Quando se fala sobre eficiência e produtividade, a procrastinação é sempre colocada como uma grande vilã. Não faltam textos sobre como ela é prejudicial, nem soluções para acabar com ela. Realmente, o hábito de postergar as tarefas – muitas vezes, até a data limite – pode ser um obstáculo poderoso quando se busca a melhor forma de trabalhar. Mas nem sempre.
Em um artigo publicado no site Fast Company, o professor de psicologia e marketing da Universidade do Texas, Art Markman mostrou como, em um tipo específico de situação, a procrastinação pode ser a escolha mais benéfica para gerenciar pessoas.
É assim que se faz da procrastinação uma técnica de gerenciamento
Às vezes, a melhor coisa que você pode fazer é não responder imediatamente às perguntas dos seus funcionários
Você foi promovido a uma função de supervisão, e você não quer mesmo ser um chefe ausente que inspira artigos como este. Então você faz um esforço consciente para ser atento e participativo – respondendo sempre que seus funcionários perguntam, e estando disponível sempre que eles precisam de você. Tanto que, em alguns dias, você sente que mal tem tempo para fazer o seu trabalho.
Mas isso faz parte de ser um supervisor, certo? Bem, sim e não.
É importante treinar seus funcionários diretos nas habilidades que precisam para realizar bem o trabalho – porque se eles se destacam, isso vai refletir em você. De qualquer forma, às vezes esse treinamento envolve saber quando adiar os pedidos dos funcionários. Sim, você ouviu direito: tem vezes em que procrastinar pode, realmente, ser uma ferramenta poderosa de gerenciamento. Aqui explicamos quando e porquê.
Você ensina seus funcionários a serem engenhosos
Pense em uma época em que você precisava desesperadamente de uma resposta para uma questão, mas não tinha a quem perguntar. O que você fez? Provavelmente tentou achar a resposta por conta própria – seja digitando a pergunta no Google, consultando um colega, ou pesquisando no servidor da empresa porque você sabe que aqueles arquivos estão lá, em algum lugar.
Então, se seus funcionários diretos vêm a você pedindo ajuda, considere procrastinar. Adie o pedido por algumas horas. Se alguém te aborda de manhã, fale que vai ajudá-lo à tarde, se até lá não tiver descoberto sozinho. Da mesma forma, jogue os pedidos da tarde até a próxima manhã.
Como um gerenciador, adiar alguns pedidos – pelo menos por pouco tempo – previne que você vire uma balcão que oferece todas as respostas aos seus funcionários. Assim, eles vão aprender a procurar pelo que precisam sozinhos antes de vir a você. Ao longo do tempo, muitos dos problemas, questões e pedidos que eles fariam a você, vão começar a sumir. Todo mundo ganha: você fica com mais tempo de novo, e sua equipe aprende a resolver problemas por conta própria.
E quando eles vierem a você com uma indagação, você pode ter certeza de que tentaram achar a resposta sozinhos – e, assim, é mais provável que vocês tenham uma discussão produtiva sobre o assunto.
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Você ajuda seus funcionários a se tornarem líderes melhores
Mais importante ainda, quando você não pula para ajudar com os pedidos imediatamente, você ensina uma lição sobre liderança que seus funcionários não aprenderiam de outra forma. Um dia, alguns membros da sua equipe vão estar sentados na sua posição, recebendo as perguntas que você está recebendo.
Ao encorajá-los a resolver problemas sozinhos antes de vir a você, também está ajudando a torná-los trabalhadores mais eficientes, e de mais valor, reforçando o fato de que você tem suas próprias prioridades (as quais eles deveriam respeitar). Da mesma forma, eles vão aprender que é perfeitamente aceitável priorizar seu próprio trabalho enquanto ajudam os colegas apenas no momento oportuno.
Quando você adiar um pedido por algumas horas, encoraje a pessoa que o fez a continuar trabalhando e não usar sua demora como uma desculpa para deixar a tarefa de lado.
Claro, às vezes o funcionário que perguntou já esgotou todas as opções, e está vindo até você porque não sabem mais como proceder. Quando suas palavras ou linguagem corporal te disserem que este é o caso, vá em frente e o ajude. Não tem nada de errado em deixar tudo de lado e ajudar de vez em quando – só não o tempo todo.
Este artigo é uma tradução do Fast Company. Para conferir o original (em inglês), clique aqui.