Três meses após não ser aprovada pelo governo de Donald Trump, Ngozi Okonjo-Iweala recebeu apoio unânime para assumir a diretoria-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Aos 66 anos de idade, ela é a primeira mulher e primeira africana a assumir a posição. Em sua trajetória, atuou durante 25 anos no Banco Mundial e foi três vezes ministra da Nigéria, tanto na pasta de Finanças quanto na de Negócios Estrangeiros.
Como diretora-geral da OMC, uma posição que concede poder formal limitado, Okonjo-Iweala precisará intermediar tratativas comerciais em âmbito internacional. Além disso, ela terá como desafios o conflito persistente entre EUA e China, reagir à pressão pela reforma das regras comerciais e se contrapor ao protecionismo acentuado pela pandemia da Covid-19.
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Pensando em quem busca se informar (ou se inspirar) sobre a carreira de Ngozi Okonjo-Iweala, o Na Prática esmiuçou a trajetória da nova diretoria-geral da OMC. Da formação acadêmica a trabalhos humanitários, é possível imaginar quais hard e soft skills também tiveram destaque para a escolha.
O caminho de Ngozi Okonjo-Iweala até ser diretora-geral da OMC
Graduação em Harvard e doutorado no MIT
Embora tenha sido naturalizada americana, Ngozi desembarcou no país em 1973, quando ainda tinha 18 anos, para estudar na Universidade de Harvard. Três anos depois, formou-se em Economia do Desenvolvimento. Já em 1981, obteve seu doutorado em economia regional e desenvolvimento pelo Instituto de Massachusetts de Tecnologia (MIT) com uma tese intitulada “Política de crédito, mercados financeiros rurais e desenvolvimento agrícola da Nigéria”.
Títulos honorários
Como se já fosse pouco ter Harvard e o MIT no currículo, a nova diretora-geral da OMC também recebeu inúmeros títulos honorários de universidades em todo o mundo, incluindo algumas das mais prestigiadas. Sendo elas: Universidade Yale, Universidade da Pensilvânia, Universidade Brown, Trinity College (Universidade de Dublin), Amherst College, Colby College, Universidade de Tel Aviv e Northern Caribbean University.
Além disso, ela tem doutorado honorário de uma série de universidades nigerianas, incluindo Abia State, Delta State, Oduduwa, Babcock, Calabar e Ife (Obafemi Awolowo).
Carreira como ministra
Ngozi Okonjo-Iweala teve duas passagens como Ministra das Finanças da Nigéria, entre 2003 e 2006 e entre 2011 e 2015. Durante esse período, liderou negociações com o Clube de Paris e conseguiu saldar US$ 30 bilhões da dívida da Nigéria. Foi após o primeiro mandato na pasta de finanças que ela assumiu, por dois meses, a função de Ministra das Relações Exteriores, em 2006.
Entre os seus legados, está o fortalecimento dos sistemas financeiros públicos da Nigéria. Ainda, ela buscou empoderar mulheres e meninas com a criação do programa Growing Girls and Women in Nigeria (GWIN), iniciativa que segue sendo coordenada pelo Ministério das Finanças.
Primeira candidata negra à presidência do Banco Mundial
Outro fato que já fez Ngozi estampar os noticiários foi a sua candidatura à presidência do Banco Mundial. Em 2012, era a primeira vez que uma mulher negra concorria ao cargo. Embora não tenha vencido a disputa, recebeu o apoio de muitos países, principalmente africanos.
Aliás, vale mencionar que ela já ocupava uma posição importante dentro do grupo, sendo diretora-administrativa. Ela era responsável pela supervisão operacional de US$ 81 bilhões do Banco Mundial na África, Sul da Ásia, Europa e Ásia Central.
Sob a posição, liderou várias iniciativas do Banco Mundial para ajudar os países de baixa renda durante a crise alimentar de 2008-2009 e, mais tarde, durante a crise financeira. Em 2010, presidiu uma campanha que arrecadou US$ 49,3 bilhões em doações e crédito a países pobres.
Causas humanitárias
Por fim, não é só a OMC que é liderada por Ngozi Okonjo-Iweala. Desde 2016 ela preside o conselho da Aliança Global de Vacinas e Imunização (Gavi, na sigla em inglês), ligado à Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde sua criação em 2000, a Gavi imunizou 680 milhões de crianças em todo o mundo. Além disso, a organização já arrecadou mais de US$ 2 bilhões para comprar e distribuir vacinas contra a Covid-19 para países mais pobres.