Os brasileiros Pedro Franceschi e Henrique Dubugras começaram cedo. Aos 16 anos fundaram a Pagar.me, empresa que foi comprada pela Stone. Em seguida, partiram para os Estados Unidos, para estudar na Universidade Stanford, uma das instituições de ensino mais prestigiadas do mundo, com bolsa da Fundação Estudar. Mas não duraram muito, logo deixaram a universidade para empreender novamente. Foi então que em 2017 lançaram a BREX, no Vale do Silício, uma companhia de cartões de crédito corporativos focados em um público que conhecem bem: o de empreendedores de startups.
Em 2018, em menos de dois anos de operação, os dois levaram a organização a captar 1 bilhão de dólares e se tornaram os mais jovens fundadores de unicórnios do mundo. Em 2022, a empresa foi avaliada em 12,3 bilhões de dólares.
Mais recentemente, a BREX vem se preparando de forma estratégica para uma futura abertura de capital, também conhecida como IPO, sigla para Initial Public Offering ou oferta pública inicial. Esse processo marca o momento em que uma empresa privada passa a negociar suas ações na bolsa, permitindo a captação de recursos com investidores públicos. Apesar de ainda não ter uma data definida para realizar o IPO, a Brex está focada em alcançar maior previsibilidade financeira e em reduzir sua queima de caixa, fatores essenciais para atrair o mercado. Nesse sentido, firmou uma parceria com a Zip, startup australiana de pagamentos, como parte do esforço para melhorar sua eficiência operacional e avançar rumo à estreia no mercado de ações.
Em 2019, o Na Prática gravou uma entrevista exclusiva com os dois jovens sobre suas trajetórias e lições de carreira e liderança. Confira o que Henrique e Pedro têm a dizer nos vídeos abaixo - além de alguns highlights da conversa em texto.
A receita da dupla
"A sorte que eu dei na minha vida foi que eu descobri o que eu queria fazer desde muito cedo", conta Henrique. "Faz muito tempo em que eu penso [sobre] como eu tenho sucesso."
"Tenta descobrir cedo no que que você é bom e o que você quer, e qual é o sonho em que você quer chegar e faz um plano olhando para trás: dado que eu quero chegar lá, quais são os passos e como que eu faço cada um desses passos."
Pedro concorda: "Para a gente, [o segredo] foi começar cedo e ter uma missão grande." E de onde vem tamanha resolução? Henrique, atribui a ter tido exemplos fortes no campo. "Você é o fruto do ambiente em que está." Desde cedo, por exemplo, trabalhou com empreendedores e pessoas mais experientes.
Mas o desenvolvimento da dupla envolveu - e foi decidido por - uma série de erros. "No início, no primeiro ano e meio, foi bastante uma aula de humildade", conta Pedro.
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De onde nasce a parceria bilionária que criou a BREX
"Eu comecei a programar quando tinha uns 12 anos de idade porque tinha um jogo que eu queria jogar que era pago e eu descobri que se aprendesse a programar poderia jogar de graça", relembra Henrique. Depois de lançar uma versão que ficou superpopular mas recebeu notificação da empresa por estar quebrando algumas patentes.
A história de Pedro é parecida no quesito "quebrar patentes". Quando a Apple lançou o iPhone, ele desbloqueava para os amigos, mesmo depois de uma nova versão que tornava a prática conhecida como jailbreak aparentemente impossível. Alguns anos depois, foi processado pela gigante de tecnologia.
Os dois se conheceram pelo Twitter, em uma discussão sobre o melhor editor de texto para programador. "É tipo seu time de futebol", brinca Henrique. "Fomos para o Skype e ficamos amigos", completa Pedro.
Amigos desde muito jovens, os empreendedores da BREX consideram que há um alinhamento leal e de longo prazo entre os dois. Também há uma divisão de responsabilidades clara. "Henrique é um comunicador muito expressivo, então consegue explicar claramente o que pensa e projetar uma ambição que é muito cativante. Ele também é muito bom em entender quais são os incentivos das pessoas, o que motiva elas", destaca Pedro.
Henrique, por sua vez, conta: "O Pedro programava melhor do que eu, então ele falou 'Henrique, vai fazer todo o resto, você não vai meter a mão no meu código não". Tal definição veio com o tempo. "Como começamos muito cedo, a gente só se desenvolveu muito diferente", conclui o "vendedor" da dupla que criou a BREX.