Apaixonado pelo mundo acadêmico, o economista Sergio Malacrida trocou o desejo de dar aulas para trabalhar em empresas. Hoje, na posição de CFO da Votorantim S.A., vê semelhanças entre os dois mundos. “São muito diferentes mas têm uma coisa em comum: o impacto no mundo. Se você pensar na Academia, a pesquisa tem como intuito resolver problemas, que também é parte do mundo corporativo”, explica.
Foi motivado pelo impacto que poderia ter na vida das pessoas que havia decidido ser professor; e foi pela mesma razão que embarcou no mundo corporativo. Durante a crise de 2008, trabalhando na companhia de celulose Aracruz (que atualmente é a Fibria), percebeu que poderia ter os resultados que desejava, talvez em maior escala, atuando em empresas. “Um dos desafios que o Brasil tem, além da questão da Educação, é a questão da distribuição da riqueza. Mas para você poder distribuir você tem que gerar riqueza”, diz o diretor financeiro.
Sua inclinação para a Academia ditou parte de sua trajetória. Não só fez uma segunda graduação, em Letras, também é mestre em Matemática – e já deu aulas para alunos de cursinho, de MBA e de mestrado. Mesmo que o tempo seja mais escasso agora que ocupa o cargo de diretor financeiro de uma empresa que atua em mais de 20 países e ele não consiga mais dar aulas, vê que as habilidades que desenvolveu são postas a uso a todo momento.
“O jeito de matemático de pensar me ajuda em muitas coisas, a maneira de elaborar a língua também me ajuda muito a expressar o que eu penso e elaborar o pensamento. Essas duas coisas convivem muito no meu cérebro.”
Resiliência e adaptabilidade
Em 2018 a Votorantim S.A completou 100 anos e, segundo Sergio, isso se deve a sua capacidade de se reinventar – pois passou por momentos desfavoráveis como guerra e recessão. “Você não sabe qual a mudança que vai vir, nem de onde vai vir, mas acho que o que a gente mostrou é que é possível se adaptar e sobreviver”, afirma.
A adaptabilidade é uma qualidade necessária mesmo nos profissionais da companhia, que investe em negócios de diversos setores – “uns que não estão muito bem e outros que estão”, dependendo do momento. Saber lidar com a cartela diversificada é algo que o CFO afirma ser de grande valia para o ramo dos investimentos. “A capacidade de olhar o portfólio como um todo e ver como a interação se dá é um exercício que está nos livros da faculdade, mas trazer essa aplicação para o mundo de verdade é bastante interessante”, explica Sergio.