O que autoconhecimento tem a ver com facilitação de equipes?

Facilitação de equipes

Praticar a facilitação de equipes exige um equilíbrio entre dois papeis: guiar o processo de construção coletiva e deixar que as coisas aconteçam de maneira neutra, sem enviesar a discussão. Para atingir este ponto, autoconhecimento é fundamental.

“O facilitador deve construir o conhecimento junto com os participantes e, para isso, deve ser capaz de se conectar com os outros – o que só é possível se conseguir se conectar consigo mesmo, entender sua história e o que é importante para ele”, afirma Julietty Quinupe, da Fundação Estudar.

A organização, que tem anos de experiência em ambos os assuntos – além da Escola de Facilitação por onde passam seus voluntários, oferece ao público o curso Autoconhecimento Na Prática –, tem também o curso  Facilitação Na Prática, experiência imersiva de três dias.

Para começar bem a facilitação e engajar um grupo ou uma equipe, é preciso saber manter a calma. Isso significa entender quais são seus padrões de comportamentos, seus próprios gatilhos e como administrá-los da melhor forma, o que rende relações melhores em todas as áreas da vida.

Assim, quando surpresas ocorrerem durante uma facilitação – como um conflito ou um assunto que não se resolve e ameaça atrasar o cronograma –, o facilitador estará preparado para manter o foco e confiante de que é capaz de resolver o que for necessário da melhor maneira possível.

Há outros benefícios também: um facilitador calmo cria um ambiente em que a empatia e confiança são fortalecidas entre os participantes, o que deixa o ambiente mais aberto, fluido e propício para gerar bons resultados e soluções.

Para Julietty, escuta ativa, capacidade de criar identificação com o público e se mostrar disponível e 100% presente também são pontos-chave para um facilitador – e todos se fortalecem com autoconhecimento.

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Porque neutralidade importa

Outro ponto é entender, de maneira profunda e que envolve olhar para si, que seu papel não é encerrar a facilitação com uma resolução específica, mas ajudar o grupo a chegar em sua própria conclusão.

Atingir essa isenção é fundamental. Quando um facilitador tem uma opinião forte sobre um assunto discutido no grupo e não está atento, por exemplo, pode dar mais espaço para aqueles com quem concorda e menos para vozes discordantes.

“Só pensar na sua fala, esquecer de escutar o participante, não mediar a discussão e impor um ponto de vista são os erros mais comuns”, diz Julietty.

Vale destacar que praticar a neutralidade não significa que o facilitador é uma figura distante – pelo contrário.

Através de suas observações constantes, o bom facilitador está atento ao que ocorre dentro da equipe e estimula a participação de todos, dos mais tímidos aos mais vocais.

“Ele consegue fazer com que cada um dê seu melhor e identifica suas potencialidades para alcançar o melhor resultado, chegando num lugar em que todos se sintam contemplados”, continua ela.

Leia também: 14 técnicas de facilitação que fazem a diferença no dia a dia profissional

Vulnerabilidade e facilitação de equipes

Outro ponto importante para o facilitador relacionado ao autoconhecimento é ser capaz de demonstrar vulnerabilidade e assumir que não é um expert no assunto, uma posição que não só pode lhe causar ansiedade como gerar ruídos na comunicação.

“Quando você chega bancando o expert, muitas pessoas reagem se fechando e pensando: ‘Quem é essa pessoa para dizer isso?’”, explica Marcos Vianna, cofundador da Dois Desenvolvimento, uma empresa especializada no assunto.

Outra boa consequência de se mostrar vulnerável é apresentar-se de maneira honesta, sem a armadura do “facilitador ideal”.

Ou seja, ao invés de tentar entrar num padrão imaginário – falar dessa maneira ou movimentar-se daquela –, o facilitador está livre para ser ele mesmo, utilizar seus pontos fortes e investir naquilo que realmente importa: criar um ambiente aberto e ajudar o grupo a construir soluções e reflexões em conjunto.

“O facilitador costuma ser alguém capaz de escutar o outro, que busca entender o ponto de vista de outras pessoas, comunicativo, atencioso”, fala Julietty.

Se não parece coisa de outro mundo, é porque não é mesmo. “Qualquer pessoa pode desenvolver as habilidades necessárias para facilitar”, encerra ela.

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