Consultorias estratégicas têm a função de ajudar instituições a resolver grandes desafios. Partindo dessa premissa, a rotina de um consultor que faz as mudanças acontecerem não tem nada de trivial. Ele pode estar em um mês em uma empresa de serviços, dois meses depois em uma indústria e têm de adaptar sua forma de trabalho ao estilo da companhia em que estão alocados. Então, como são as atividades comuns de trabalho, como reuniões e relatórios, em uma carreira tão versátil?
É isso que Matheus Farias, business analyst da McKinsey & Company e bolsista do programa Líderes, da Fundação Estudar, explicou em entrevista ao Na Prática.
O Líderes Estudar, ou antigo Programa de Bolsas da Fundação Estudar, oferece mentoria, orientação de carreira, acesso a uma rede de mais de 600 líderes de diversas áreas de atuação, além da bolsa de estudo. As inscrições para a edição 2018 estão abertas até 26/03!
Principal característica: imprevisibilidade
A carreira de um consultor é marcada pela imprevisibilidade. “Você sai de casa com uma perspectiva, mas bastante coisa pode acontecer e mudar completamente a forma como o dia termina”, conta Matheus.
Desde o começo do projeto, as variáveis são muitas. Primeiro, ele pode ter duração de semanas, meses, ou anos. E o consultor pode ser alocado em uma indústria dos mais diversos setores – químico, varejo, saúde, etc. Em funções de inúmeras áreas, como marketing, RH, finanças.
Em cada projeto haverá prioridades diferentes: os dias podem ser devotados ao planejamento das estratégias, ou marcados por reuniões. Também existe a possibilidade de um pedido do cliente, ou da equipe, mudar completamente a programação.
Metodologia específica
Logo no começo, o time já sabe qual vai ser o escopo e, de acordo com isso, define o approach específico para o problema, explica o consultor. A estratégia também passa por avaliação da própria instituição. Isso porque a ideia é construir a solução junto com o cliente. Reuniões periódicas garantem que ambos os lados estejam alinhados durante todo o processo.
A metodologia da abordagem varia – Matheus relata que alguns projetos podem começar com a opinião de especialistas (internos e externos) sobre a área em específico. “Também podemos consultar colegas de outros escritórios onde um projeto parecido foi feito para pegarmos as melhores táticas”, conta.
Para pôr em prática as soluções, uma equipe da consultoria fica alocada no cliente. “Temos o problema principal a resolver. E ele se quebra em vários desafios menores que são divididos entre cada uma das pessoas do time”, esclarece o consultor.
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Propriedades dos relatórios
A função de uma consultoria estratégica “é muito mais pôr a mão na massa do que produzir relatórios”, diz Matheus. No entanto, existem sim documentos a serem apresentados em cada projeto.
Um deles é o relatório final que, dependendo do teor do trabalho, tem diferentes tipos de conteúdo. Pode ser uma prestação sobre a previsão dos próximos 5 anos da empresa, por exemplo. Quando se trata de um projeto de implementação, costuma ser mais concreto, com informações da implantação e do papel do time.
Nos projetos mais conceituais, Matheus explica, os relatórios descrevem a visão construída junto com o cliente e no que ela implica.
Como são as reuniões
O contexto em que o projeto se desenrola dita a frequência das reuniões, que podem ser de vários tipos. As mais frequentes são as de resolução de problemas. Outras, que contam com todo o time, são as que propõe um check-in coletivo.
Também existem as da equipe do projeto com a liderança da consultoria. E tem as que são da equipe com a liderança da instituição em que os consultores estão alocada. Nessas, a responsabilidade é maior, diz Matheus. “Geralmente, antes das mais importantes, os dias ficam bem corridos porque trabalhamos para garantir que a reunião corra bem”, continua.
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Interação com a equipe
Como em boa parte do tempo o time fica alocado em outras empresas, é comum que as consultorias promovam momentos de interação interna. Quando estão no escritório, além de continuarem o trabalho, participam de reuniões sociais, como almoços ou happy hours.
Na McKinsey, onde Matheus trabalha, existe uma prática de interação chamada de team talks. Elas são, basicamente, reuniões mais casuais entre a equipe. Ao longo do projeto, são chamadas de team learning e servem para acompanhar o progresso e receber feedback.
Antes de iniciarem as atividades, uma dessas conversas sempre aborda questões como “O que é importante para mim?” e “Quais são as dinâmicas de trabalho que funcionam?”. Nesses encontros, cada um fala das suas preferências pessoais no estilo “preciso sair mais cedo em um dia da semana para praticar um esporte”. De acordo com que foi falado, o time, em conjunto, tenta flexibilizar a dinâmica.
Período entre projetos
Quando não são alocados em outra empresa após o término de um projeto, a rotina de um consultor pode envolver se engajar em outras atividades. Eles podem ajudar internamente outros colegas, ou apoiar em eventos internos.
De acordo com Matheus, é muito comum que os consultores se dediquem a publicar artigos “para decodificar o conhecimento de um projeto e compartilhá-lo”.
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