Em janeiro, o documentário Como ser Warren Buffett, dirigido por Peter W. Kunhardt, estreou na HBO. O filme acompanha sua trajetória profissional e pessoal através de depoimentos seus e de familiares e amigos próximos, como seu parceiro de negócios Charlie Munger.
É um retrato intimista do maior investidor e filantropo do mundo, que começou vendendo chicletes no interior dos Estados Unidos e acumulou uma fortuna que hoje vale mais de US$ 70 bilhões.
O Na Prática selecionou algumas das principais lições do filme, atualmente disponível na plataforma de streaming do canal.
1. Ele não liga para dinheiro
Quase todos os dias, Warren Buffett dirige seu próprio carro pelo drive thru de um McDonalds em Omaha, cidade do Nebraska onde mora há décadas, e pede uma de suas três opções favoritas de café da manhã. Nenhuma passa de quatro dólares.
Em casa e em seu escritório, o padrão se repete. Não há nada extremamente luxuoso e a clara preferência é por itens práticos e afetivos, como um retrato de seu pai, que foi um investidor de sucesso e quatro vezes congressista. “Sou um homem simples”, resume.
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2. Ele ama o que faz
Você pode se perguntar: por que um homem que não liga para dinheiro trabalha no mercado financeiro e acumula dezenas de bilhões de dólares?
Buffett explica: é o que ele ama fazer. Trabalhar com números e encontrar o melhor negócio é seu propósito e sua paixão, e a razão que o faz levantar para trabalhar mesmo aos 86 anos.
[Buffett em seu escritório. O retrato do pai está à esquerda, na parede / Reprodução]
3. Ele foi rejeitado por Harvard – e isso foi ótimo
Aos 19 anos, já com uma graduação em Administração de Empresas pela University of Nebraska–Lincoln, Buffett, Buffett pegou um trem para encontrar um representante da Harvard Business School, onde queria continuar os estudos.
“Depois de 10 minutos, eu já sabia que tinha sido reprovado”, lembra o investidor.
Pensando no que poderia fazer e em como não decepcionar seu pai, começou a pesquisar opções e descobriu que Benjamin Graham, tido como um dos principais investidores da história e um de seus ídolos, dava aulas na Columbia Business School.
Escreveu uma carta para o professor explicando sua admiração e pedindo uma vaga. Não só conseguiu entrar em Columbia como se aproximou e trabalhou com Graham, autor do livro mais importante de sua vida, O Investidor Inteligente.
4. Ele tem máximas de investimento
O estilo de investimento da Berkshire Hathaway, garante Buffett, é simples. A primeira regra é: nunca perca dinheiro. A segunda regra é não esquecer a primeira.
Claro, há mais que isso na jogada. Benjamin Graham criou o conceito de investimento de valor, quando você compra ações de boas empresas que estão em baixa e pensando no longo prazo.
Isso serviu de base para as escolhas vantajosas de Buffett por muitos anos, até seu parceiro Charlie Munger aprimorar a ideia e ambos passarem a comprar ações de “empresas maravilhosas com preços justos”.
Alguns exemplos de investimento nessa linha? A seguradora Geico, a Coca-Cola e a Kraft Heinz, essa em parceria com o amigo Jorge Paulo Lemann. “Você não precisa ser esperto, só precisa ser paciente”, diverte-se Buffett.
[Warren Buffett estampado em lata de Coca-Cola, na China / Reprodução]
5. Ele se importa com a ética
“Você não faz dinheiro traindo as pessoas”, dispara. “Lute por seus clientes, não por falsidade.”
O começo da Berkshire Hathaway tem a ver com esse valor. Nos anos 1960, quando Buffett começou a investir nela enquanto tocava sua primeira firma, a empresa era uma fabricante de tecidos.
Ao receber números enganosos de um dos gerentes, Buffett resolveu não só manter suas ações como comprar outras e se tornar acionista controlador da companhia.
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Hoje muito longe de suas origens fabris, a holding tem cerca de 60 empresas, US$ 620 bilhões em ativos e recebe mais de 40 mil acionistas em suas divertidas reuniões anuais.
A importância da ética também tem consequências para a imagem corporativa, avisa ele, então praticá-la é uma questão de proteger seu investimento. “Você leva 20 anos para construir uma reputação e cinco minutos para perdê-la.”
[Warren Buffet se diverte na reunião anual de acionistas da Berkshire Hathaway / Reprodução]
6. Ele é feminista
Ao longo do documentário, Buffett fala muito sobre as influências femininas em sua vida. Sua mãe, apesar de distante, era “brilhante em matemática”. Suas irmãs, também inteligentíssimas.
E sem sua primeira esposa, Susan, seu grande amor, “eu não teria sucesso”. “Foi ela que me tornou uma pessoa completa”, disse ele, que tinha dificuldades em se relacionar com o mundo externo.
Defensor da igualdade de gêneros – ele apoia diversas causas relacionadas –, Buffett se revoltava com as oportunidades diferentes que ele e as mulheres em sua vida recebiam.
“Para elas, o futuro era limitado. Para mim, o céu era o limite”, lamenta. “Mas sou um otimista. Se chegamos até aqui com metade do talento, imagina no futuro.”
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7. Ele mantém suas emoções sob controle
“As ações não sentem nada em relação a você”, ri, então não faz sentido algum ter sentimentos em relação a elas. Sua dica é não fazer nada no susto e manter suas emoções sob controle, sem se deixar levar pelos outros.
Para manter essa ideia em mente, assim como sempre se lembrar do que faz a volatilidade no mercado financeiro, Buffett estampa manchetes históricas de jornais, como o dia seguinte à crise de 1929, nos corredores da empresa.
[Warren Buffett em seu escritório: o jornal estampa a crise de 1929 na capa / HBO]
8. Ele se tornou o maior filantropo do mundo por amor à esposa
A ideia original de Buffett era guardar seu dinheiro, fazendo-o render cada vez mais através de juros compostos (algo que ele adora), e deixar a fortuna para a esposa Susan, apaixonada por filantropia.
Quando ela faleceu, vítima de câncer, Buffett se recolheu por dois anos. Quando voltou à vida pública, em 2006, anunciou que doaria mais de 99% de sua fortuna para diversas causas, começando por bilhões para a Bill & Melinda Gates Foundation e para as fundações de seus três filhos.
Foi o começo da The Giving Pledge, que hoje une outros 169 bilionários comprometidos com doar suas fortunas.
“Se fossemos usar mais de 1% em nós mesmos, nem nossa felicidade nem nosso bem estar seriam aprimorados. Em contraste, os 99% restantes podem ter um efeito enorme na saúde e bem estar dos outros. Essa realidade traça um caminho óbvio para mim e para minha família: vamos guardar tudo que podemos precisar e distribuir o resto para a sociedade”, explicou.
Desde então, Buffett já doou mais de 24 bilhões de dólares – e se tornou o maior filantropo da história.
[Warren e sua primeira esposa, Susan Buffett / Reprodução]