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Inovação na educação: o que há em comum entre escolas, criatividade e musculatura?

desenho de mão com dominó

– Você é capaz de criar musculatura para sustentar a mudança que você quer?

Ouvi esta frase da educadora Lia Diskin, importante pensadora e realizadora de ações na área da educação para a paz. Essas palavras da Lia sempre me acompanham e provocam. Têm tudo a ver com os cinco projetos selecionados pelo Criativos da Escola no ano passado, que receberam nosso reconhecimento por desenvolverem ações de protagonismo juvenil e princípios como empatia e escuta.

Os projetos encontrados pelo Brasil que mais chamaram nossa atenção são persistentes em criar musculatura para sustentar as mudanças sonhadas. Mas o que comumente acontece em iniciativas sem musculatura? Têm vida efêmera, duram apenas o tamanho do pequeno fôlego que as geram. Ações como as que encontramos pelo Brasil e revelamos no final do ano passado, pelo contrário, vão se enraizando pouco a pouco e conquistando espaço pela insistência criativa.

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Ano passado, mapeamos mais de 400 projetos pelo Brasil inteiro e selecionamos ações de Rondônia, Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará e Distrito Federal. Ainda no final de 2015, realizamos uma celebração que reuniu todos os grupos em São Paulo. Mais recentemente, entramos em contato com educadores e alunos para saber como têm andado os projetos. Nosso espanto foi positivo. No projeto do Rio Grande do Norte, o “Gaiolas Literárias”, cerca de 50 novos alunos se voluntariaram para participar. A proposta da ação é espalhar gaiolas com livros pela cidade, para estimular a leitura e conscientizar as pessoas sobre a importância de libertar pássaros presos. Os alunos usaram o dinheiro da premiação do Criativos da Escola para comprar celulares para o grupo registrar suas ações. Estão recebendo cada vez mais doações de gaiolas e planejando a criação de uma turma de teatro para contar histórias sobre pássaros – e estimular mais e mais narrativas sobre liberdade no imaginário local.

Na Bahia, o projeto “Grupo de Apoio e Conselho (GAC)” ganhou fama na região de Simões Filho depois da premiação do Criativos. Aumentaram as matrículas na escola e os alunos que participaram do encontro em São Paulo voltaram para suas casas com mais autoconfiança – muitas falas dos alunos reforçam que o Criativos os estimulou a valorizarem suas capacidades. Continuam se encontrando duas vezes por semana para dialogar sobre os conflitos da escola e, quando há algum problema maior, até se encontram mais.

O projeto que encontramos no Ceará, chamado “Jovem Explorador“, está quase pronto para a inauguração. Escolas da região, tanto públicas quanto particulares, procuraram o grupo para conhecer melhor a proposta. Hoje em dia, estão desenvolvendo uma ação frequente inspirados em aprendizados instigados pela viagem de celebração no fim do ano, na qual convidam especialistas para conversar com os alunos e educadores sobre temas que desejam aprofundar. Ganharam um prêmio de US$ 15 mil que está ajudando bastante na construção da parte estrutural do museu e planejam abrir suas portas em maio com uma exposição sobre a história e a natureza da região.

Já o projeto de Rondônia, “Uma combinação que dá certo”, onde os alunos inventaram um sistema que capta a água desperdiçada por centrais de ar refrigerado, continua com a implantação de mais um sistema de captação em outra central de ar na escola. Depois do Criativos, alunos foram procurados até por uma empresa que ficou curiosa sobre a tecnologia desenvolvida. Por fim, os jovens do Distrito Federal também continuam com muito fôlego – o projeto “História Construída Por Blocos”, que essencialmente promove a inserção de jogos digitais como ferramenta pedagógica nas aulas, agora tem uma sala própria na escola. Os alunos estão se organizando para levar a iniciativa a outras instituições próximas.

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Observar a trajetória desses projetos é olhar de perto a criação de musculatura para sustentar mudanças. E nos impressionamos com o fato de que os jovens e educadores dos projetos seguem com uma energia vigorosa. Uma das alunas, a Amanda, do Distrito Federal, chegou a dizer que, nos momentos em São Paulo, na celebração do Criativos, “o que o jovem falava tinha importância”, deixando clara a sede por ser percebida publicamente pela sua potência. E o que o jovem falava lá na celebração tinha importância sim, claro. Tinha, tem e vai continuar tendo. Porque, para criarmos musculatura capaz de sustentar as mudanças que almejamos, é imprescindível confiarmos uns nos outros, na possibilidade de exercermos protagonismos.

Eis nosso desejo: que todos esses jovens e educadores continuem com fôlego. “Você é capaz de criar musculatura para sustentar a mudança que você quer?”, perguntou Lia Diskin para mim há algum tempo. Os jovens e educadores do Criativos da Escola têm respondido essa pergunta com um maiúsculo SIM.

Se você também tem um projeto que está propondo soluções criativas para melhorar a realidade das escolas brasileiras, não deixe de se inscrever na edição 2016 do prêmio Criativos da Escola por aqui. Podem se inscrever alunos e educadores de escolas públicas e privadas de todo o país. 

 

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