Por piores que sejam seus efeitos, as crises têm um papel importante em apontar falhas dentro das organizações dos mais diversos setores. Exemplo mais recente a nível global, a pandemia de coronavírus demonstrou claramente como os líderes podem ser desafiados pelo inesperado e pela necessidade de estar um passo à frente na inovação. E para estarem adaptas a lidar com essas adversidades, as lideranças precisam trabalhar e desenvolver diferentes tipos de inteligência, de acordo com o consultor estratégico especializado em inovação John Kao.
Os tipos de inteligência
Em artigo publicado pelo Fórum Econômico Mundial, Kao aponta que existem 6 tipos de inteligência que podem ajudar as lideranças a navegar tempos de incerteza, como o imposto pelo coronavírus. Ele defende que os atuais líderes ainda se apoiam em ferramentas do passado para lidar com os obstáculos do futuro e questiona qual é o modelo de liderança que se ajusta melhor a esse momento de ruptura.
Para que uma empresa tenha uma “liderança inteligente”, como o próprio define, os gestores precisam acessar os diferentes tipos de inteligência, que os ajudarão a lidar com novas e inesperadas situações. A partir de sua experiência como consultor, Kao construiu um modelo de seis inteligências organizacionais. Conheça melhor cada uma delas:
#1 Inteligência contextual
Como próprio nome dá a entender, está ligada ao contexto de uma situação. Os líderes precisam de ferramentas e estratégias contínuas que os ajudem a ter clareza sobre a atual situação que enfrentam e os resultados desejados. Ela é fundamental no processo de tomada de decisão. Os gestores devem ser capazes de identificar um problema, avaliar opções, escolher um plano de ação e executá-lo rapidamente.
Kao indica que algumas formas de exercitar esse tipo de inteligência são se empenhar em ouvir perspectivas diferentes, praticar a intuição de forma apropriada, perceber sinais de fraqueza e se preparar mentalmente para consequências inesperadas.
#2 Inteligência moral
Todas as ações de uma empresa são pautadas por um conjunto de valores que norteiam as estratégias da organização. É por meio deles que as companhias conseguem realizar sua missão e alcançar seu propósito. Mas, é comum que os líderes adotem processos estratégicos do início ao fim que se concentrem em entregar valor aos stakeholders, sem a preocupação necessária com os valores da organização. A inteligência moral cria o porquê da jornada e aprimora a capacidade da liderança de se conectar e motivar os outros.
#3 Inteligência socioemocional
A inteligência social e emocional alinhadas indicam como cada pessoa interage e influencia os demais. É por meio desse tipo de inteligência que os profissionais são capazes de se colocar no lugar do outro, gerando empatia e compaixão, e criar confiança e motivação dentro de um time. Além disso, os líderes precisam ser capazes de ler as emoções de outras pessoas para tomar de decisões inteligentes sobre como colaborar, com quem trabalhar e como se desenvolver.
#4 Inteligência geracional
O termo geracional vem da noção de gerar novas ideias e criar valor a partir delas, pautando o caminho pelo qual os resultados devem ser atingidos. Esse tipo de inteligência provoca a pergunta: “Como mobilizo minha criatividade e a de outras pessoas para obter valor?” e está extremamente ligada aos processos de inovação que ocorrem dentro das empresas.
#5 Inteligência tecnológica
Os líderes devem ser capazes de entender, usar e ampliar o poder das tecnologias emergentes, potencializando um impacto rápido. Esse é um novo conjunto de habilidades que se aplica não apenas aos modelos de negócios, mas também às organizações e como elas funcionam.
#6 Inteligência transformacional
Para estarem preparadas para o futuro, as empresas precisam ter os instrumentos necessários para se transformar e lidar com mudanças. Esse tipo de inteligência promove a capacidade de criar e liderar uma jornada significativa, que motive as pessoas a agir e alinhar seus esforços. Esse caminho se torna efetivo com comunicação clara e confiável, narrativas convincentes e senso de urgência propagado pelos líderes.
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Por fim, Kao afirma que é necessário entender a utilidade dos tipos de inteligência. De forma resumida, elas ajudam os líderes a entender o contexto que enfrentam, refletir um código moral nas ações da empresa, entender as emoções e motivações de cada um, gerar soluções para os problemas, adotar a tecnologia e suas novas possibilidades e impulsionar transformações. Ele finaliza afirmando que a mistura e a combinação desses tipos de inteligência resulta na capacidade de impulsionar agendas transformacionais, o que ele acredita ser o objetivo final de todos os líderes.