Economista do Banco Mundial, Tomás Teixeira é formado em Economia pela USP, fez mestrado em Political and Economic Development pela Harvard Kennedy School, entre 2012 e 2014. Também é bolsista da Fundação Lemann. A seguir, ele escreve sobre a experiência de cursar um mestrado no exterior e o impacto que o curso teve em sua carreira:
Escolhi fazer mestrado fora aos 26 anos para suprir uma deficiência minha. Sempre fui apaixonado por economia, mas achava as opções de pós-graduação que via por aqui muito teóricas. Como eu queria uma carreira mais prática, optei por uma que me oferecesse uma aliança entre conhecimento e impacto, e em Harvard estavam todas as minhas grandes referências acadêmicas. Aproveitei para fazer outros cursos independentes por lá e ao todo fiquei dois anos e meio, de 2012 a 2014, e fui como fellow da Fundação Lemann.
A decisão veio quando vi que existiam em mim limitações genuínas de habilidades e conhecimentos e que eu não poderia crescer assim. Tinha um conhecimento de livro-texto sobre desenvolvimento econômico e muita dificuldade ao conduzir um projeto de cabo a rabo. Havia também a falta de experiência de liderança. Em Harvard, conheci professores e colegas que eram grandes líderes, e em que pude me espelhar bastante.
Em Harvard, ao ter contato com grandes mestres, consegui combinar uma forma de pensar minha. É algo vital para alguém que quer pensar sobre problemas e soluções para o Brasil
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Um dos maiores aprendizados foi aprender a separar o macro do micro em relação a como vejo o Brasil, em termos de importância. Quando estamos aqui podemos ser cooptados pelo noticiário, pelo desimportante. Quando estamos fora, não nos deixamos levar pelo dia a dia das coisas e vemos o quadro de uma forma mais completa. Hoje, tenho os olhos mais atentos.
Outra coisa tem a ver com como eu me posicionava em meu campo de atuação: sempre em um dado paradigma e com uma forma de pensar fixa. Em Harvard, ao ter contato com grandes mestres, consegui combinar uma forma de pensar minha. É algo vital para alguém que quer pensar sobre problemas e soluções para o Brasil.
Saí de lá muito confiante em mim e no meu poder de impacto. Acabo de cumprir uma missão em Brasilia, na Secretaria de Assuntos Estratégicos, em que conseguimos implementar projetos de desenvolvimento nacional, e retornei à carreira fora do governo.
Hoje, aos 29, atuo como economista do Banco Mundial e não tenho dúvidas que consegui ter acesso a trabalhos assim por conta do mestrado. São postos que eu sempre quis e ter o reconhecimento de uma universidade prestigiada me possibilitou ir ao encontro de sonhos assim.
Meu sonho é ajudar na condução da política de desenvolvimento nacional ao profissionalizar a formulação e implementação dessas políticas. É uma missão de toda uma geração: a minha tem a obrigação de transpor a que nos precedeu e colocar a evidência acima do interesse, a técnica acima do senso comum.
A decisão de estudar fora, para mim, tem que ser intrínseca e no momento em que você sente falta de um conhecimento. É preciso chegar em uma universidade como Harvard, com seus recursos ilimitados, sabendo do que você sente falta para poder escolher o que lhe é mais valioso. Dadas as limitações de tempo, se você não sabe do que precisa vai aproveitar muito menos do que poderia.
Este artigo foi originalmente publicado em Estudar Fora, portal de estudos no exterior da Fundação Estudar