De acordo com o mais recente relatório do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o Brasil ocupa a 56a posição em uma lista de 65 países quando se trata de educação empreendedora.
Isso significa, na prática, que a maioria dos jovens não aprende sobre empreendedorismo – incluindo habilidades de negócio e as oportunidades profissionais que ele pode trazer – na época escolar.
E nem tem acesso fácil a essas informações depois: segundo o GEM, o Brasil está em 52º lugar em educação empreendedora após a escola. Os Países Baixos ocupam a primeira posição em ambos os rankings.
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Quase 50% dos especialistas em empreendedorismo entrevistados listaram educação e capacitação como uma recomendação para melhorar as condições de empreender no país. Enfrentar barreiras a entrada e investimento em programas governamentais, principalmente aqueles que tratam de financiamento e apoio financeiro, também são ações fundamentais para mudar o cenário brasileiro.
“A pesquisa do GEM confirmou uma relação positiva entre treinamento para começar um negócio e comportamento empreendedor, algo que não é sempre visível no curto prazo”, escrevem os autores.
“Treinamentos práticos e interativos de negócios e empreendedorismo no ensino médio são um fator importante para encorajar o empreendedorismo jovem eficaz”, continuam.
“As escolas também precisam promover ativamente o empreendedorismo como trilha profissional – e convidar jovens empreendedores de sucesso para participar de programas educacionais é um jeito de apresentar jovens a modelos positivos.”
Outras sugestões do relatório incluem oferecer estágios para jovens interessados em empreendedorismo, reformar leis para tornar mais fácil a abertura de novos negócios, criar uma rede de mentoria que conecte jovens e empreendedores de sucesso e tornar incubadoras e aceleradoras mais acessíveis para empreendedores em potencial.
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O sonho de ter o próprio negócio
Atitudes deste tipo poderiam ajudar muitos brasileiros a terem o próprio negócio, algo que, segundo outra pesquisa da GEM (disponível em português), é o quarto maior sonho dos cidadãos do país, atrás apenas de viajar pelo Brasil, comprar a casa própria ou um automóvel.
A quantidade de brasileiros que empreende, seja por oportunidade ou necessidade, já é significativa: entre 2015 e 2016, 31% tinham o próprio negócio ou tomaram uma atitude para serem donos de suas próprias empresas.
Outro dado interessante, que destaca a veia empreendedora do país, é que 57,6% dos entrevistados afirmam que o medo do fracasso não os impediria de começar um novo negócio.
É uma atitude que será cada vez mais importante conforme as mudanças no mercado de trabalho tomam forma e aceleram seu ritmo.
De acordo com o GEM, o empreendedorismo cresce em importância desde a crise financeira global de 2008, que mostrou que as pessoas não podem mais depender apenas da oferta de emprego de governos e grandes empresas.
“O empreendedorismo é visto agora como principal condutor do crescimento econômico sustentável. Enquanto um ambiente global de transformação apresenta desafios de várias naturezas e escalas, está claro que também apresenta oportunidades – em particular, para empreendedores inovadores e dinâmicos.”
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Uma geração voltada para a ação
O Empreendescola, que surgiu no Liderança Na Prática 32h, um curso de formação de lideranças da Fundação Estudar, busca transformar um pedaço desse panorama.
Trata-se de uma escola itinerante que oferece formação empreendedora gratuita para jovens em condição de vulnerabilidade social em cidades brasileiras. Até hoje, já formaram 17 turmas e impactaram cerca de 300 jovens.
A ideia não é que todos saiam dali com um plano de negócios ou uma empresa, mas também ensinar uma mentalidade mais proativa, voltada para a resolução de problemas e para a ação, características essenciais para um empreendedor.
“Eu diria que empreender é um misto de coragem, competência e falta de medo”, resume o cofundador Wellington Santos Silva. “Dia após dia, é preciso provar que você é 200% melhor em níveis de conhecimento que muitas vezes nem imaginava serem necessários.”