Não é novidade que balancear os aspectos pessoais com os profissionais é importante para que as pessoas se desenvolvam profissionalmente, sem se sobrecarregarem. Mas o que cada um faz na vida fora do trabalho tem um impacto significativo na capacidade de produção e rendimento dos colaboradores.
Um estudo realizado na China descobriu que os profissionais que praticavam algum passatempo ou hobby eram mais produtivos e dispostos no dia seguinte. Atividades como esportes, leitura e estudo eram as que mais beneficiavam a proatividade. Contudo, aqueles cuja a vida fora do trabalho é marcada por aborrecimentos, excesso de tarefas domésticas e trabalho fora de hora mostraram menos disposição e rendimento.
Entendo o impacto da vida fora do trabalho
Neurocientista da Nêmesis, consultoria corporativa em neurociência organizacional, Thaís Gameiro esclarece que todas as atividades que ajudem as pessoas a sair do modo automático contribuem para esse processo. “Quando estamos no trabalho, acabamos ativando com mais frequência áreas mais racionais do cérebro. Usamos pouco a parte mais criativa, social e relacional. Então, na vida fora do trabalho, é importante exercitar essas áreas porque elas são muito importantes para desenvolver o potencial de inovação e fazer melhores decisões”, discorre.
Ao pensar na vida fora do trabalho, a neurocientista indica que é importante escolher atividades que trabalhem habilidades que geralmente não são exercitadas no âmbito profissional. “Atividade física é um ótimo exemplo, além de ajudar a oxigenar o cérebro, promover disposição e bem-estar. Mas outras práticas também são válidas como tocar algum instrumento, pintar, escrever e até mesmo viajar, fazer algo diferente e passear ao ar livre. Tudo isso vai fazer o cérebro sair do estado hiper focado e operacional e ir para um lado mais subjetivo e abstrato, que ajuda em outras funcionalidades”, afirma.
Por que investir na vida fora do trabalho?
Na busca pelo sucesso, muitos profissionais acabam se sobrecarregando de trabalho e isso é prejudicial para o desempenho, como explica Thaís. “Essas pessoas ficam com um mínimo de repertório. O nosso cérebro é como se fosse uma grama. Quanto mais caminhos a gente fizer nessa grama, mais opções de trilhas eu tenho para recorrer no momento de tomada de decisão. Quando o profissional fica muito focado em um mesmo assunto, lendo as mesmas coisas, lidando com as mesmas pessoas ele acaba se limitando nesse sentido por ter um repertório menor. E é por meio do repertório que o cérebro aprende e toma decisões,. E isso pode ser desenvolvido na vida fora do trabalho”, pondera.
E as próprias empresas já percebem a importância de investir nesses momentos de lazer. “Vivemos uma mudança de paradigma em relação ao que é o trabalho. E no cenário de inovação, essas ideias disruptivas só vem da criatividade. Então, as organizações já começam a incentivar seus funcionários a buscar um equilíbrio maior e se conscientizar sobre a importância da vida fora do trabalho. Nossa produtividade não é mais pautada pelo número de horas trabalhadas porque o cérebro cansa. É importante que o próprio ambiente de trabalho ofereça formas de descontração”, opina.
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Para quem quer começar a se dedicar mais às essas atividades na vida fora do trabalho, Thaís recomenda iniciar pequeno. “Às vezes a gente não faz nada e quer começar a fazer tudo ao mesmo tempo. As pessoas costumam fazer planos muito grandiosos, principalmente no começo do ano. Cada pessoa tem que fazer uma auto reflexão com metas possíveis e alcançáveis. Olha para a sua rotina, veja o que está mais desequilibrado e inclua atividades que estão fazendo falta dentro das suas possibilidades. Escolha um dia para fazer algo diferente, depois aumente para dois, planeje uma viagem, converse com alguém novo ou visite um lugar que você nunca foi”, aconselha.