Especialistas em recrutamento adoram fazer analogias com o mundo da publicidade, e com razão. No fundo, o currículo funciona exatamente como um anúncio comercial das suas habilidades, e a melhor forma de se preparar para uma entrevista de emprego é se inspirar em certos conceitos do marketing.
Um dos paralelos mais curiosos é o tempo: tanto numa peça publicitária quanto na etapa presencial de um processo seletivo, os primeiros minutos ou segundos são fundamentais para conquistar a atenção e a simpatia do observador.
“A entrevista de emprego é muito curta, o candidato tem mais ou menos uma hora para se fazer conhecer e mostrar a que veio”, diz Felipe Brunieri, gerente da consultoria Talenses. “Cada minuto conta muito para o seu sucesso”.
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É fato que a primeira impressão nem sempre é a que fica — já que a forma como o recrutador enxerga você pode melhorar ou piorar ao longo do tempo — mas o recado que você passa logo de cara pode determinar os rumos do encontro.
Muito dessa troca imediata é não-verbal. Como você se senta na cadeira? Onde concentra o seu olhar? Qual é a sua expressão facial enquanto fala? Segundo Paulo Sérgio Camargo, autor do livro “Linguagem corporal” (Summus Editorial, 2010), a postura física do candidato pode influenciar (e muito) as percepções do recrutador a seu respeito.
Mas o que faz alguns profissionais serem cativantes logo no início da entrevista? Para Raphael Falcão, diretor da consultoria Hays, o maior diferencial de quem rapidamente encanta os headhunters é a autenticidade. “A ‘magia’ acontece quando a pessoa mostra que não está forçando um personagem para convencer você a contratá-la”, explica.
Veja outras posturas que abrem qualquer processo seletivo com chave de ouro, segundo os especialistas ouvidos por EXAME.com:
1. Ser capaz de “quebrar o gelo”
A entrevista é um encontro entre dois estranhos que se veem pela primeira vez — o que pode ser bastante constrangedor no início. Por isso, é comum que haja um bate-papo inicial sobre amenidades, como o clima, o trânsito ou algum acontecimento do dia. Um candidato cativante costuma ser hábil nesse ritual de “quebra-gelo”.
“Essa conversa de início costuma revelar o repertório cultural do candidato, seu conhecimento geral e sua capacidade de conectar assuntos”, diz Falcão. “Se a pessoa consegue dizer coisas triviais, porém interessantes, a entrevista já começa bem”.
2. Saber identificar o estilo do interlocutor (e imitá-lo)
Cada recrutador tem uma personalidade diferente: alguns são mais sisudos e formais, enquanto outros preferem uma abordagem mais coloquial e descontraída. Identificar rapidamente esse estilo, e se adaptar a ele, conta muitos pontos ao seu favor.
Segundo Brunieri, também se dá bem quem consegue moldar seu discurso à formação específica do interlocutor. “Se o headhunter vem de RH, de finanças ou do comercial, isso deve estar refletido na sua forma de se dirigir a ele”, explica. Quanto mais você calibrar as suas palavras às peculiaridades do outro, maiores são as suas chances de conquistá-lo.
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3. Cuidar do visual
Outro ponto lembrado por Brunieri e Falcão parece óbvio, mas é frequentemente negligenciado. “A atenção à higiene e ao estilo das roupas tem um impacto maior do que muita gente imagina”, explica o gerente da Talenses.
O principal parâmetro para escolher o seu vestuário é a cultura do empregador ao qual você está se apresentando. Não existe certo ou errado: cores, materiais, cortes e estilos devem estar de acordo com os hábitos e valores da empresa em questão. Na dúvida, recomenda Falcão, o melhor é apostar em roupas mais sóbrias e clássicas.
4. Fazer perguntas interessantes
A entrevista de emprego não serve apenas para responder aos questionamentos do headhunter — ela também é uma ocasião para sanar as suas dúvidas sobre a empresa e demonstrar o seu interesse por ela.
De acordo com Brunieri, perguntas inteligentes são sempre bem-vindas. “É uma forma de você mostrar que pesquisou bastante sobre o negócio e tem curiosidade sobre ele”, explica. Mas é fazer isso de forma equilibrada: questionamentos em excesso podem resultar cansativos ou transmitir artificialidade, diz o especialista.
5. Ser gentil com todos — independentemente de hierarquias
O segredo final, tão óbvio quanto verdadeiro, é a cordialidade. O que muita gente esquece é que ela aparece nos detalhes. Candidatos realmente cativantes, afirma Falcão, são aqueles que sorriem de forma sincera, cumprimentam quem encontram, e não tratam pessoas de forma diferente por sua posição na hierarquia social.
“Já liguei várias vezes para a recepcionista para saber como o profissional tinha se comportado diante dela, quando chegou ao prédio”, explica o diretor da Hays. “Se é grosseiro com ela, não adianta nada ser extremamente educado depois”.