Entre as definições trazidas pelos dicionários para a palavra “empreendedor” está a de alguém que realiza coisas difíceis, fora do comum ou arrojadas. Mas será que é preciso ser mesmo um destemido empresário, disposto a assumir riscos e que não para de ter ideias inovadoras para ser chamado de empreendedor? Segundo os especialistas, o conceito de empreendedorismo é mais amplo e existem diversas possibilidades para aqueles que pretendem atuar nessa área.
O boom das startups no Brasil nos últimos anos aumentou o chamado ecossistema empreendedor. Atualmente, existem diversos profissionais e entidades especializados em apoiar ou fornecer serviços para essas empresas. Aceleradoras, fundos de investimento, incubadoras, consultorias, núcleos de empreendedorismo nas universidades e até mesmo as vagas como funcionário em uma startup são exemplos de oportunidades para quem quer empreender sem estar disposto a correr os riscos de ter que abrir seu próprio negócio.
Segundo Cássio Spina, fundador da Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos de fomento ao investimento-anjo, empreender é muito mais do que abrir uma empresa. “Existem diversas maneiras de se empreender. Pode ser com uma atitude empreendedora dentro da empresa onde você trabalha, desenvolver oportunidades de novos negócios, ou trabalhar nessas entidades que compõem o ecossistema das startups. Cada um escolhe o caminho de acordo com seu perfil”, avalia.
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E quem pensa que a ideia de empreender está sempre ligada ao lucro se engana. “Existem pessoas empreendedoras no terceiro setor que buscam melhorar a sociedade em que vivem. É o caso dos trabalhadores voluntários nas ONGs, que não recebem remuneração e agem de forma transformadora”, exemplifica Spina.
O sócio-fundador da Meliuz, startup mineira de e-commerce pioneira no país em cupons de descontos com cashback, Ofli Campos, concorda e acredita que possui vários empreendedores em sua empresa. “Empreender não significa ter uma empresa. Tem mais a ver com a maneira com a qual você lida com seus sonhos. Temos muitas pessoas trabalhando na Meliuz que são antigos donos de startups e hoje são funcionários. Não vejo diferenças nisso, empreender não significa abrir empresa ou ser funcionário. Buscar um sonho é empreendedorismo, não é necessário ter um CNPJ para isso”, afirma o empresário.
Habilidades necessárias Se você está disposto a trabalhar nessa área, mesmo que não seja como sócio ou dono de uma startup, algumas características são fundamentais. Apesar das diferenças peculiares à cada área, alguns traços são bem parecidos com os dos empresários que você terá de lidar diariamente. Dinamismo, disposição à inovação, criatividade, persistência, capacidade de execução e facilidade de comunicação são algumas apontadas pelos especialistas.
“As características são parecidas com as de um empreendedor que abre seu negócio. Isso porque essas pessoas estão inseridas no mesmo cenário, influenciadas por quase todas as mesmas variáveis e em contato constante. Talvez a capacidade de gerenciar e calcular riscos seja mais evidente para os empresários, mas ela também está presente no dia a dia desses outros empregados em proporções e decisões diferentes”, afirma Cássio Spina.
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Realização Os depoimentos daqueles que ajudam na construção dos alicerces das diversas facetas do empreendedorismo revelam realização profissional. No caso de Artur Vilas Boas, presidente do Núcleo de Empreendedorismo da USP e pesquisador sobre o tema, aumentar as possibilidades de empreendedorismo no ambiente acadêmico se tornou uma verdadeira missão. “Eu empreendi no período da graduação. A empresa deu certo, formei sócios e hoje cuido apenas da parte estratégica. Mas isso despertou em mim o sonho de ajudar outros universitários a empreender também, foi o meu principal estímulo. Hoje, vejo meu futuro ligado a essa missão de fazer com que a universidade cada vez mais apoie jovens empreendedores em sua jornada. Sou extremamente realizado com o que faço e me considero empreendedor”, afirma.
No caso de Cássio Spina, que também trilhou diversos caminhos empreendedores, auxiliar as startups a buscarem recursos por meio dos investidores-anjos é uma maneira de fazer parte desses negócios. “Claro que um investidor busca retorno, mas dá um prazer enorme de ver aquelas ideias e serviços se tornando realidade, dando os primeiros passos e alcançando seus objetivos. Você acaba participando dos sonhos das pessoas e sonhando com elas. Todo negócio é construído em conjunto. Colocar um tijolinho ali é muito legal”, conclui.