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Metas de diversidade caem: o que está em jogo?

Foto: Flickr

McDonald’s, Meta, Accenture, Google… O que todas essas empresas tão diferentes entre si possuem em comum hoje, no ano de 2025? Todas anunciaram o fim de suas metas de diversidade, na esteira do início do segundo mandato de Donald Trump que ordenou o fechamento de programas de diversidade em agências públicas e federais e a substituição por contratações baseadas estritamente no mérito.

Junto ao gesto político, conta-se também com o movimento anti-woke, o “contra o despertar”. Em linhas gerais, uma reação conservadora contra pautas identitárias e de defesa dos direitos de minorias, como a inserção de negros, mulheres e LGBTQIA+ na mídia e no trabalho.

O que é o movimento anti-woke e o que ele tem a ver com o mundo corporativo? 

O termo “woke“, que significa “acordado” em inglês, surgiu na comunidade afro-americana como um alerta contra a injustiça racial. Atualmente, o termo abrange uma conscientização sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo, mas é frequentemente utilizado de forma pejorativa por conservadores. Críticos da cultura “woke” questionam o que consideram métodos coercitivos e extremistas de correção política, como o cancelamento.

Dessa forma, o movimento é visto como uma reação conservadora contra iniciativas que visam ampliar a representatividade de grupos minorizados na mídia, cultura, e no mundo corporativo. Como uma resposta ao efeito “woke”, os críticos demandam um retorno por práticas políticas que enfatizem a meritocracia nos espaços, influenciado pela ascensão de correntes políticas conservadoras nos EUA.

No mundo corporativo, o movimento anti-woke se manifesta no recuo de programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I), com empresas eliminando metas de diversidade, descontinuando programas de desenvolvimento de carreira específicos para grupos demográficos e suspendendo a participação em pesquisas externas de benchmarking de diversidade. Essa tendência reflete uma busca por distanciamento de questões consideradas polarizadoras e um retorno a uma visão mais tradicional do papel corporativo, focado em negócios e resultados financeiros.

Quais as empresas que fecharam os programas de diversidade?

Diversas empresas anunciaram o fim ou a redução de seus programas de diversidade, equidade e inclusão (DE&I), entre elas a Accenture, Google, Meta, McDonald’s. Abaixo, você confere o que houve com cada uma delas.

Accenture

Encerrou metas globais de diversidade e inclusão, descontinuou programas de desenvolvimento de carreira específicos para grupos demográficos e suspendeu a participação em pesquisas externas de benchmarking de diversidade.

Google 

Abandonou a meta de contratar mais funcionários de grupos sub-representados e está revisando programas de DE&I. A empresa também está avaliando mudanças de políticas implementadas para restringir iniciativas de DEI no governo e entre contratantes federais.

Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp)

Eliminou programas focados em grupos minoritários e abandonou metas de representatividade. A empresa contextualizou a mudança dentro do cenário legal e político dos EUA, citando decisões recentes da Suprema Corte.

McDonald’s (EUA)

Reverteu algumas políticas de DE&I, incluindo não cobrar mais DE&I em sua cadeia de suprimentos e renomeou o comitê de diversidade para “Equipe de Inclusão Global”.

Amazon

Encerrou “programas e materiais desatualizados” relacionados à representatividade e inclusão.

Outras empresas que tomaram decisões de reduzir seus programas de diversidades, influenciadas pelo movimento do Vale do Silício incluem Walmart, John Deere e  Harley-Davidson.

Quais motivos estão em jogo nos fechamentos dos programas de diversidade?

Apesar de Donald Trump ter impulsionado as decisões, essa história teve início em 2023, quando uma decisão da Suprema Corte impediu que as universidades considerassem raça como um fator determinante nas admissões. A decisão reforçou a percepção de que programas de DE&I resultam em tratamento preferencial, o que gerou resistência e um retorno à ênfase na meritocracia.

Esse processo ajudou a pavimentar os caminhos para o que vemos atualmente, fortalecido pelas declarações de Donald Trump contra os programas de diversidade, que chamou os programas de diversidade de perigosas, humilhantes e imorais” para as empresas que prestam serviços ao governo federal e para as companhias de capital aberto.

Trump também ordenou o fechamento de agências governamentais responsáveis por iniciativas de diversidade e colocou funcionários dessas áreas em licença remunerada.

De maneira geral, cria-se um movimento pela valorização do mérito de candidatos em detrimento de aspectos sociais em programas que acreditavam resultar em um tratamento preferencial das minorias. 

Há também o já mencionado movimento anti-woke, impedindo e criticando a ampliação da representatividade corporativa de grupos minorizados.

Especialistas avaliam o movimento de encerramento de metas de diversidade como um retrocesso, ressaltando que as políticas progressistas começaram na alçada dos protestos do Black Lives Matter, com a morte de George Floyd, em 2020. Grupos sub-representados podem ser prejudicados e passar por mais dificuldades na hora entrar em uma grande empresa.

Alguns impactos também incluem a perda de competitividade e falta de inovação, dados que são valorizados em empresas que possuem programas de diversidade em seus sistemas.

É importante notar que nem todas as empresas estão seguindo esse caminho e algumas continuam a priorizar a diversidade e inclusão como valores fundamentais. A Arcos Dorados, que opera o McDonald’s no Brasil e em outros 19 locais da América Latina, informou que as políticas de DE&I serão mantidas nesses locais.

Já o Google informou que irá manter grupos de funcionários com foco na valorização da raça e gênero, à exemplo dos “Trans at Google”, “Black Googler Network” e “Disability Alliance”.

 

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