Quando saiu da faculdade, Dorival Bordignon Jr. não se sentia muito bem preparado para o mercado de trabalho, nem tinha clareza do que faria a seguir. Terminando um estágio na Siemens, ele cogitava trabalhar em vários setores e funções quando recebeu uma oferta na P&G (Procter & Gamble) para começar como gerente de operações. “Tinha referências muito boas de quem tinha feito estágio lá. Então, apesar de ter formação em engenharia de produção e não saber exatamente o que faria na empresa, aceitei a proposta. Só me disseram que entraria no departamento de baby care, da marca Pampers”, conta.
No fim, foi uma boa aposta: Dorival acabou ganhando responsabilidades de liderança muito cedo. Em um ano de casa, já tinha 25 pessoas respondendo para ele. Em dois anos, já liderava toda a cadeia de suprimentos de baby care da P&G – a segunda categoria mais importante da empresa no Brasil e a maior no mundo. Seu trabalho incluía a compra de matéria-prima e a otimização da produção e da distribuição dentro do país e no exterior. “Quando topei o desafio, me deu um friozinho na barriga: será que vai dar certo? De fato, precisei aprender a motivar pessoas e estabelecer um relacionamento próximo a elas”, diz.
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Motivação diária
Para ele, um ponto positivo de trabalhar em operações é conseguir ver o resultado do seu trabalho de forma quase imediata, o que lhe motiva a querer melhorar constantemente. “É um ambiente em que você tem que pensar muito rapidamente, e não tem tempo para planejar demais suas iniciativas. Dificilmente você deixa um problema para resolver no dia seguinte, e isso te dá um senso de urgência muito grande”, comenta. “Em poucos anos, já consegue ver sua cara na organização e se sentir realizado por ver as coisas se transformando.”
Dorival ressalta ainda que, por um gerente de operações reunir informações de diversas áreas – como vendas, marketing e customer demand planning –, também tem a oportunidade de ganhar uma visibilidade muito grande dentro da empresa, com um contato próximo com vários gerentes e líderes. “Ao mesmo tempo em que você se sente parte de algo grande e conquista relevância, a pressão é enorme. Ou seja: se você faz bem o seu trabalho e alcança bons resultados, ótimo. Se o faz mal, tem que responder pelos seus erros também”, pondera.
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Crescimento rápido
Segundo Dorival, a área de operações é carente de bons profissionais, porque costuma haver um preconceito de que todos os dias você faz a mesma coisa, de que o trabalho é monótono. “Na verdade, tudo depende de você. É possível expandir o seu mandato sendo proativo, a ponto de executar suas tarefas e pedir algo a mais”, afirma Dorival. “Se você tiver uma visão mais ampla da função, pode encontrar a oportunidade de crescer dentro dela”, acrescenta.
Ele acredita que, muitas vezes, é possível ocupar cargos de liderança mais rapidamente em operações, porque a função não depende muito de números ou análises. “Inevitavelmente você vai trombar com isso, mas não vai sentar no seu computador de manhã, abrir o Excel e ficar virar a noite em cima dele. Você vai conversar com diversas pessoas, participar de reuniões, e isso vai te desenvolver e te dar maturidade para assumir posições de liderança.”
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Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.