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Conheça a Artemisia, organização que investe alto em impacto social

Jovens fazem dinâmica de grupo no chão

Se o seu empreendimento vai mudar o mundo de quem mais precisa, mas falta só aquele gás para turbinar o voo, preste atenção nesta dica. Agora, se você ainda acha que bem-estar social é coisa de ONG e não tem nada a ver com o mundo do business: você está totalmente por fora. Quebre seus conceitos e conheça a Artemisia, organização que nos últimos três anos alavancou 28 milhões de reais para 50 projetos de negócios de impacto social.

A Artemisia é uma Oscip, organização de sociedade civil de interesse público – não é ONG, mas também não é uma empresa (em vez de sócios, por exemplo, tem apenas fundadores). A equipe de 16 pessoas é remunerada, mas a organização não tem fins lucrativos. Tem, isso sim, uma causa: fomentar negócios de impacto social, aqueles que melhoram a qualidade de vida das pessoas de baixa renda.

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Ela atua diretamente no terreno das empresas de produtos e serviços que resolvem problemas das camadas mais pobres da sociedade e que possam ser replicados em larga escala. Os recursos da Artemisia vêm de um fundo de investimentos, a Potência Ventures, e também do que é arrecadado por meio de doações espontâneas e pelas parcerias nos projetos com grandes empresas, como a Coca-Cola.

Em números Nos últimos três anos a Artemisia articulou 28, 7 milhões de reais como articulado para 50 negócios acelerados, comandados por 80 empreendedores. Essas empresas tiveram 79% de aumento na receita. E a Artemisia se orgulha de ter o melhor track record do país: 89% dos negócios acelerados estão ativos, beneficiando mais de 13 milhões de pessoas.

Então, tá. Você já sacou que estamos falando das classes C, D, E como público-alvo, e de empreendimentos com viés social. Agora, vale qualquer tipo de iniciativa? Não. O trabalho é focado em: educação, saúde, habitação e serviços financeiros. Para a Artemisia, importam, por exemplo, negócios que combatam a altíssima taxa brasileira de evasão escolar.

Uma estrangeira com vontade de mudança Em 2004, quando a Artemísia surgiu no Brasil, “falar de uma cadeia de negócios fundamentada na busca de soluções para os problemas das camadas mais pobres era papo de gringo”, conta Talita André, 26, coordenadora de marketing. Já se discutia o tema nas bancadas universitárias dos Estados Unidos e Europa, mas por aqui não se juntavam na mesma equação o negócio e o impacto social – de jeito nenhum.

Neste cenário, a norte-americana Kelly Michel, então com seus 20 e poucos anos, criaria a Artemisia. Primeiro, entre 2002 e 2004, ela varreu o mundo com a Artemisia, na época, ainda um projeto global de apoio a negócios de impacto social. Depois de observar a inexistência da discussão e de incentivo no país, Kelly percebeu que precisaria fixar o projeto como uma organização fixa, com atuação brasileira.

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Em paralelo, Kelly também fundou a Potencia Ventures, organização internacional que capta recursos tanto para a Artemisia quanto para ações espalhadas pelos quatro continentes. Vem daí a maior parte do capital da organização brasileira. E Kelly também se uniu a Daniel Izzo e Antonio Ermírio de Moraes Neto na concepção do Vox Capital, fundo de risco para empresas brasileiras que primam pela redução da desigualdade social que já recebeu aporte 4 milhões de dólares do BID.

Kelly aparece no site da Artemisia como fundadora e presidente do conselho. Talita afirma que ela não gosta muito de chamar a atenção para si na história da organização. Afinal, no dia a dia, quem conduz a organização e faz as correções de rota é a equipe operacional. Quem toca o escritório por aqui é a diretora-executiva Maure Pessanha, 32, há oito anos no time.

Ao trabalho Um exemplo da maneira Artemísia de estruturar negócios sociais são as competições de plano de negócios, que premiavam os finalistas com 40 mil reais. Esse montante funcionava como um investimento-semente para tirar ideias do papel. Um filhote dessa leva é o Banco Pérola, de concessão de crédito principalmente a empreendedores jovens.

Nesses dez anos, já é possível quantificar o impacto de organizações como a Artemisia no ecossistema de negócios sociais do país. Uma pesquisa recente, o Mapa do Setor de Investimento de Impacto no Brasil, mostra o crescimento do setor nos últimos anos. Organizado pelo Ande (Aspen Network of Development Entrepreneurs), LGT Venture Philantropy, Quintessa Partners e pela Universidade de St. Gallen, o estudo consultou 22 investidores de impacto — entre eles a Artemisia — e constatou o tamanho do mercado de investimento no ramo hoje em dia: 177 milhões de dólares, geridos por nove fundos sediados no Brasil.

Hoje, a Artemísia se estrutura em seis frentes de trabalho: Inspiração, Educação, Busca e Seleção de Negócios, Aceleradora, Projetos Institucionais e Conhecimento. Em Inspiração, a principal ação é o Movimento Choice, que leva universitários a uma imersão no universo do business de impacto social por quatro meses. Ele acontece duas vezes por ano, e reúne jovens de 19 estados do Brasil.

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Para Educação, o foco é na disseminação e treinamento para a parcela que já decidiu empreender. É o cara que já saiu da faculdade e sabe (ou quase sabe) o que quer fazer da vida. Envolve ações como aulas em parceria com a USP, desenvolvimento de um MBA em Gestão de Negócios Socioambientais e uma formação prática por meio de um projeto chamado Usina de Ideias. Os cursos e atividades são pagos e ocorrem de acordo com um calendário específico.

Já as frentes de Busca & Seleção de Negócios e Aceleradora se cruzam e formam o core da Artemisia: as empresas se inscrevem no site por meio de um formulário ou a própria Artemisia vai atrás de quem interessa para entrar para a aceleradora. O processo seletivo é aberto duas vezes por ano – entre fevereiro e março, e depois, em julho. De dez a 12 negócios são escolhidos por semestre, dentre em média 1 000 inscritos.

Os “acelerados” passam por um programa intensivo de três meses de acompanhamento, formação, acesso a conteúdo e todo o tipo de apoio necessário para terminarem a temporada prontinhos para virar gente grande, ou seja, para receber um investimento de verdade. A Artemisia ainda os conecta com sua rede de contatos e parceiros, resultando no melhor track record do país, 89% da turma ainda está ativa, como falamos acima.

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Um detalhe: esse suporte é gratuito, ao contrário do modelo geral das incubadoras. Talita explica outras diferenças: “A incubadora está relacionada ao espaço físico, à tecnologia e está conectada à faculdade, além de, às vezes, ter uma participação no negócio”. O crivo não é fácil. Talita dá algumas dicas: “O empreendedor tem que estar 100% comprometido com o negócio, ter uma intencionalidade clara de causar impacto social e já estar com um produto em operação, ou um protótipo. A Artemisia não apoia ideias no papel”.

O empreendedor também pode encontrar abrigo em outras frentes, como a de Projetos Institucionais, em que a Artemisia entrelaça parcerias em ações específicas. A última foi uma dobradinha com a Coca-Cola no Coca-Cola Up, programa que selecionou startups para serem incorporadas à cadeira produtiva da empresa. Detalhe: elas precisavam desenvolver produtos e serviços que estejam inseridos nos setores de empregabilidade, empreendedorismo e de soluções pedagógicas.

Das seis frentes acima, faltou uma: Conhecimento. Essa é transversal a todas as outras e, naturalmente, se relaciona a ações como o Curso Online, o MBA, além de estar sempre atenta ao que diz respeito à melhora de vida da população no Brasil e no mundo. E tem como objetivo a inovação dentro de casa. Afinal, também é da porta para dentro que a transformação começa, né?

Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

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