Aos 30 anos, o carioca Pedro Salgueiro Telles é pragmático por natureza. Bolsista da Fundação Estudar, formou-se em Administração pela IBMEC-RJ em 2006, atraído pelas diversas opções de carreira possíveis. Em 2012, percebeu que queria algo fora do leque econômico e parou para estudar as possibilidades. Cauteloso, planejou-se financeiramente por mais dois anos antes de apostar em uma área totalmente nova. Hoje, trabalha como assistente de direção freelancer.
“Sempre gostei de fotografia e cinema e fazia filmes de brincadeira com meus amigos no colégio”, conta. “Mas quando entrei na faculdade, pensei que era aquilo que eu queria mesmo.” Bolsista da Fundação Estudar, tomou gosto por macroeconomia e finanças, integrou a empresa júnior da faculdade e começou a trabalhar. Passou por dois fundos de investimento, uma empresa de shoppings e uma consultoria antes de entrar na LLX, então capitaneada por Eike Batista.
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Hoje Prumo Logística, a empresa é especializada em projetos de infra-estrutura. Foi lá que Pedro passou dois anos como especialista em investimentos e finanças, seu último posto do tipo antes da guinada. Apesar de gostar dos temas e da perspectiva de crescimento na carreira, admitiu que tinha dificuldades em ver um futuro inspirador para si. “Quando eu olhava para a rotina de diretores e executivos, via que eu ficaria satisfeito com aquela vida só até a página dois”, explica.
Uma descoberta gradual “Eu já pensava em mudar há mais tempo, mas não sabia como fazer”, conta. Foi descobrindo aos poucos o interesse por criação e chegou a cogitar uma pós-graduação na área de marketing. Após uma entrevista em uma empresa de branding, no entanto, viu que não era por ali. Foi quando deixou a paixão pela imagem falar mais alto e começou a investigar o cinema nacional.
Como há de ser com um especialista em investimentos, Pedro empregou uma estratégia. Conversou com amigos e conhecidos para ter uma perspectiva realista do mercado, angariou informações, traçou um plano e guardou dinheiro. Após pensar em cinematografia e produção executiva, decidiu-se pela direção. Deixou o emprego em novembro de 2014. “Há quem consiga levar as atividades em paralelo, mas meu caminho foi romper”, diz.
E aquele primeiro ano foi melhor do que ele imaginava: engatou trabalhos em publicidades, clipes e na série Ribanceira, do Canal Brasil. Terminou o ano como segundo assistente de direção em seu primeiro longa metragem, Pendular, de Júlia Murat. Olhando para trás, ele lembra com um sorriso que o filme veio exatamente um ano após pedir demissão.
“O assistente de direção é quem pega todos os desejos do diretor e vê, dentro das possibilidades, como fazer aquilo da melhor maneira possível”, resume Pedro, que fez um curso intensivo com um diretor experiente em 2015 e aprendeu muito na prática. Apesar de se ver nos primeiros estágios da transição (e ser remunerado de acordo), ele encara sua experiência profissional anterior como uma vantagem nesse novo mundo, especialmente quando se trata das habilidades interpessoais.
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Mas há também percalços. Entre seus maiores desafios atuais, Pedro cita a instabilidade do trabalho freelancer e a natureza de seu mercado, muito calcado em relacionamentos. “Não existe anúncio de ‘procuras-se um assistente de direção’, por exemplo.” Diz que teve sorte até agora, ao encontrar pessoas felizes em ajudá-lo a entender esse novo universo, e aposta na importância do networking para continuar crescendo.
No longo prazo, estão planos para dirigir os próprios filmes e quem sabe até empregar seus conhecimentos financeiros para criar novas maneiras de custear as produções. Questionado sobre conselhos para quem está em cima de muro quanto a mudar de área, ele não titubeia: quanto mais rápido você fizer o que quer, melhor.
Para destacar a importância deste ponto, Pedro lembra que fez a mudança em um ano difícil de crise econômica e mesmo assim não mudou de opinião. “Era torturante viver na dúvida, pensando sobre como seria se eu tivesse mudado de área há um ou dois anos”, conta. “Saia da sua zona de conforto e faça! É possível.”