As grandes ideias – aquelas que nos quadrinhos são antecedidas de uma lâmpada dentro do balão de pensamento – são muito cobiçadas no mercado. Desde que a tecnologia liberou as fronteiras do que é possível, inovar é a máxima nos negócios. De fato, o mundo moderno se molda de acordo com algumas “grandes ideias”, como o computador e a web.
Quando se pensa em qualquer uma delas, ou até se conhece sua história, a impressão que fica é que as novidades que mudaram a o curso da história (ou até as mais modestas) simplesmente surgiram na cabeça dos idealizadores. Isso faz com que todos os esforços das pessoas ou das empresas, nesse sentido, seja para impulsionar o tal “momento eureca”.
Porém, segundo a ciência, essa abordagem é inefetiva porque as ideias não se originam a partir de saltos cognitivos de grandes intelectos. Uma das pesquisas mais recentes sobre o assunto mostrou que, na verdade, a criatividade é fruto de uma série de passos. Realizado por dois pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, o estudo, analisado pelo site Fast Company em uma matéria, buscou entender como é o processo de brainstorming que leva às ideias. Ou: como o “pensamento A levou ao pensamento B que levou ao avanço C”.
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O objeto de estudo dos pesquisadores foram transcrições de sessões de brainstorming de um time de design profissional. Como resultado, descobriram que o que acontecia é que a ideia inicial puxa uma reflexão relacionada, que estimula outro passo e assim em diante. Resumidamente, “a cadeia de pequenos avanços mentais às vezes termina com uma ideia inovadora em um grupo”, explicam os estudiosos. Fazer analogias é algo que contribui para a evolução nessa cadeia de pensamentos.
De acordo com a dupla autora do documento, uma analogia é “quando olhamos para duas coisas em nossa memória ou no mundo e dizemos que elas são semelhantes, com base em alguma estrutura subjacente que compartilham”. As analogias são processos naturais e, muitas vezes, inconscientes, da mente humana.
Nas reuniões de brainstorming avaliadas pela dupla de Pittsburgh, os designers, incumbidos de projetar uma impressora portátil para crianças, faziam novas analogias a cada cinco minutos. Confira um exemplo:
Acima, a ideia evolui de video tape flap (“aba de fita de vídeo”), para garage door (“porta de garagem”) e, finalmente, roller door (“porta de correr”).
“Isso aconteceu durante as sessões de brainstorming; ideias mudaram e mudaram e se transformaram. O brainstorming não levou diretamente para uma inovação revolucionária, mas usar a necessidade inerente do cérebro de desenhar semelhanças [fazer analogias] ajudou a impulsioná-las”, segundo o Fast Company.
Dicas para uma sessão de brainstorming produtiva
1. Não bloqueie ideias
Iniciar a reunião dizendo coisas do tipo “Vamos ter boas ideias” pode fazer com que os colaboradores sintam-se pressionados e não falem a menos que considerem algo uma “boa ideia”. Se a analogia é um passo importante para inovar, é contraprodutivo limitar o que é falado.
2. Não comece dando exemplos
Descrever uma solução que funcionou pode implantar essa ideia na cabeça dos participantes. Assim, é muito mais provável que eles apresentem soluções similares.
3. Use analogias
“As analogias permitem que você pise entre mundos que parecem desconectados e conecte-os com base em alguma estrutura, para ajudá-lo a ter ideias novas – mesmo que não sejam radicais -, e então construir sobre elas”, dizem os pesquisadores.
4. Evite “incentivos”
Procurar estimular a equipe com incentivos (como dinheiro) é prejudicial, segundo o estudo. Nessas situações, os autores descobriram que as pessoas costumam dar muitas ideias, porém muito parecidas umas com as outras.