No mundo corporativo, existe um conceito utilizado para definir um momento caótico, no qual é difícil fazer previsões para o futuro: mundo VUCA. A sigla faz referência às características de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. Nesse cenário, uma habilidade tem se destacado dentro das competências comportamentais mais desejadas nos profissionais: a adaptabilidade proativa. Ser capaz de se adaptar e ser proativo não são habilidades novas dentro do mercado de trabalho, mas combinadas essas características podem levar o profissional mais longe.
O que é adaptabilidade proativa?
Especialista em gestão de mudanças e inovação, Marcelo de Elias define a adaptabilidade proativa como a habilidade de reconhecer oportunidades e desafios futuros, por meio da análise de tendências, dados e informações. Munido desse conhecimento, o profissional consegue se preparar e se ajustar a novas situações e momentos.
A principal diferença entre a adaptabilidade proativa e a reativa (considerada a tradicional) está no momento da mudança. Enquanto a adaptação só ocorre depois que as coisas mudam, a adaptabilidade proativa adianta as demandas futuras antes que ela sejam necessárias. Por meio da proatividade, o profissional consegue se adaptar para aquilo que o mercado vai precisar, antes que ele de fato preciso. Isso gera uma vantagem competitiva tanto para o profissional em si para a organização que consegue pensar estratégias de longo prazo inovadoras.
Dessa forma, os trabalhadores não precisam constantemente ser resolvedores de problemas, mas usar a adaptação para criar estruturas para tendências futuras, sem ficar correndo atrás para alcançar marcas inovadoras com esse olhar. Os profissionais que desenvolvem a adaptabilidade proativa conseguem se tornar protagonistas do mercado. Essa habilidade também depende de uma boa visão de futuro.
Como desenvolver essa habilidade
A capacidade de observação atenta é uma das principais características de quem desenvolve a adaptabilidade proativa. O profissional deve estar sempre sintonizado para perceber sinais de mudança do ambiente externo. Essas observações devem ser decodificadas e transformadas em ações para refinar ou reinventar modelos, cenários e estratégias.
Fazer essa análise sem julgamentos ou preconceitos também ajuda o observador a enxergar informações e detalhes que podem indicar novas possibilidades. Aqueles que são resistentes ao novo, possuem uma personalidade passiva ou preferem o pensamento linear dificilmente conseguirão adotar uma abordagem de adaptabilidade proativa.
Mas com tantas informações disponíveis, também é preciso saber identificar quais conteúdos podem realmente contribuir com mudanças positivas. Com isso, habilidades de análise de dados e acessos a sistemas podem contribuir para identificar padrões que apontem tendências importantes do mercado. Além disso, trabalhar em uma empresa que incentive a experimentação e não condene os erros pode contribuir para a inovação e para o desenvolvimento dessa competência.
Adotar estruturas organizacionais descentralizadas e fluidas permite que as pessoas com maior probabilidade de detectar mudanças no ambiente respondam de forma rápida e proativa. Portanto, ambientes de trabalhos flexíveis e sem uma estrutura hierárquica rígida são alavancas poderosas para aumentar a adaptabilidade. As organizações precisam criar ambientes que estimulem o fluxo de conhecimento, a diversidade, a autonomia, a aceitação de riscos, o compartilhamento e a flexibilidade para que a adaptabilidade proativa possa se desenvolver.
4 passos para começar a trabalhar a adaptabilidade proativa
#1 Preste atenção a profissionais considerados disruptivos ou rebeldes: As grandes inovações costumam vir de profissionais que foram contra o resto do mercado, sendo muitas vezes até considerados malucos. Eles não seguiam as estratégias que os demais adotavam. Para trabalhar essa visão, tente olhar para mercados e áreas de atuação, identificar tendências e se questionar como seria se aquilo acontecesse no seu segmento. Embora reconhecer padrões seja mais difícil em um ambiente incerto, essa prática tem um grande valor competitivo.
#2 Identifique e resolva incertezas: Examine os riscos que podem afetar significativamente a empresa na qual você trabalha. Esse exercício pode forçar profissionais a perceber o que ainda não sabem e como lidar com isso. As empresas precisam saber diferenciar suposições questionáveis que são firmemente defendidas, tendências reconhecíveis mas que não foram colocadas em prática e incertezas intrínsecas para as quais é possível se preparar.
#3 Examine várias alternativas: Em um ambiente estável, é suficiente melhorar o que já existe. Mas a simples estratégia de exigir que toda proposta de mudança seja acompanhada por várias alternativas apresenta um conjunto de movimentos mais variado e poderoso, além de legitimar e promover a diversidade cognitiva e a flexibilidade organizacional.
#4 Aumente a velocidade do relógio: Em um ambiente de mudanças rápidas, as empresas precisam acelerar as transformações tornando-as processos de planejamento mais leves e frequentes, e até mesmo contínuos. A adaptabilidade proativa não é um remédio para todos os males, mas uma ferramenta para que profissionais consigam se manter à frente dos movimentos do mercado de forma dinâmica e sustentável.