O que fazer nas férias? A não ser que exista um planejamento de longo prazo de uma viagem, por exemplo, quando chegam as sonhadas férias é essa a pergunta que fica na cabeça. De um lado podem ser tantas demandas profissionais que o trabalhador decide aproveitar o período para resolver as questões pessoais que se acumularam. De outro, no entanto, é difícil abandonar a preocupação em descansar, já que, muitas vezes, esse é um dos poucos momentos pré-estabelecidos de desligamento e relaxamento.
Por mais que o segundo objetivo prevaleça, não é incomum voltar de um período de suposto descanso e não se sentir reenergizado para voltar à rotina de trabalho. Isso tem muito a ver com o que a pessoa faz nesse break, segundo estudiosos. A socióloga Sabine Sonnentag, da Universidade de Constança, na Alemanha, vem explorando o assunto há 20 anos.
Junto com seu time, descobriu que existem quatro fatores que contribuem para férias que realmente promovam recuperação:
- relaxamento;
- controle;
- “experiências de maestria” e
- distanciamento mental do trabalho.
A combinação dos quatro aspectos são o equivalente à “refeições nutritivas”. Sem eles, porém, a experiência se compara à uma refeição de “calorias vazias” (sem valor nutricional alto). Suas descobertas e de outros especialistas foram abordadas por um artigo do consultor de negócios Alex Soojung-Kim Pang, em artigo no site Ideas TED.
O que fazer nas férias para se recarregar, de fato
Com base nos resultados do estudo de Sonnentag, a socióloga alemã, o autor do artigo, Pang, explica o que fazer nas férias para obter um nível ideal de cada um dos quatro fatores.
#1 Relaxamento
Dos quatro fatores, este é o mais simples de entender. Basicamente, trata-se de se engajar em atividades agradáveis e pouco exigentes.
O relaxamento não precisa ser totalmente passivo, mas não deve se parecer com o trabalho ou exigir muito esforço.
#2 Controle
No contexto da recuperação, controle significa ter poder de decidir como você gasta seu tempo, energia e atenção.
Para as pessoas que não têm muito controle sobre o que acontece no trabalho e que têm as folgas preenchidas com tarefas e mais tarefas, controlar seu tempo pode ser libertador e restaurador.
#3 “Experiências de maestria”
“Experiências de maestria” são coisas interessantes e envolventes que você faz bem. Podem ser atividades desafiadoras – isso as torna mentalmente absorventes e ainda mais recompensadoras.,
#4 Distanciamento mental do trabalho
A importância do distanciamento psicológico do trabalho, o quarto fator, foi observada pela primeira vez em um estudo dos sociólogos israelenses Dalia Etzion, Dov Eden e Yael Lapidot sobre trabalhadores antes e depois de seu serviço anual no exército israelense.
A maioria dos adultos em Israel precisa servir nas forças armadas em período integral após terminar o ensino médio. Depois, eles continuam como reservistas, servindo em algumas semanas por ano.
Os reservistas que retornaram foram entrevistados sobre seus níveis de engajamento e energia no trabalho. Como resultado, eles tinham taxas significativamente mais baixas de estresse no trabalho e esgotamento quando voltavam do serviço militar.
Na verdade, os resultados se assemelharam aos daqueles que estavam realmente de férias. Isso parece contraintuitivo, mas pesquisadores de outros países observaram o mesmo fenômeno. Mesmo que possa ser fisicamente e mentalmente desafiador, o serviço de reserva oferece uma pausa do estresse monótono dos empregos comuns, de acordo com os pesquisadores.
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Porém, o “distanciamento mental do trabalho” envolve também as interrupções relacionadas a ele. Os funcionários que levam o celular do trabalho ou outros dispositivos ou que precisam se manter em contato com o escritório durante as férias mostram níveis mais altos de estresse e conflitos entre trabalho e vida pessoal.
Um estudo dos níveis de cortisol de trabalhadores de plantão encontrou uma diferença insignificante entre os níveis de estresse e alerta quando estavam no trabalho e quando estavam de plantão. Da mesma forma, as pessoas que se preocupam com o trabalho em sua folga têm taxas de recuperação mais baixas do que aquelas que não se preocupam.
Tamanho ou frequência das férias: o que importa mais?
Em seu estudo sobre os reservistas israelenses, Etzion, Eden e Lapidot notaram mais um ponto sobre a felicidade dos reservistas quando voltaram ao trabalho. Depois de um mês, o efeito desapareceu e eles ficaram tão felizes – ou tão infelizes – como eram antes de irem embora.
Desde então, os psicólogos descobriram que um efeito semelhante acontece mesmo depois das melhores férias: os benefícios não duram muito tempo. Quando humor, energia, engajamento e felicidade são medidos entre os trabalhadores antes e imediatamente depois das férias, e semanas ou meses depois, os estudiosos perceberam que o impulso emocional que as férias proporcionam dura cerca de três ou quatro semanas. Para perfeccionistas e workaholics, dura ainda menos.
Durante as férias, por sua vez, os níveis de felicidade aumentam rapidamente durante os primeiros dias, atingem o pico em torno do oitavo dia, depois estabilizam ou diminuem lentamente.
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Enquanto as férias de duas ou três semanas têm vantagens inegáveis – como viajar mais ter mais tempo para aprender sobre outras culturas – as descobertas evidenciam que longas férias não necessariamente significam maior felicidade.
Assim, em vez de tratar as férias como grandes eventos anuais e completamente separados de nossas vidas profissionais, tirar férias mais curtas, porém com mais frequência, pode proporcionar maiores níveis de recuperação. Pense nelas como o sono: você precisa tê-los regularmente para se beneficiar.