Assunto em alta hoje é a transformação tecnológica, que atinge com cada vez mais intensidade o mercado de trabalho. Com esse foco e com objetivo de entender a dimensão das mudanças, a Tera, startup brasileira de ensino de habilidades tecnológicas, investigou, em 2018, e lançou seus resultados na pesquisa intitulada “Re:trabalho”.
Realizado em parceria com a Scoop&Co e a Época Negócios, o estudo contou com a participação de 980 brasileiros em diferentes estágios de carreira, que têm ocupações em alta, como cientistas de dados, designers UX, e gerentes de produto, além de 70 profissionais de RH. Cerca de 86% das empresas e 85% dos profissionais afirmaram já terem sentido os impactos da tecnologia na carreira e trabalho, pelo menos parcialmente, nos últimos anos. Para 56% das empresas, ainda, os efeitos mudaram totalmente o negócio.
Apenas 25% dos respondentes relatam ter sentido impacto negativo, como deixar de participar de projetos importantes, perder uma promoção ou até o emprego, no entanto. “Quando comparamos os perfis de quem foi impactado negativamente e quem não foi, uma surpresa: os dois perfis são muito parecidos em todos os recortes demográficos, como idade, cargo, setor e formação”, destaca o “Re:trabalho”. Esse fato leva os autores do estudo a concluir que “quem se considera capacitado digitalmente apenas não foi ainda desafiado pelas reais mudanças”.
Competências técnicas mais cobiçadas
Em todos os segmentos de mercado, as competências técnicas mais procuradas, de forma geral, são as mesmas, segundo o resultado da pesquisa. As principais prioridades são
- Análise estatística e de dados (Big Data / Data Science) – 51%
- Machine Learning e Inteligência Artificial – 44%
- Inteligência de negócios – 37%
- Gestão de produtos digitais – 33%
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Responsabilidade e motivação das organizações
“O padrão das principais competências técnicas, que se aplica tanto à busca dos profissionais quanto à demanda das empresas, indica o papel crucial das empresas na definição de quais são os conhecimentos mais relevantes e prioritários, atraindo talentos ou dando oportunidade para que seus colaboradores sejam protagonistas da transformação”, diz o “Re:trabalho”.
Difícil saber com precisão em que medida isso já está sendo feito – e sendo efetivo – já que há divergências entre o que pensam diferentes perfis de colaboradores. Cerca de 77% dos profissionais de C-Level (CEOs, CFOs, CTOs, por exemplo) consideram que incentivam a busca por conhecimentos digitais. Mas apenas metade dos colaboradores em níveis intermediários (como gerentes e analistas) indicam perceber tais incentivos.
Quanto à motivação das empresas, o estudo revela que a maioria (54%) considera que desenvolver uma área digital seja indispensável para a sobrevivência do negócio. Por conta disso, 81% das empresas pesquisadas já investe em algum processo de digitalização e pretende continuar investindo. “Porém, ainda há muitas dúvidas sobre como planejar o investimento: 71% não têm orçamento pré-aprovado para os próximos dois anos e 73% ainda não têm um programa/projeto para atrair talentos digitais.”