A batalha não é de hoje, mas constantemente um número significativo de mulheres têm buscado conquistar lugares que, até então, eram dominados por homens. Apesar disso, a questão da igualdade de gênero e a luta por uma maior presença feminina em todas as áreas da sociedade tem intensificado continuamente.
Ainda que seja preciso avançar, neste Dia Internacional da Mulher, o Na Prática reuniu alguns exemplos de mulheres que estão trabalhando ou já atuaram em projetos incríveis. Confira!
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Alessandra Orofino
Alessandra Orofino é graduada em Economia e Direitos Humanos pela Columbia University, de Nova York (EUA), e Ciências Políticas no Institut d’Etudes politiques de Paris (França). Ela é co-fundadora do Meu Rio, diretora-executiva da Rede Nossas e diretora geral do Programa Greg News (HBO).
Nem todo mundo sabe, mas Alessandra faz parte da mobilização que, em questão de dias, conseguiu fazer com que o Governo Federal instituísse o Auxílio Emergencial. O benefício foi destinado a trabalhadores informais e de baixa renda durante parte da pandemia de Covid-19.
“Apenas dois dias depois, nosso pequeno grupo de seis organizações parceiras se tornaria a maior coalizão da sociedade civil desde a redemocratização. Já éramos 163 organizações – algumas representando redes de um sem-número de outras instituições e coletivos – e reivindicávamos, todas juntas, a implementação imediata de uma renda básica de emergência para aliviar os mais pobres dos efeitos socioeconômicos da pandemia”, escreveu Alessandra à Piauí.
Ana Paula Martinez
Ana Paula Martinez é um nome de destaque do Direito na área de concorrência, nacional e internacionalmente. Foi duas vezes vencedora do prêmio de melhor advogado do mundo, promovido pela publicação britânica especializada Global Competition Review (GCR).
Pela larga experiência acumulada na carreira em Direito – incluindo a atuação na Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, entre 2007 e 2010 – é frequentemente chamada a prestar consultorias a organizações internacionais, como o Banco Mundial e as Nações Unidas, em sua divisão para o comércio e desenvolvimento, a Unctad.
Uma de suas principais realizações no Ministério da Justiça foi participar da criação da Estratégia Nacional de Combate a Cartéis. A iniciativa estruturou a cooperação entre os diferentes atores envolvidos no combate a esse tipo de crime para tornar as punições mais efetivas.
Camilla Morais
Camilla Morais desde a graduação tem sido desafiada por um ambiente que ainda carece de maior representatividade feminina. Formada em Engenharia Mecânica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), fez parte de uma turma de 120 estudantes em que apenas seis, incluindo ela, eram mulheres. Já habituada a esse cenário, não foi pega de surpresa ao migrar para o mercado financeiro e vivenciar situação semelhante.
Em uma das organizações que atuou, aliás, foi surpreendida até mesmo pela falta de um banheiro feminino. “É desafiante, pois o mercado financeiro é dominado pela presença masculina e suas demandas. Isso mesmo fora do Brasil. Nessas situações, em que somos parte de uma minoria, muitas vezes é difícil ser ouvida.”
Segundo ela, que atua no Vale do Silício e é vice-presidente de Operações na Brex, é preciso criar empatia e, ao mesmo tempo, tocar no assunto – que há anos tem sido mantido debaixo do tapete. Além disso, outro passo imediato é justamente dar mais espaço para mulheres e outras minorias no momento da contratação. “Se queremos um universo profissional mais inclusivo e diversificado futuramente, precisamos começar pelo hoje”, pontua.
Carla Diniz
Carla Diniz é atualmente diretora de Gente e Gestão da NTS (Nova Transportadora do Sudeste S/A), porém desde cedo precisou enfrentar desafios, tanto por advir de uma família humilde quanto por ser mulher. Filha de um motorista de ônibus e de uma dona de casa, na graduação, por exemplo, precisou conciliar a faculdade integral de Química na UERJ com o trabalho noturno em uma fábrica.
Mas a trilha profissional de Carla não parou por aí. Ela é pós-graduada em Gestão de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas, em Finanças pelo IBMEC-RJ, onde também concluiu o mestrado em Administração. Em 2007, ela ganhou uma bolsa para realizar uma pós-graduação em Educação Executiva na Darden School of Business, University of Virginia (EUA).
Carla iniciou sua carreira na área de Operações Industriais na Ambev, porém posteriormente migrou para área de Gente e Gestão, atuando também em empresas como BHG e Vale. Sobre a falta de mulheres em posições estratégicas, ela ressalta a necessidade de identificação dos “degraus” que ainda impedem muitas de avançarem.
“Isso sabota a autoconfiança de se aplicar para determinadas posições e faz com que muitas mulheres não se enxerguem em alguns ambientes. Penso que a gente combate os vieses falando sobre eles e gerando maior consciência. Da mesma forma que acredito que o compartilhamento de histórias e a mentoria, feminina ou masculina, pode ajudar no desenvolvimento da autoconfiança e no apoio para que outras mulheres cheguem lá”, pontua.
Caroline Andrade
Protagonista da educação pouco convencional, Caroline deixou a faculdade de engenharia química após não se identificar com o curso e começou a estagiar na edutech Jovens Gênios. Lá, ela encontrou sua paixão e se desenvolveu até ocupar a posição de diretora de sucesso do cliente.
Aos 25 anos, hoje comanda o time de sucesso do cliente da empresa, responsável por pensar na usabilidade da plataforma e em soluções que sejam escaláveis, priorizando experiências que encantem os mais de 10 mil clientes.
Gabriela Augusto
No decorrer do ano passado, a advogada Gabriela Augusto, 27, fundadora da Transcendemos, foi citada em duas importantes listas de negócios: a primeira foi um prêmio internacional da consultoria McKinsey direcionado a ações em prol da comunidade LGBT, e a outra foi a seleção Top Voices, promovida pelo LinkedIn. Hoje, ela é responsável por projetos de diversidade em mais de 100 empresas, como Google, Electrolux e Citi Brasil.
A paulista escreveu um livro de bolso e bateu, inicialmente, na porta de empreendedores para conversar sobre temas como desigualdade, intolerância racial e a questão trans. Nessa jornada, o trabalho obteve reconhecimento por companhias maiores e a Transcendemos Consultoria foi oficialmente fundada em 2017.
Georgia Sampaio
Georgia Sampaio nasceu em uma comunidade de Feira de Santana, na Bahia. Vinda de uma família humilde – seus pais não têm curso superior –, sempre buscou estudar nos melhores colégios do estado, por meio de bolsas de estudo conquistadas por conta de seu desempenho acadêmico. Aos 12 anos, inclusive, começou a aprender inglês sozinha. “Tive minha vida completamente mudada pela educação”, conta.
Quando estava no ensino médio, sua tia foi diagnosticada com endometriose – doença crônica que atinge milhões de mulheres no mundo – e teve que retirar o útero. Georgia testemunhou seu sofrimento e começou a pesquisar formas de tornar o diagnóstico mais rápido e acessível financeiramente. Com o avanço do projeto, conseguiu provar sua importância. Em 2014, teve sua iniciativa premiada pela Harvard Social Innovation Collaborative.
Com o sonho de estudar fora, ela se aplicou a universidades americanas – e foi aceita em nove. Dentre as instituições, Yale, Columbia, Duke, Dartmouth e Stanford. Escolheu a última, onde fez sua graduação.
Polly Lima
Polly Lima poderia ser médica, visto que passou em renomados vestibulares públicos (UNESP, UFMG, UNIFESP e UFC), porém encontrou o seu caminho no Direito. Guiada muito mais por sua paixão por questões públicas do que pela ideia de ser advogada, ainda durante a graduação na USP participou de grupos de extensão universitária. Atuou na ressocialização em presídios, denúncia de abusos de direitos humanos e elaborava políticas públicas junto com a população em situação de rua, além de pautar reformas do ensino jurídico via movimento estudantil.
Por meio de um intercâmbio acadêmico com bolsa, estudou Políticas de Desenvolvimento Econômico e Social na SciencesPo e na Universidade Sorbonne Paris 1. Ela também realizou uma pós-graduação em Gestão Pública pelo Insper. Enquanto isso, sua trajetória profissional é marcada inicialmente pela atuação na Vetor Brasil, uma NGO que engaja jovens para atuarem no setor público, onde foi trabalhar no Maranhão, na primeira unidade de Parcerias Público Privadas (PPP) do estado.
Ela também concluiu recentemente o mestrado em Políticas Públicas na Universidade de Oxford, sendo a primeira brasileira formada com distinção. Além disso, atuou no financiamento do sistema multilateral na OCDE em Paris, sendo em seguida convidada a liderar a equipe de PPP do município do Rio de Janeiro e em breve irá se juntar à consultoria estratégica Mckinsey, como Associate Consultant.
Apesar da carreira brilhante no setor público, Polly aponta que precisou conhecer e estudar o feminismo para perceber a “violência simbólica” – de palavras, símbolos e estrutura social – que acabam por afastar a presença feminina. “Para que essas mudanças culturais tenham lugar, de maneira pragmática, são necessárias ações enérgicas e corajosas do setor público e privado imediatamente. Precisamos de RHs com uma visão clara da importância de diversidade, precisamos de treinamentos sobre gênero e sua desconstrução social em escolas, em empresas e governos”, explica.
Ela inda destaca que necessário que mesmo as mulheres que já ocupam esses espaços devem perceber a importância de tal fato. Esse também seria um caminho para empoderar outras figuras femininas – seja com metorias, contratações ou suporte em seus desenvolvimentos pessoal e profissional. Em conjunto com outras mulheres, Polly está escrevendo um livro: “Elas na liderança!”.