Quando um astronauta parte para uma missão, ele não precisa apenas saber lidar com os equipamentos e com a falta de gravidade. É preciso saber transmitir informações, dar declarações em nome da empresa, lidar com eventuais crises e, sobretudo, ser capaz de trabalhar com uma equipe que ficará confinada em um pequeno espaço por meses.
Por isso, para trabalhar em agências como a Nasa, ter habilidades técnicas e um currículo cheio de conquistas não é o suficiente. Os processos são extremamente concorridos. Segundo uma reportagem do site Inc., em 2017, a agência espacial americana recebeu um número recorde de 18,3 mil candidatos, selecionando apenas 20 candidatos ao final. Com relação candidato-vaga de 9 mil para um, entrar para a Nasa é 80 vezes mais difícil do que para a Universidade Harvard.
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O segredo dos que se destacam, segundo o site, está nas habilidades interpessoais. Assim como em diversas áreas, ter uma boa capacidade de comunicação e de lidar com o outro é essencial para os astronautas – e para passar na seleção da agência americana.
“Quando olhamos para a seleção de astronautas e a trajetória de carreira, a comunicação é crítica”, diz Ann Roemer, gerente que supervisiona os processos de seleção da Nasa, em entrevista ao site. Segundo ela, a habilidade não é necessária apenas para garantir uma boa performance no emprego. Os astronautas são a face pública do programa espacial dos EUA e devem lidar com vários tipos de audiência, que varia de estudantes a cientistas. O desempenho como relações-públicas, segundo ela, ajuda a fomentar a exploração espacial e a inspirar futuras gerações de exploradores.
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Os eleitos
A avaliação dessas habilidades já começa na primeira fase do processo, quando cartas de candidatura claras e bem escritas se destacam. Cerca de 120 candidatos são convidados para uma semana de testes, exames físicos e entrevistas. Dos 120, 1% passa para uma segunda rodada de entrevistas, quando os melhores são finalmente selecionados entre os “apenas bons”.
Nas etapas presenciais, os candidatos são constantemente avaliados por suas habilidades de comunicação. A semana inclui, por exemplo, um jantar que reúne todos eles. Uma vez que os aspirantes podem vir de diferentes áreas – como a militar ou a médica –, os avaliadores podem ter uma ideia de como cada um deles lida com pessoas de diferentes origens e interesses.
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As entrevistas incluem perguntas que podem parecer comuns, mas que são respondidas de formas muito diferentes entre quem se destaca ou não. A pergunta “Conte-nos sobre você, começando pelo ensino médio” é uma delas. Enquanto uma pessoa comum citaria tópicos que o avaliador pode ver por si só no currículo, bons comunicadores falariam sobre suas experiências de maneira engajadora e que mostre como elas se encaixam no que a empresa está procurando.
Está matéria foi originalmente publicada na Época Negócios.