Maximizar a eficiência é o foco de muitos profissionais – e empresas. Mas psicólogos e neurocientistas descobriram que as distrações também podem ser benéficas. Dependendo do seu tipo, podem ajudar a desenvolver sua criatividade para a resolução de problemas. Em artigo, o site Nautilos traz os detalhes das descobertas dos especialistas.
Um deles é Brent Coker, que estuda comportamento na Universidade de Melbourne, na Austrália. Segundo seus estudos, pessoas que se dedicam à “navegação de lazer na Internet no local de trabalho” são aproximadamente 9% mais produtivas do que as que não fazem isso.
Jonathan Schooler, psicólogo e professor da Universidade da Califórnia fez do assunto seu trabalho de doutorado. Ele concluiu que “se envolver em tarefas externas simples que permitem que a mente vagueie pode facilitar a solução criativa de problemas.”
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“Melhor do que fazer nada”
“O resultado mais surpreendente do estudo foi que a tarefa ‘não exigente’ era realmente melhor do que não fazer nada”, afirma Schooler. O motivo, no entanto, ainda não é tão claro. “Meu melhor palpite é que, se você está envolvido em uma ‘tarefa não exigente’, isso impede que você tenha uma sucessão longa de pensamentos”, conclui ele.
“É uma espécie de agitação, mexer no pote, assim você não está mantendo um mesmo pensamento por um tempo particularmente longo. Há muitas ideias diferentes entrando e saindo, e esse tipo de processo associativo leva à incubação criativa”.
Ele não está sozinho em suas conclusões: em 2006, o psicólogo Ap Dijksterhuis, da Universidade Radboud, na Holanda, descobriu que as pessoas encarregadas de tomar uma decisão complexa se saem melhor quando lhes é permitido um breve período de distração antes de terem de decidir.
Alguns anos mais tarde, o estudante James Bursley, e o professor de psicologia David Cresswell, ambos da Universidade Carnegie Mellon, replicaram o estudo de Dijksterhuis. Mas deram um passo à frente – sua pesquisa confirmou que os processos neurais relacionados à decisão ocorrem durante os momentos de “pensamento inconsciente”, as distrações. Bursley diz que isso acontece porque o pensamento inconsciente e o pensamento consciente utilizam “regiões neurais distintas não sobrepostas”.
Na prática, significa que somos capazes de prestar atenção em uma coisa (vídeos de gatinhos no Youtube, por exemplo) enquanto resolvemos outra (problemas complexos de matemática).
A distração perfeita para desenvolver a criatividade
Que tipos de distrações, exatamente, colaboram para desenvolver a criatividade de um profissional? Não, não é qualquer uma. “Você quer uma distração que esteja bem longe do que você deseja processar inconscientemente”, diz Bursley.
Se você precise que seu cérebro processe inconscientemente um problema de matemática, por exemplo, seria melhor que o distrator fosse algo como jogar tênis, segundo ele, em vez de algo semelhante, como um quebra-cabeça espacial.
O empreendedor Jacques Habra, que estuda o assunto para criar uma companhia especializada na “distração perfeita”, por sua vez, destaca que imagens que encorajam você a pensar sobre o futuro ou inspiram uma sensação de curiosidade e exploração também servem nesses momentos.
O mesmo acontece com imagens que são “sem ego” – que não envolvem as especificidades da vida. “Quando as pessoas dão uma pausa no trabalho e entram no Facebook, isso se torna uma experiência orientada pelo ego”, explica ele o estudioso. “Eles veem as fotos de alguém de férias e pensam: ‘por que não eu? Eu gostaria de estar de férias também'”‘, e isso não ajuda, pelo contrário.