O mercado de trabalho se movimenta por caminhos distintos todos os anos. Com as mudanças na sociedade, o melhor aproveitamento dos recursos e a maior compreensão sobre o mundo, novas tecnologias surgem a todo momento e demandam novas habilidades.
Nesse universo de transformações, pessoas altamente capacitadas se tornam cada vez mais necessárias e, em um país com baixa capacidade de formar profissionais, as organizações precisam agir.
Para tentar explicar a importância desse tipo de ação formativa, nós do Na Prática resolvemos contar a história de três brasileiros que mudaram de vida após ingressar no mercado de tecnologia. No caso, todos fizeram isso por meio do Bootcamp Itaú Devs: um programa de treinamento para formar programadores dentro da própria empresa.
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A engenheira que superou um relacionamento abusivo e melhorou a vida da família
No início de 2020, quando a pandemia de Covid-19 começava a dar as caras no Brasil, Talisia Lima, 48, havia acabado de sair de um relacionamento abusivo. Mãe de quatro filhos, ela embarcava ali em um jornada que nunca imaginara viver: precisava se reencontrar como profissional, como mãe e, principalmente, como mulher.
Nesse período, depois de ter trabalhado por 20 anos em uma rede de fast food e ter passado uma temporada de três anos como cabeleireira em seu próprio salão, Talísia se viu desempregada.
“Não estava satisfeita com a área de beleza, não era o que eu esperava e então eu fechei o salão e desisti do negócio”, lembra ela.
Para superar o momento difícil motivado pelo fim do casamento e pelo desemprego, foi preciso força e apoio da família. Sua filha mais velha, Thassia, é um ponto chave para sua superação, que começou em meados de março daquele ano.
Isso porque sua primogênita, que à época já trabalhava no ramo de tecnologia, a incentivou a estudar programação – mesmo com a pandemia e a falta de trabalho.
Deu certo. Os estudos renderam a Talisia uma aprovação no programa Bootcamp Itaú Devs, em outubro de 2020, e em alguns meses ela foi contratada para trabalhar na área de macroeconomia do banco como engenheira de qualidade de software.
“Mudou totalmente a minha vida como profissional e também como pessoa e mudou a vida da minha família. Hoje eu consigo dar um padrão de vida diferente para eles em relação ao que eu podia dar um ano atrás. Continuo aprendendo, sempre tem novidade, porque essa é uma área em que você precisa estar sempre se atualizando.”
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O homem trans que encontrou o respeito que buscava no mercado de tecnologia
Nos últimos anos, Kadu Furtado, 31, sentia-se doente. Não era algo sobre ele, nem sobre sua saúde física de modo geral. O caso é que a falta de respeito das pessoas, que não aceitavam o fato de que ele é um homem transgênero, começou a adoecer a mente do jovem.
“Mais de uma vez, passei por situações discriminatórias e desgastantes para ter meu direito de ser chamado pelo meu nome social respeitado, por exemplo”, escreveu ele em sua página do LinkedIn. “Me vi paralisado pela ansiedade, sem conseguir enxergar um caminho em que eu pudesse ser fiel a mim mesmo.”
Felizmente, após participar de um treinamento em uma organização sem fins lucrativos especializada em tecnologia, Kadu foi convidado para participar do Bootcamp Itáu Devs que, meses depois, rendeu a ele uma oportunidade efetiva no banco.
“Foi uma experiência incrível, muito rica de conhecimento e aprendizado não só de tecnologia, mas de como ser profissional. Atualmente faço parte do time de back-end do Itaú. Me sinto completamente respeitado, totalmente feliz, porque além de ter uma carreira sólida, que sempre quis, eu tenho hoje, depois de oito meses de trabalho, uma estabilidade financeira que antes eu não tinha”.
A jornalista que trocou as fontes pelos códigos
Em 2013, Raquel Andrade, que hoje tem 36 anos, era estagiária em uma revista. Na oportunidade, ela fazia atualizações em publicações do veículo em uma plataforma que, entre outras ferramentas, se baseava em códigos básicos de HTML.
A experiência passou, Raquel não continuou no jornalismo e acabou indo trabalhar com atendimento ao cliente. Mas, pouco tempo antes do início da pandemia de Covid-19, ela percebeu que algo estava errado.
“Eu me questionei se o que eu estava fazendo era e o que eu gostava”, diz ela, ao relembrar sua trajetória.
O medo, apesar de presente, não a paralisou. Raquel entendeu durante esse processo que precisava, sim, mudar de carreira, ainda que isso pedisse um processo de análise sobre tudo que ela queria e sobre o que ela gostava de fazer.
Foi aí que ela colocou na mesa suas experiências e lembrou da época em que utilizava ferramentas básicas de HTML no estágio de jornalismo. Com uma pesquisa, percebeu que o mercado de tecnologia estava em alta e, a partir daí, teve certeza: faria uma transição de carreira.
“Eu sei que mudar de carreira não é fácil, principalmente durante a pandemia, mas é um caminho possível e que vale a pena ser trilhado”, escreveu Raquel em sua página do LinkedIn. “Eu só não sabia por onde começar. Comecei a participar de palestras, workshops e todo o tipo de evento que pudesse encontrar para encontrar um caminho possível para mim.”
Raquel acabou se inscrevendo em um programa de treinamento voltado para mulheres. Passou em uma seletiva com outras 900 candidatas e, após participar do programa e até se matricular em uma faculdade de tecnologia, recebeu o convite do Itaú, por meio do programa de treinamento da empresa.
Por acreditar que poderia mudar os rumos da sua carreira, ela se tornou engenheira de software do banco e decidiu que ajudaria as novas gerações.
“Me desafiei, estudei muito e deu certo. Mesmo já tendo concluído o programa de treinamento que me fez dar o passo inicial para uma carreira na tecnologia, continuo participando dele até hoje, mas agora como professora e com a missão de ajudar a trazer mais mulheres para o nosso mercado.”