Que o mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) está super aquecido, você já sabia. A novidade é a pesquisa que quantifica a falta de diversidade do setor de TI no Brasil, tanto em termos raciais quanto de gênero e PCD.
É o que revela o primeiro Censo de Diversidade da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais), que mapeia o perfil dos profissionais atuantes nas empresas do setor.
Com mais de 20.000 respondentes entre abril e outubro de 2024, a pesquisa traz dados inéditos e detalhados sobre inclusão racial, de gênero, LGBTQIAP+ e de pessoas com deficiência (PCDs), trazendo à tona os desafios e avanços no ambiente corporativo tecnológico.
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Medindo a diversidade no setor de TI do Brasil: predominância de homens brancos na liderança
Segundo o levantamento, a presença de homens brancos em posições de liderança ainda é majoritária. Nos cargos de diretoria, gerência e coordenadoria:
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69% dos homens se identificam como brancos
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Apenas 24,5% como pretos
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E 4,9% como pardos
Entre as mulheres, a diferença também é significativa:
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72,7% das mulheres em cargos de liderança são brancas
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Enquanto 16,3% são mulheres pretas
Esses números reforçam a baixa representatividade racial e de gênero nas posições mais estratégicas do setor.
Participação feminina: avanços lentos, mas consistentes
O recorte de gênero aponta que 34,2% dos profissionais do setor TIC são mulheres. A presença feminina em cargos de liderança também registra 34,1%, segundo o mesmo levantamento.
De acordo com o Relatório de Diversidade do Setor de TIC da Brasscom, houve um pequeno avanço na participação feminina nos últimos anos:
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Crescimento de 1 ponto percentual nas contratações entre 2019 e 2024
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Aumento de 1,6 p.p. de mulheres em cargos de liderança no mesmo período
Apesar do progresso, os dados ainda evidenciam uma sub-representação feminina, especialmente entre mulheres negras.
Diversidade LGBTQIAP+ e presença de PCDs
Outro dado relevante é a presença de profissionais LGBTQIAP+, que correspondem a 10,9% da força de trabalho do setor. Destes, 57,5% afirmam que o ambiente corporativo é inclusivo, o que demonstra um esforço crescente das empresas na construção de espaços acolhedores.
Já em relação às pessoas com deficiência (PCDs), o cenário é mais preocupante: apenas 3,7% da força de trabalho é composta por PCDs. A maioria atua em funções operacionais, como assistentes, auxiliares e analistas.
As deficiências mais comuns são:
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Física (44,2%)
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Visual (25,8%)
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Formação e perfil etário dos profissionais
O setor de tecnologia brasileiro se mostra predominantemente jovem:
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35,9% dos profissionais têm entre 26 e 35 anos
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A faixa de 18 a 25 anos é composta, em sua maioria, por pessoas com ensino fundamental, médio ou técnico (55,3%)
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Já 49,1% dos respondentes possuem pós-graduação, mestrado ou doutorado, o que indica um setor altamente qualificado
Censo de Diversidade da Brasscom
Em resumo, o Censo de Diversidade da Brasscom traça um panorama abrangente do setor de tecnologia brasileiro, evidenciando tanto os avanços quanto os desafios persistentes. A predominância de homens brancos em cargos de liderança segue sendo uma realidade, ao passo que a participação de mulheres, pessoas negras, LGBTQIAP+ e PCDs ainda é limitada, embora venha crescendo gradualmente.
O levantamento também mostra um setor jovem e altamente qualificado, com sinais positivos de transformação. No entanto, os dados indicam que ainda há um longo caminho a ser percorrido para garantir ambientes corporativos mais diversos, inclusivos e representativos no setor de TIC.