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Claudio Sassaki e os desafios de criar uma start-up de educação

Claudio Sassaki, da Geekie

Claudio Sassaki se formou em Arquitetura e Urbanismo na USP (Universidade de São Paulo). Trabalhou por dois anos com consultoria na área e depois foi para Stanford, nos Estados Unidos, fazer o chamado joint degree – em que o aluno cursa paralelamente um MBA e um mestrado em Educação. Após terminar o curso, passou cinco anos morando em Nova York e trabalhando em instituições financeiras. Voltou para o Brasil em 2007, já como vice-presidente do banco de investimentos Credit Suisse, depois assumiu o mesmo cargo no Goldman Sachs. Também foi diretor financeiro da empresa Petra Energia.

Mesmo com uma carreira tão promissora no mercado financeiro, Claudio decidiu, em 2011, largar tudo e começar um negócio próprio totalmente do zero. Seu objetivo era lançar uma start-up que customizasse o processo de ensino-aprendizagem por meio de tecnologias inovadoras – a partir do diagnóstico de que os estudantes de uma mesma classe não aprendem da mesma forma.

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Ao lado de uma equipe excepcional, fundou então a Geekie, empresa que oferece uma plataforma baseada no conceito de aprendizado adaptativo. Através de testes de múltipla escolha e de forma personalizada, o software consegue apontar quais conteúdos um aluno não aprendeu corretamente e sugerir os tópicos que precisam ser mais bem trabalhados.

Assim, é possível identificar os pontos fortes e dificuldades do estudante, e essas informações também são divididas com os professores e as escolas. Isso permite que ele aprenda os conteúdos de forma mais eficiente e adequada às suas características e necessidades.

Gostou? Confira a entrevista que o Estudar Fora fez com Claudio Sassaki:

Como foi abrir mão de um bom cargo e salário para apostar num projeto?

Não foi uma decisão fácil, pois ela influenciaria todos os aspectos da minha vida. Abriria mão de todas as minhas conquistas até então para começar um negócio totalmente do zero, com capital próprio, contando com riscos e incertezas. A ideia precisou passar por um longo processo de amadurecimento.

O que te levou finalmente a tomar essa decisão?

Foi uma questão de timing. Desde a faculdade eu já me envolvia com projetos de educação e tinha vontade de um dia realmente me dedicar a isso. Em 2011, senti que era minha última chance de tornar esse sonho antigo realidade. Se eu não largasse tudo para tocar a Geekie naquele momento, não o faria mais. Além disso, estava muito confiante em relação ao conceito de aprendizado adaptativo e completamente apaixonado pelas possibilidades na área. Também estava cercado por pessoas com valores alinhados aos meus e dispostas a embarcar nesse desafio.

Qual foi o primeiro desafio que enfrentou?

O primeiro desafio foi definir qual seria o time que embarcaria nessa jornada comigo. Precisava atrair pessoas boas e ao mesmo tempo com um perfil alinhado ao core business da empresa: a tecnologia. Conseguimos formar um grupo diversificado de profissionais da área de engenharia e produtos, além de professores e pedagogos.

Como foi o processo de idealização até o lançamento da Geekie?

Com a equipe formada, começamos a desenvolver os produtos ao mesmo tempo em que fazíamos um diagnóstico das necessidades dos nossos clientes, refletindo sobre como agregar valor a eles. Depois, pensamos nas melhores formas de distribuição desses produtos, para entregá-los ao mercado o mais rapidamente possível. Claro, sempre avaliando os feedbacks dos clientes e fazendo as adaptações necessárias.

Vocês precisaram fazer muitos testes e adaptações dos produtos?

Sim, uma coisa que aprendemos é que os produtos devem ser não do jeito que nós achamos, mas do jeito que o mercado quer. E, quanto mais rapidamente a gente consegue se adaptar à sua expectativa, melhor. Também não adianta ter apenas um bom conceito. É na hora de testar o produto que o cliente vai decidir se ele é bom ou ruim. A excelência do desenvolvimento dos produtos é o que faz a diferença.

Leia também: Educação e tecnologia, combinação que atrai investimentos

De que forma a pós em Stanford foi importante para a sua formação?

Estudar negócios e educação paralelamente me possibilitou ter acesso a visões complementares a cada uma das áreas. Além disso, o Vale do Silício, onde está localizada a faculdade, tem uma pegada muito forte de tecnologia. Tive a sorte de ficar por dentro de tudo o que estava acontecendo de novo naquele momento. Poucas escolas no mundo possuem uma combinação tão forte entre educação e inovação.

As escolas brasileiras têm se mostrado abertas para receber os produtos da Geekie?

As instituições estão entendendo aos poucos a nossa proposta. Não é tão fácil mostrar o valor de um produto como o nosso, de inovação. O mercado está num processo de amadurecimento, enxergando cada vez mais a tecnologia como uma ferramenta poderosa para o aluno, o professor e o gestor. Mas é um caminho lento. Quem entrar nesse setor achando que vai revolucionar corre o risco de quebrar a cara.

Ainda assim, é possível tornar uma start-up de educação sustentável?

Sim, mas para isso é preciso contar com uma equipe muito bem preparada, ser ágil para adaptar seus produtos ao mercado e ter um plano de negócios consistente. Tudo isso aumenta suas chances de conseguir o apoio de investidores. Mesmo a escolha desses investidores precisa ser muito bem planejada. Eles precisam estar alinhados a seus valores e estratégias, senão, vocês correm o risco de entrar em zona de conflito.

Quanto tempo pode demorar até a empresa se estabilizar?

Não tem uma regra para isso. Depende muito da empresa, do tamanho da equipe e do investimento que terá que fazer em tecnologia. Mas os investidores esperam que você consiga mostrar que sua empresa tem chances de ter sucesso em 18 ou até 24 meses. Até agora, o faturamento da Geekie está dentro das nossas expectativas.

Quais características você diria que são essenciais em um empreendedor?

É preciso ter resiliência emocional e física para aguentar os altos e baixos que a vida de empreendedor traz e capacidade de estar cercado por pessoas melhores do que você. Também é necessário ter em mente que, apesar de o seu objetivo ser ter um impacto social, não existe sonho que dure se não for sustentável financeiramente.

Este artigo foi originalmente publicado em Estudar Fora 

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