Imagine participar de até 14 processos seletivos em um único dia, conversar cara a cara com CEOs e lideranças de grandes empresas e ainda sair com insights valiosos sobre o futuro do trabalho. Foi o que aconteceu durante a Conferência Na Prática Gestão e Inovação, realizada no último dia 28 de julho no Amcham Center, em São Paulo (SP).
O evento transformou os corredores do centro empresarial em um verdadeiro portal de oportunidades, onde mais de 350 participantes – em sua maioria jovens profissionais – tiveram acesso direto a recrutadores de 14 grandes empresas do mercado, incluindo Nubank, Stone, Cielo, Serasa Experian, Shopee, Suzano, Boston Consulting Group (BCG) e Lojas Renner.
Durante seis horas intensas de programação, o evento quebrou o protocolo tradicional de recrutamento: em vez de esperar por uma oportunidade, os jovens puderam abordar diretamente os recrutadores, apresentar suas trajetórias e fazer networking estratégico que poderia resultar em contratações imediatas.
Liderança humana em tempos de IA
O painel de abertura trouxe histórias que inspiraram a plateia. Lorice Scalise, CEO da Roche Brasil, compartilhou sua jornada de 25 anos na mesma empresa farmacêutica, guiada por um propósito claro: servir aos pacientes e melhorar o sistema de saúde. “Eu sempre trabalhei na Roche, mas sempre tive muito claro quais são os meus objetivos pessoais”, disse, incentivando os participantes a manterem-se fiéis aos próprios valores.
Scalise destacou a importância das cotas para posições de liderança, e a visibilidade que elas trazem para grupos que tradicionalmente estiveram fora desses espaços nas empresas. “Sou CEO da Roche por duas cotas, e faço questão de falar isso. Isso não diminui, não representa nenhum demérito à minha competência. Eu sempre fui uma pessoa extremamente competente e disciplinada, com toda a condição de fazer o trabalho que eu faço”, ressaltou.
Já Libano Barroso, Conselheiro do GPA, trouxe uma lição de liderança que marcou sua carreira. Como CFO da então TAM (hoje Latam), durante o trágico acidente aéreo envolvendo um avião da empresa em Congonhas (SP), em 2007, ele se voluntariou para estar próximo às famílias das vítimas, saindo do protocolo para priorizar a empatia diante da tragédia. “O como é tão importante quanto o resultado. É sobre empatia, sentir a dor do outro e estar próximo”, refletiu Barroso, destacando que essa experiência transformou sua visão sobre liderança.
IA como copiloto, não como substituto
Um dos temas mais quentes dos painéis foi o papel da inteligência artificial no cotidiano das equipes. Gustavo Queiroz, Head de Ops Marketplace & Novos Negócios do iFood, revelou que a empresa usa hoje mais de 150 modelos de IA rodando simultaneamente para prever demandas em situações específicas – desde domingos chuvosos até clássicos de futebol – garantindo que a entrega chegue sem complicações ao cliente.
Dalicária Alonso, Head de Produto da Stone, complementou a discussão definindo a IA como um “copiloto do dia a dia”. Para ela, a tecnologia libera os profissionais de tarefas repetitivas, permitindo que se dediquem à estratégia e ao pensamento crítico. “Estamos ganhando tempo para pensar em outras coisas”, explicou, enfatizando que a curadoria humana continua sendo essencial para o sucesso dos produtos e serviços, principalmente na interface com clientes.
“Hoje, nenhuma inteligência artificial tem a capacidade de estar tão perto das pessoas como nós, ter o nosso nível de empatia, de proximidade com o cliente”, ressaltou a líder da Stone.
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O desafio da Geração Z no mercado de trabalho
Uma das questões mais debatidas nos painéis do evento foi a integração das novas gerações ao ambiente corporativo. Os palestrantes compartilharam experiências práticas sobre os desafios e oportunidades de trabalhar com profissionais mais jovens.
Andréia Forte, Gerente Executiva da Cielo, observou uma característica marcante dessa geração: “Há uma ânsia muito forte em fazer acontecer, participar e falar, mas sem uma direção específica do caminho”. Na visão ela, é preciso ensinar esses jovens profissionais a priorizar e usar a energia com um foco estratégico.
Gustavo Queiroz destacou a vontade de progressão rápida e os impactos do home office no desenvolvimento de jovens profissionais. “Às vezes a pessoa fica com vergonha de perguntar no Slack e passa o dia inteiro debatendo com a cabeça algo que era simples”, pontuou, ressaltando a importância do aprendizado presencial.
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Pitches fazem jovens serem vistos por empresas
Durante o dia, mais de cinquenta participantes selecionados tiveram a oportunidade única de apresentar um pitch de dois minutos diretamente para os recrutadores – invertendo a lógica tradicional onde as empresas se apresentam para os candidatos.
Os jovens foram avaliados em competências como inteligência emocional, autoconfiança e originalidade, transformando o momento em uma verdadeira vitrine de talentos. Essa dinâmica permitiu que muitos participantes se destacassem e criassem conexões diretas com potenciais empregadores.
Amanda Ribeiro foi a grande vencedora entre os pitches do evento. Estudante de Engenharia da Computação na Inteli, ela participou da conferência pela primeira vez. “Tem sido muito bom poder fazer networking com diferentes profissionais, de diferentes áreas e empresas, e gostei muito deter a chance de fazer um pitch para os recrutadores que estão presentes aqui no evento”, contou.
Muito além do networking tradicional
Com quatro painéis temáticos sobre temas como liderança no século XXI, carreira em operações e Supply Chain, estratégias de marketing com foco no cliente e carreiras em inovação tecnológica, a Conferência Na Prática Gestão e Inovação juntou aprendizado, networking e oportunidades reais de carreira em um único evento.
O resultado foi um encontro entre gerações, onde a experiência de profissionais do mercado se combinou à energia de quem está chegando nas áreas de gestão e inovação com iniciativa e vontade de aprender. “Estou aqui para entender mais sobre minha carreira. Acredito que, quando a gente estuda no interior, e está longe das oportunidades dos grandes centros, estar aqui, podendo conversar com RH e entender como funciona o dia a dia das empresas deixa tudo muito mais claro”, ressaltou Amanda Gil, estudante de Administração na Unesp.
