É fato que cercar-se de pessoas inspiradoras é, por si só, algo inspirador. A confiança, o sonho e a expertise dos outros podem fazer surgir uma ideia na sua própria cabeça e aprimorar as ideias que você já tinha – um benefício que é sempre recíproco, formando um ciclo virtuoso. “Busque se cercar de gente boa”, já aconselhava o empresário Jorge Paulo Lemann para aqueles que querem agir grande.
Quando pensamos nos grupos de que participamos, muitos palavras vêm a cabeça para definir o nosso envolvimento com cada um deles. Fabiano Salgado, responsável pela área de relacionamentos e redes da Fundação Estudar, explica que há uma diferença, por exemplo, entre rede e comunidade. A primeira é formada por conexões de diversas naturezas e existe independente de qualquer pessoa dentro delas… Pense nos ex-alunos do seu colégio, por exemplo.
Já a segunda é quando uma parte dessa rede interage e se conecta entre si, seja por um propósito em comum ou um objetivo similar. É o que acontece com a comunidade dos ex-participantes dos programas do Na Prática que, integrados pelo Núcleo, realizam reuniões frequentes, trocam indicações e apoiam de maneira estruturada o desenvolvimento uns dos outros.
Embora a primeira também seja primordial para a inspiração e o avanço, é dentro deste segundo recorte que acontece a mágica. As próprias comunidades, vale lembrar, sempre podem crescer recorrendo à rede original em que surgiram. E o impacto nos participantes é sempre multiplicado a partir dessas novas conexões.
Foi, por exemplo, a partir das comunidades de que participava que a mineira Marcela Trópia desenvolveu a autoconfiança para se lançar como candidata a vereadora aos 21 anos. No caso, ela se refere ao grupo de participantes do programa Imersão Empreendedorismo e, depois, do grupo de bolsistas da Fundação Estudar. Estudante da Fundação João Pinheiro, ela conta que costuma recorrer a essas comunidades para apresentar suas ideias de projetos e pedir opiniões justamente porque muitos sonham grande como ela e trazem à mesa experiências muito diferentes. “Foi um marco na minha vida e dá uma sacudida positiva”, diz.
Renan Ferreirinha Carneiro, outro bolsista da Fundação Estudar e aluno de graduação na Universidade de Harvard, concorda: “Ter uma comunidade altamente qualificada e disposta a te ajudar no que for preciso não tem preço”. Ele lembra que, na comunidade dos bolsistas, conseguiu patrocínios e investidores para projetos e que as agendas de contatos são compartilhadas de maneira generosa. “Cada vez mais, percebo que gente boa atrai gente boa e, juntas, elas fazem coisas grandes acontecerem.” Para ele fazer parte da comunidade dos bolsistas da Fundação Estudar tem o mesmo valor que integrar a seleta rede dos alunos de Harvard, frequentemente considerada a melhor universidade do mundo – e que, por consequência, pretende ter entre seus alunos as melhores cabeças.
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Em um encontro recente da comunidade Estudar, a bolsista Joice Toyota mencionou também os benefícios de fazer parte de outro grupo: os ex-alunos de Stanford. Segundo ela, é muito fácil ter acesso a ex-alunos simplesmente enviando um email do endereço eletrônico associado à Stanford – mesmo que eles, hoje, sejam executivos de agenda apertadíssima. Dessa forma, a universidade (que se tornou o motor do principal polo de inovação tecnológica do mundo, o Vale do Silício) forma uma rede informal que têm ajudado negócios inovadores a saírem do papel ao redor de todo o mundo.
“Essa rede que se forma é o que faz a nossa universidade especial”, diz o professor de Stanford Jonathan Levav, em entrevista ao Estadão. “Os alunos são realmente comprometidos e percebem que, ao serem aceitos, estão entrando em uma comunidade”, continua. A universidade também seleciona pessoas com interesses variados – de médicos a astronautas – para que os alunos troquem experiências e cresçam juntos.
Extrair o máximo de benefício das redes e fazê-las evoluir para comunidades é a motivação por trás de diversas iniciativas, algumas bastante antigas e outras muito recentes. Pense, por exemplo, nas comunidades alumni organizadas pelas grandes faculdades ou pelas tradicionais consultorias; no conceito de negócios por trás do LinkedIn ou do Facebook; e na próprio surgimento em 2015 do Núcleo, a comunidade alumni dos programas presenciais do Na Prática.
O Núcleo hoje conta com mais de 700 pessoas ativas em 11 estados brasileiros espalhadas por todas as regiões do país. “Uma vez no programa, parece que acende uma chama e você pensa: e agora? Preciso fazer coisas grandes”, explica Fabiano. “A comunidade do Núcleo é formada por quem também está com essa chama acesa e o maior benefício é entender que tem gente o tempo todo te estimulando a ser um jovem de alto impacto.”
Um propósito em comum entre todos esses membros é uma vontade de querer gerar transformações através dos desenvolvimentos das próprias carreiras. A aposta é na formação contínua dos membros: liderança, mercado e propósito são temas recorrentes das experiências e capacitações que ocorrem na comunidade.
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Pertencimento Fabiano explica que mobilizar e engajar as pessoas é chave para manter a boa qualidade de uma comunidade. “O que deixa uma comunidade viva é o engajamento, que tem muito a ver com o sentimento de pertencimento”, diz.
É possível conseguir isso através de ritos ou símbolos, como hashtags ou tarefas coletivas, e de estímulos constantes, que criem um ambiente atraente para a troca de ideias. Também é importante ter alguém que atue como facilitador, que faça a ponte entre as pessoas e ajude-as a entender como absorver e contribuir o que está disponível.
Por fim, é importante lembrar que uma comunidade é uma via de duas mãos. “Eu não só contribuo com a comunidade como ela contribui comigo, seja com meus projetos ou com meu desenvolvimento”, diz Fabiano. “Preciso ver que estou me desenvolvendo para me sentir parte dela.”
Assista também ao vídeo a seguir, em que Ryoichi Penna, da Fundação Estudar, dá dicas de como melhorar o networking e a formação de redes: