À primeira vista, a combinação de Engenharia e consultoria estratégica parece inusitada, mas a realidade é que as grandes empresas deste setor possuem muitos engenheiros em seu quadro de funcionários. De um lado, a habilidade de pensamento analítico desenvolvida torna-os atraentes para as empresas do ramo. De outro, possibilidade de reconhecimento, boa remuneração e chance de utilizar as capacidades para problem solving, incentivam os engenheiros.
É o caso do Boston Consulting Group, mais conhecido como BCG. Para a coordenadora de recrutamento Nanci Bertani, apesar de não haver restrição ou preferência por alguma formação acadêmica, a maior parte da equipe do BCG é composta por engenheiros. “A procura por consultoria estratégica por parte desses estudantes e profissionais é naturalmente maior”, diz ela.
Nanci atribui à grande presença de engenheiros, habilidades comuns em quem tem este background. “Especialmente a facilidade para trabalhar com números, o raciocínio lógico e a habilidade de resolver problemas”. Estas, importantes para atuar no ramo, segundo ela, por conta da exposição constante à questões complexas.
“Mas é válido mencionar que existem outros fatores fundamentais para essa carreira, como comunicação e trabalho em equipe, que não estão necessariamente relacionados à formação acadêmica”, completa.
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De acordo com o engenheiro Dan Reicher, principal do BCG, o mercado valorizará, cada vez mais, as capacidades de liderança, de solução de problemas e de aprendizado. Para ele, “essas competências, fundamentais para diferentes carreiras, são muito bem desenvolvidas por cursos de Engenharia”.
Assim como a consultoria, o mercado financeiro também é escolha popular de ramo para os engenheiros. Esta foi uma das paradas de Dan. “Comecei minha carreira como engenheiro de processos no chão de fábrica e, ao longo do tempo, migrei para a área de gestão e melhoria de processos”, conta ele. Depois, atuou na indústria financeira e, em seguida, começou um programa de MBA fora do país. A transição para a consultoria, que “foi um processo natural” para o engenheiro, só se deu após os estudos no exterior.
“O meu trabalho no BCG é em grande parte resolver desafios complexos de grandes empresas”. A experiência e o conhecimento adquiridos no curso de Engenharia vêm a calhar na “aplicação de conceitos extremamente técnicos na solução dos problemas de negócios”.
Preparação para atuar como consultor
Aos engenheiros que se atraírem pela carreira de consultor, Dan recomenda buscar desenvolver competências como comunicação e trabalho em equipe. Para ele, elas são menos comuns nestes profissionais, mas relevantes nas consultorias estratégicas.
De acordo com o engenheiro do BCG, esta trajetória “oferece experiências únicas, uma curva de aprendizado acentuada e é extremamente enriquecedora e recompensadora”. No entanto, “o processo seletivo é muito concorrido”, completa. Por isso, ele também recomenda investir tempo na preparação.
Apesar do background em Engenharia ajudar nos momentos em que a habilidade lógica é testada, é necessário estudar a consultoria e mostrar conhecimento sobre sua cultura, segundo Nanci. A coordenadora de recrutamento do BCG ainda acrescenta que é fundamental se familiarizar com o formato de cada etapa da seleção.
Por exemplo, ”como são os nossos testes, as entrevistas de caso e, ainda, ter claros os motivos pelos quais gostaria de se juntar ao time. A comunicação também é um fator importante a ser considerado.” Nanci reforça a importância da preparação e sugere que os interessados compareçam aos eventos da consultoria.
Para fortalecer o currículo com foco na carreira de consultoria estratégica, o engenheiro pode investir em estágios, de temporada ou não, ou vagas de meio período. As experiências do tipo podem ser a introdução do profissional ao dia a dia do setor e aos requisitos para o trabalho.