Dos 18 milhões de brasileiros que estão no LinkedIn, quantos realmente sabem usar o site de forma produtiva? Para quantos a dificuldade de se comunicar bem pela rede não acaba levando ao desperdício de oportunidades profissionais?
Não são poucos os que se prejudicam por dúvidas e receios na hora de se relacionar com possíveis empregadores no site. O motivo? Segundo Milton Beck, diretor da área de soluções de talentos do LinkedIn no Brasil, ainda há muitos mitos rondando a cabeça das pessoas quando o assunto é a interação com recrutadores pela rede social.
O maior deles, diz Beck, é pensar que existe algo de diferente na forma de se relacionar com eles pelo site. “Qualquer postura que você não teria presencialmente também não vale para o contato via LinkedIn”, explica.
Ele cita o exemplo hipotético de um candidato que manda mensagens para o recrutador insistentemente, apesar de não receber nenhuma resposta. “Não é porque a comunicação se dá pela internet que você deve esquecer que o outro também é um ser humano e não gosta de spam”, afirma Beck.
Quer dizer que enviar mensagens para o recrutador no LinkedIn é uma má ideia? Não, diz o diretor. “Fazer contato com ele não é ruim, o problema é exagerar na dose”, pondera o diretor. Para ele, o segredo é usar o bom senso, agindo com gentileza, respeito e paciência.
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Estratégias de aproximação
Beck comenta que ficar sem resposta não significa necessariamente que o recrutador está desinteressado. “Dependendo do caso, ele pode receber centenas de mensagens por dia no LinkedIn e não consegue ler tudo”, diz o diretor.
A melhor forma de chegar até ele, então, é buscar algum contato em comum entre vocês. “Ativar alguém da sua rede de contatos que conhece o recrutador é a forma mais eficaz de se aproximar dele”, explica Beck. Se você conseguir ser apresentado, melhor ainda.
Outro erro de estratégia é achar que vale tudo para chamar a atenção do empregador. Se existe uma vaga anunciada no LinkedIn para médico num hospital, por exemplo, não faz sentido você se candidatar se é advogado, contador ou administrador.
“Achar que você pode mandar o currículo para qualquer posição, só para se fazer conhecer pelo recrutador, é um erro comum e muito grave”, diz Beck. Para não desgastar sua imagem, o melhor é se candidatar para vagas que realmente foram feitas para você.
O poder dos contatos
Segundo o diretor, entre os brasileiros no LinkedIn, apenas 3,5 milhões estão buscando emprego ativamente pelo site. “Sobram 14,5 milhões de pessoas que estão lá dentro apenas para fazer contatos e aprender mais sobre suas áreas de atuação”, diz ele.
Mesmo que você não esteja atrás de um emprego, o conselho de Beck é manter uma relação cordial com headhunters e profissionais de recursos humanos de outras empresas no LinkedIn. “Se você recebe uma oferta de um recrutador, minha opinião é a de que não deve ‘fechar as portas’, mesmo que acabe recusando o convite dele”, diz ele.
Isso significa apostar na manutenção do vínculo com esses contatos, ainda que não haja a intenção imediata de contar com eles para conquistar uma oportunidade. “O objetivo, aqui, é fazer networking”, diz Beck.
Finalmente, é preciso lembrar que o seu interesse não deve se restringir a recrutadores. “Fazer networking pelo site pode ser útil para retomar contatos antigos, ter insights sobre sua área ou obter recomendações sobre bons cursos, por exemplo”, afirma o diretor.
Pares, ex-chefes, influenciadores – em resumo, todas as outras pessoas com quem você possa evoluir profissionalmente – compõem a rede que vale a pena alimentar. “Ter bons relacionamentos só ajuda”, conclui ele.
Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.