Em 2020, enquanto boa parte da economia passava por dificuldades, o setor de tecnologia foi um dos poucos a registrar crescimento no Brasil, com alta de 23%, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES).
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No período, o consumo digital cresceu, novos postos de trabalho foram abertos e novas empresas, em toda parte, surgiram. Mas o que poderia parecer um crescimento isolado em um mar de resultados negativos deve ser visto como uma oportunidade para o país.
Essa é a visão de Mariana Penido, diretora de produtos do isaac, uma empresa de tecnologia que cria soluções para escolas e para a educação. Na visão dela e da sua organização, a tecnologia não pode mais ser vista como um setor à parte na indústria.
“Faz muitos anos que a tecnologia deixou de ser um setor. Ela faz parte de todas as indústrias, de todos os setores, de todas as empresas. Ela é um viabilizador para tornar o dia a dia mais simples.”
Mariana deu entrevista ao Na Prática e relatou suas impressões sobre educação, tecnologia e futuro, e deu um panorama sobre como sua empresa tem ajudado a aproximar as escolas do propósito de ensinar.
Tecnologia e o propósito de ensinar
Segundo Mariana, um dos grandes objetivos do isaac no início era tornar o dia a dia dos gestores escolares mais simples. Para os fundadores, o tempo gasto nas escolas em processos burocráticos afastava, e ainda afasta, os gestores do propósito de ensinar.
Ela afirma, por exemplo, que 70% do tempo utilizado nas escolas hoje é com processos dessa natureza.
Foi nesse ponto que a tecnologia entrou para mudar o rumo das coisas. Para sanar o problema, o isaac criou plataformas de gerenciamento de pagamentos e outros custos que levam simplicidade e previsibilidade para gestores.
“A ideia é que o contato entre escola e comunidade, pais e alunos, seja para além do processual”, diz Mariana. “Tudo aquilo que a gente pode apoiar com tecnologia, a gente traz pra nossa plataforma e pro mundo digital”.
Segundo a diretora, a ideia nasceu através de pessoas que já trabalhavam há décadas com educação e que perceberam lacunas entre os modelos de gestão nas escolas e os encontrados em empresas modernas.
“A gente percebeu que os negócios precisavam de tecnologia e que educação precisava muito de tecnologia”, relata Mariana. “Nós precisamos olhar pra fora, ver o que já está feito e incorporar visões ao mundo d a gestão escolar brasileira.”
Carreira em tecnologia com propósito social: qual o desafio?
Um dos pontos abordados por Mariana durante a entrevista relaciona carreiras em tecnologia com propósito social. Segundo ela, um grande problema nesse ponto é que as pessoas têm desejo de trabalhar com tecnologia por conta das ferramentas e quase nunca para encarar e solucionar problemas da sociedade.
Para ela, porém, é fundamental pensar que a tecnologia está a serviço de pessoas e dos problemas enfrentados pelas pessoas. Por isso, é preciso saber que, no meio, conectar-se a seres humanos será mais importante do que se conectar às máquinas.
“Não adianta pensar que só conhecimento técnico vai resolver os problemas da sociedade”, afirma ela ao dizer que o perfil buscado no mercado hoje é mais relacionado a habilidades comportamentais do que a habilidades técnicas.