Há quase catorze anos como vice-presidente jurídico corporativo do Grupo Abril, Arnaldo Tibyriçá se formou em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 1983.
Durante a faculdade, ele optou por iniciar sua carreira em um escritório de advocacia na cidade. Foi o começo de sua experiência com os dois lados da moeda no setor privado, que dividem tantos jovens advogados: é melhor trabalhar em um escritório ou em uma grande empresa?
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No primeiro, resume, o advogado é o protagonista em um time de advogados. No segundo, é um ator coadjuvante importante numa equipe diversa em que o propósito é impulsionar o negócio.
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Em entrevista ao Na Prática, ele lembrou do momento em que tomou a decisão de seguir carreira corporativa. Os colegas decidiram comemorar, ironicamente, os dez anos de um processo de importação que não andava, com direito a bolo e visita ao cartório onde o processo corria. “Foi um tumulto, ainda estávamos no regime militar”, ri.
A lentidão burocrática decisão lhe deu o ímpeto necessário para investir no mundo dos negócios, que o atraiu pela velocidade dos acontecimentos. Passou então pelos departamentos jurídicos do Grupo Itaú Unibanco, da antiga BCP Telecomunicações e da C&A antes de se juntar à equipe da Abril.
Dos três anos que passou em escritório, porém, não se arrepende. “Todos os estudantes de Direito que optarem pela carreira privada devem ter alguma experiência em escritório”, falou. “São eles que lidam com o poder judiciário diretamente.”
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Nesse ambiente, o jovem aprende a trabalhar com processos civis, trabalhistas, tributários, “todos que aparecem”, angariando cada vez mais conhecimento e experiências.
Para quem prefere acompanhar um projeto – uma aquisição ou criação de um produto novo, por exemplo – do começo ao fim e conhecer suas consequências, falou, o trabalho de escritório pode ser um pouco frustrante, já que o envolvimento termina mais cedo.
Quem trabalhar dentro da empresa consegue participar de o processo contínuo, entender o que funcionou e o que precisa mudar, de uma maneira contínua. “Tenho visto muita gente indo para empresa justamente por ficar frustrado em não ver o que aconteceu no dia seguinte”, contou.
Para tomar a decisão da maneira mais adequada possível, Tibyriçá aconselha que os jovens busquem advogados experientes e apaixonados dos dois lados, que podem falar com entusiasmo do que há de bom em cada caminho. “Não dá para adivinhar o que você vai encontrar por conta própria”, resume.
No fim, como em todas as decisões relacionadas à carreira, é o autoconhecimento ocupa o papel central.
Como escritórios e empresas tem fins e estilos de trabalho diferentes para seus advogados, é preciso entender o que combina melhor com você. “São movimentos que atraem mais algumas pessoas e menos outras”, concluiu o advogado.