou, destacando que o caso se tornou referência internacional na área de gestão de crises.

A CEO da Roche, por sua vez, ressaltou que liderar é também investir em transformação coletiva. Sob sua gestão, a Roche tem descentralizado os centros de pesquisa no Brasil, levando inovação e oportunidades para regiões historicamente esquecidas, como o Norte e o Nordeste. “Investimos mais de R$ 610 milhões em pesquisa no Brasil no último ano, porque acreditamos que ciência se faz onde há gente e oportunidade”, destacou.

Os dois também endossaram a importância das ações afirmativas e dos programas de diversidade nas empresas. Barroso compartilhou sua experiência ao implementar um programa de liderança feminina nas Casas Bahia e o quanto foi essencial confrontar expectativas com dados reais. “O importante não é ser melhor, é ser igual. É isso que importa: a igualdade como valor e prática”, afirmou.

Conselhos para quem está começando

Na reta final do painel, os convidados deixaram conselhos valiosos para os jovens que buscam se lançar no mercado. Scalise enfatizou a importância da autenticidade e de uma jornada profissional que prioriza seus próprios desejos e princípios. “O sucesso precisa ser definido por vocês, e não pelo olhar do outro. Sejam curiosos, disciplinados e empáticos. Trabalhem para vocês mesmos”, recomendou.

Barroso completou dizendo que uma carreira bem-sucedida é aquela que se alinha com a vida que se quer construir. Para ele, o autoconhecimento e o respeito pelas experiências alheias são ferramentas fundamentais para isso. “Tenham coragem de ter dúvidas. Escutem quem já viveu. Diversifiquem suas experiências. Não há verdade absoluta, sempre há algo a aprender”, aconselhou.

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